Taça das Favelas inicia 10º ano com clubes de olho e em busca de revelações
Após duas temporadas sem atividades devido à pandemia de coronavírus, a Taça das Favelas retorna e inicia a edição de dez anos neste sábado (30), com o pontapé no Rio de Janeiro e em São Paulo. A competição, que acontece em diversos Estados e reúne comunidades Brasil afora, também tem revelado nomes que, posteriormente, ganham espaço em clubes e brilham nos gramados, tanto no masculino quanto no feminino.
O filho mais famoso, talvez, seja Patrick de Paula, reforço mais caro da história do Botafogo. Natural do Rio de Janeiro, ele foi para a base do Palmeiras após se destacar na Taça das Favelas, quando atuou pelo Complexo Santa Margarida (zona oeste do Rio). Ao retorno ao Estado natal, lembrou a participação no torneio e se mostrou orgulhoso pela trajetória.
"Quando vejo o Patrick da Taça das Favelas, tenho orgulho de mim. Sei o que passei com minha família e minha filha. Sempre que vejo ou penso, posso falar que estou vencendo as dificuldades e os processos. É uma alegria falar que estou aqui novamente. Eu, que há dois, três anos, jogava na várzea, poder jogar em um grande clube é motivo de muita alegria. É uma emoção. Sei da responsabilidade que é ser a maior contratação da história do clube. Mas minha cabeça está tranquila e tenho que fazer o que sei. Estou no Rio, no quintal de casa. É desfrutar e jogar alegre, mas com responsabilidade", disse o volante botafoguense, em coletiva de apresentação.
Na edição mais recente, em 2019, Ronald Barcelos, que atuou pelo Gogó da Ema, de Belford Roxo, foi eleito o melhor do torneio e chamou a atenção dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro, aceitando o convite para integrar a base do Flamengo, ainda à beira do gramado. Atualmente, ele está no sub-20 do Grêmio.
Outro nome conhecido dos cariocas é o do atacante Matheus Alessandro, que se profissionalizou no Fluminense. Ele, que jogou a edição de 2012 pela Vila Vintém, teve passagens por clubes como Fortaleza, Boavista-RJ, Alashkert FC, da Armênia, Ponte Preta e, atualmente, está no Volta Redonda.
O meia Allan Victor, que foi vice-campeão da Taça das Favelas Rio 2016, pelo Muquiço, já jogou pelo Moraña CF, quando o clube da região da Galícia estava na quarta divisão do Espanhol. O meia-atacante Samuel Wanderley, que jogou as edições de 2016, 2017 e 2018, já esteve no Vitória, e o zagueiro Dante, que atuou em 2012, já defendeu o Macaé.
Histórias como essa são ainda mais comuns no futebol feminino. A zagueira Roberta e a lateral esquerda Fernanda são exemplos. Hoje no Fluminense, elas defenderam o Corte Oito, de Duque de Caxias, na Taça das Favelas.
"A Taça das Favelas foi uma das primeiras competições que eu participei. É um torneio muito importante para jovens de comunidades e através dessa competição, portas se abrem, clubes se interessam e assim temos a oportunidade de evoluir profissionalmente. Assim como aconteceu comigo, outras atletas também tiveram a mesma oportunidade, e hoje representam grandes clubes", disse Roberta.
"A Taça das Favelas, para quem não conhece, tem uma importância muito grande, não só porque se trata de futebol, mas porque podemos enxergá-la de várias maneiras. Muitas oportunidades de crescer profissionalmente podem surgir, eu sou um exemplo. Participei de três edições, e, inclusive, já teve transmissão no SporTV. Tive muita visibilidade por conta disso, e o privilégio de ser contratada pelo Fluminense, conseguindo disputar campeonatos nacionais e regionais. Tenho orgulho de ter iniciado a minha trajetória no futebol da Taça das Favelas", completou Fernanda.
Além da dupla, Karol Mineira, que defendeu o Complexo da Casa Verde (zona norte de São Paulo), está no América-MG. Outras atletas que vestiram a camisa do Corte Oito foram Caroline e Larissa Araújo, zagueiras do Vasco, Milena, do Corinthians, Flávia, do Atlético-MG e a goleira Marcela, que teve passagem pelo sub-20 do Flamengo.
Elaine Caccavo, diretora de produção da Central Única das Favelas (CUFA) não esconde a satisfação com as páginas escritas por esses atletas, mas ressalta que o objetivo da Taça das Favelas é "contribuir com a formação grandes cidadãos para a vida".
"Ficamos muito felizes quando um jogador da Taça das Favelas vai para um grande clube. É a coroação de um grande trabalho. Trabalho este, cujo principal objetivo não é revelar atletas para o futebol, mas sim contribuir com a formação grandes cidadãos para a vida, transformando e impactando a realidade desses quase 100 mil jovens, que se envolvem anualmente no nosso projeto. Se dessa trajetória surgir um Patrick de Paula ou um Ronald, melhor ainda", explicou, ao UOL Esporte.
Engana-se quem imagina que apenas os atletas conseguem atingir os clubes ou federações. O técnico Luciano Mattos, que em 2018 foi campeão nas categorias masculina e feminina, pela Caixa D'Água de Padre Miguel, chegou a assumir o sub-14 do America-RJ, enquanto o árbitro Diego Lourenço, o "Dançarino", que esteve em todas as edições da Taça das Favelas, apitou partidas no Campeonato Carioca, incluindo um clássico entre Fluminense e Vasco.
Novidade
A grande novidade deste ano será a Taça das Favelas Brasil, o "Favelão 2022", com as seleções de cada edição estadual, escolhida pelos técnicos campeões. A primeira edição nacional será em São Paulo, entre os meses de outubro e novembro.
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