Cria de Cotia, Ademilson quer voltar ao SPFC e recorda isolamento por covid
No futebol asiático há sete anos, uma cria de Cotia planeja voltar ao São Paulo e reencontrar Rogério Ceni, com quem atuou ainda nos tempos do Mito como goleiro. Atualmente com 28 anos, o atacante Ademilson defende o Wuhan Three Towns. No clube chinês, aliás, enfrentou o perrengue de ficar dias isolado sem nenhuma comunicação por causa da pandemia de covid-19.
"É um time que gostaria de jogar, pela história e por ter vivido tanto tempo na instituição. A instituição me deu grandes oportunidades profissionalmente e pessoalmente, é um clube pelo qual tenha muita gratidão. Se eu tiver a chance de voltar e se for para o São Paulo, ficaria muito feliz. É claro que eu sei que não é só querer, tem todo um processo", disse o jogador em entrevista ao UOL Esporte.
Ademilson começou na base tricolor em 2005, mas só em 2012 estreou como profissional. Ele faz parte da geração que também revelou Lucas Moura, atualmente no Tottenham e que recentemente também flertou com uma possível volta ao Morumbi.
"Foi muito bom [o período no São Paulo], para a minha educação também, porque é uma instituição que cobra isso. O que me ajudou como ser humano e como profissional também. Sou muito grato e foi muito bom viver ali", comentou o atacante, que foi destaque das seleções sub-17 e sub-20.
Apesar do início promissor, quando chegou a fazer um gol fundamental diante do Atlético-MG, que garantiu a classificação tricolor ao mata-mata da Libertadores, Ademilson acabou emprestado ao Gamba Osaka, em fevereiro de 2015. Foi então que teve início a trajetória do atacante pelo futebol asiático.
Em outubro de 2016, o time japonês comprou 60% dos direitos econômicos do atleta por US$ 3 milhões (R$ 9,6 mi à época). Mas a passagem de cinco anos pelo Gamba Osaka se encerrou em dezembro de 2020, quando a diretoria do clube nipônico decidiu rescindir o contrato pelo fato do jogador ter dirigido embriagado e provocado um acidente de trânsito.
Isolamento na China
Ademilson teve, então, que mudar de ares e se transferiu para o Wuhan Three Towns. Logo ao chegar à China, antes mesmo de ter a chance de começar a entender a dinâmica de seu novo clube, o atacante precisou lidar com 14 dias de quarentena rigorosa, no início de 2021, devido a pandemia da covid-19.
"Cheguei ao aeroporto e estava tudo vazio. Tinha um voo a cada não sei quanto tempo, e precisei mostrar um monte de códigos, responder formulário e tal com a ajuda dos tradutores. Depois, fui levado ao hotel do governo e de lá não era possível sair mais", recordou.
Isolado no quarto do hotel, Ademilson ficou alguns dias sem comunicação com o mundo externo. Sem acesso ao wi-fi, ficou impossível a troca de mensagens com os familiares.
"Eu saí do quarto, e ficava um guarda no corredor para garantir que ninguém saísse. Só que esse cara estava cochilando ou olhando a TV, não sei. Eu estava vindo de trás. Dei uma assoviada, de longe. 'Preciso conseguir esse wi-fi aí'. Já eram 2h, 3h e ele nada. Aí, fui lá cutucá-lo."
Embora estivesse todo paramentado, o segurança chinês olhou com bastante seriedade para Ademilson, que disparou correndo de volta para o quarto. "Eu saí correndo, pô! Dei um pique e me tranquei no quarto. 'Não tô nem aí mais para esse wi-fi'. [...] Fiquei desesperado. 'nossa, esse cara vai entrar, vai me mandar para outro hotel'".
Após o momento de confusão e adrenalina, finalmente, jogador e segurança se entenderam. Ademilson pode então se conectar e conversar com familiares. Ele recebeu a senha do wi-fi em um papel, passado por debaixo da porta. Ainda assim, enfrentar o isolamento não foi tarefa fácil. "Não fazia ideia que a quarentena era tão dura".
No final do período de isolamento, ainda levou um tempo para compreender o cenário chinês diante da pandemia. "Na rua, depois, fui percebendo que tinha o distanciamento. No elevador, eu entrava e o pessoal saía", recordou o centroavante, que ainda teve de enfrentar novo isolamento social de 28 dias, no início de 2022, ao retornar à China após o período de férias.
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