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Brasileirão - 2022

Brasileiro dá tom de disparidade no Palmeiras x Atlético-MG da Libertadores

Gustavo Scarpa e López celebram gol do Palmeiras sobre o Ceará, na Arena Castelão, pelo Campeonato Brasileiro - Cesar Greco / Palmeiras
Gustavo Scarpa e López celebram gol do Palmeiras sobre o Ceará, na Arena Castelão, pelo Campeonato Brasileiro Imagem: Cesar Greco / Palmeiras

Do UOL, no Rio de Janeiro

01/08/2022 04h00

Palmeiras e Atlético-MG chegaram ao jogo de ida da semifinal da Libertadores 2021 separados por sete pontos no Brasileirão daquele ano. O Galo já era líder, enquanto o Verdão estava em segundo. A tônica do equilíbrio dada pela tabela da Série A se comprovou com jogos tensos e parelhos no mata-mata do torneio continental. Foram dois empates, e o Palmeiras só passou por causa do gol fora. Agora, às vésperas do reencontro na Libertadores, só que pelas quartas de final, os sinais vindos do Brasileirão indicam uma disparidade entre os dois times.

O Palmeiras é o líder e, mesmo sem ser brilhante, tem conseguido os resultados necessários para criar a "gordurinha" em relação aos perseguidores —o mais próximo continua sendo o Corinthians, quatro pontos atrás. O Atlético-MG, no entanto, caiu para sétimo após os resultados da 20ª rodada e está com 10 pontos a menos do que os palmeirenses.

Mais do que os números frios, o desempenho em campo e o momento dos dois times no torneio nacional pode indicar que a balança no cruzamento da Libertadores pesa a favor do Palmeiras —embora competições mata-mata sejam o palco ideal para desconstruir análises baseadas nos pontos corridos. O primeiro jogo é quarta-feira, no Mineirão.

Apesar de se dizer preocupado com a arbitragem da Série A, o Palmeiras de Abel Ferreira é quem menos perdeu no Brasileirão (dois jogos) e vem de uma sequência de quatro vitórias. A mais recente foi diante do Ceará, fora de casa e com sufoco no fim. Além disso, o time já teve uma lição no mata-mata da Copa do Brasil deste ano, ao ser eliminado pelo São Paulo —e, sim, com erro de arbitragem admitido pela CBF no lance capital que levou o confronto para a disputa de pênaltis.

Na construção do jogo, Gustavo Scarpa assumiu protagonismo em um período meio apagado de Raphael Veiga. O time também está em processo de adaptação à chegada dos novos atacantes, López e Merentiel. Ambos estão inscritos na Libertadores e o primeiro fez um dos gols diante do Ceará.

O Atlético-MG, por sua vez, trocou de treinador na rodada passada. Na reestreia de Cuca, ontem (31), uma derrota que chamou atenção: levou 3 a 0 do Internacional, sofrendo todos os gols ainda no primeiro tempo. A indicação é que os efeitos do trabalho pouco brilhante de Turco Mohamed ainda rondam o Galo.

Além disso, Hulk, o principal jogador do time, não está na melhor fase. O atacante não fez gol nos últimos cinco jogos dos quais participou. No Brasileirão, o zagueiro Gustavo Gómez, do Palmeiras, tem os mesmos sete gols do que o herói atleticano. Rony é outro do time de Abel que atingiu esse número.

O Atlético-MG também já está fora da Copa do Brasil, vê a chance de título brasileiro se distanciar ainda na virada do primeiro para o segundo turno e tem na Libertadores a possibilidade de compensar frustrações nas competições nacionais. Para dificultar, o lateral-esquerdo Guilherme Arana saiu do jogo no Beira-Rio com problema muscular e virou mais uma dor de cabeça.

Cuca, técnico do Atlético-MG, contra o Internacional pelo Brasileirão - RICARDO RIMOLI/UAI FOTO/ESTADÃO CONTEÚDO - RICARDO RIMOLI/UAI FOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Cuca, técnico do Atlético-MG, contra o Internacional pelo Brasileirão
Imagem: RICARDO RIMOLI/UAI FOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

É recomeçar um trabalho que a gente sabia que ia ter. Então está no preço. Eu sei como fazer, de que forma fazer. As coisas vão melhorar. Você tem a oportunidade daqui dois dias de apagar uma derrota, um resultado ruim. Essa é a grande vantagem, num grande jogo."
Cuca, técnico do Atlético-MG

A questão se o pouco tempo até o confronto será suficiente para que o Galo ressuscite a memória de jogo do ano passado, sob o comando do mesmo Cuca, considerando a complexidade de brigar frente a frente com um Palmeiras treinado por um amadurecido Abel.

O que dizer de Corinthians e Flamengo?

Outro confronto brasileiro das quartas de final da Libertadores é entre o Corinthians, vice-líder do Brasileirão, e o Flamengo, que está em quinto. Neste caso, apontar favoritismo para quem está na frente pode ser uma armadilha.

Na rodada do fim de semana, ambos pouparam jogadores. O Corinthians derrotou o Botafogo por 1 a 0, enquanto o Flamengo goleou o Atlético-GO por 4 a 1. O indicativo que dá para tirar disso é que Dorival Júnior tem no Rubro-Negro um leque de alternativas maior à disposição do que Vitor Pereira. O Fla começa a dar ritmo a jogadores do porte de Vidal e vê jovens como Victor Hugo mostrando serviço. No Corinthians, o cobertor é mais curto e menos badalado, em que pese a leva de jogadores que chegaram na última janela, como Balbuena e Yuri Alberto.

As reclamações da rodada

A reunião entre clubes e comissão de arbitragem da CBF, há uma semana, não serviu de antídoto contra as reclamações direcionadas aos árbitros do Brasileirão. Nesta rodada, mais uma leva de críticas a decisões, de fato, questionáveis da turma do apito.

O Palmeiras reclamou do pênalti marcado a favor do Ceará, entendendo que não houve falta na disputa entre Danilo e Vina. Anderson Daronco marcou no campo e a cabine do VAR checou e referendou a decisão. Já o Ceará reclamou de um pênalti não marcado contra o Palmeiras, após um empurrão de Gustavo Gómez em Mendoza. Daronco interpretou que "não tem movimento de braço". O árbitro de vídeo Rodrigo Nunes de Sá concordou: "Ok, lance checado. Disputa normal".

Disse que gostaria que esse campeonato fosse decidido dentro das quatro linhas por duas equipes, mas começo a ficar com algumas dúvidas"
Abel Ferreira, técnico do Palmeiras

Ainda no sábado, por mais que o Flamengo tenha vencido por 4 a 1, houve críticas pela confirmação do gol do Atlético-GO, embora o VAR tenha acionado o árbitro de campo, Caio Max Vieira, para marcar uma falta na origem da jogada. No mesmo jogo, o time goiano contestou o pênalti em Marinho, que gerou o terceiro gol do Fla e também foi confirmado após checagem no monitor.

Rodrigo Dunshee de Abranches, vice-presidente do Flamengo, foi às redes sociais reclamar, repetindo o que já fizera Adson Batista, presidente do Atlético-GO. Vale lembrar que hoje (1) começa a intertemporada da arbitragem nacional, que reunirá 95 árbitros, segundo a CBF. Eles farão atividades teóricas e práticas no Rio de Janeiro.

Mais uma denúncia de racismo na arquibancada

A Arena da Baixada, em Curitiba, foi palco de mais duas denúncias de racismo vindas da arquibancada no futebol brasileiro. Segundo o São Paulo, um funcionário do clube foi alvo de ataques racistas após o pênalti defendido pelo goleiro Felipe Alves na partida contra o Athletico. Posteriormente, imagens de uma torcedora do time da casa imitando macaco em direção à torcida são-paulina foram divulgadas nas redes sociais.

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) já tem lidado com alguns casos neste ano. O próprio São Paulo teve um torcedor que imitou macaco durante o jogo contra o Fluminense, no Morumbi. Semana passada, o tribunal, por exemplo, tirou um mando de campo do Atlético-GO porque um torcedor chamou o volante Fellipe Bastos, do Goiás, de "macaco".