Torcedor do Vasco na infância, Paulo Victor realiza 'sonho da família'
Paulo Victor foi anunciado como reforço do Vasco, no último sábado (30), mas a relação com o clube vem de longa data e tem laços bem estreitos. De família cruz-maltino, o lateral esquerdo frequentou a arquibancada de São Januário como torcedor e não pensou duas vezes quando surgiu a oportunidade de vestir a cruz de malta, agora como integrante do elenco.
PV, como é conhecido, nasceu em Bocaiúva, Minas Gerais, mas, com pais cariocas, foi criado no Rio de Janeiro. Ele iniciou nas categorias de base do Nova Iguaçu e foi revelado pelo Botafogo, clube que chegou ainda para o sub-20. O lateral desembarcou na Colina por empréstimo junto ao Internacional até 31 de julho de 2023, com opção de compra.
Nesta nova fase da carreira, Paulo Victor se torna companheiro de Alex Teixeira, cria do Vasco que voltou nesta temporada e fez a estreia no último domingo, contra a Chapecoense. Em 2009, o então jovem torcedor estava no Maracanã quando o atual camisa 7 balançou a rede contra o América-RN e garantiu o título daquela Série B ao Cruz-Maltino.
"Em 2009, no acesso do Vasco, o Alex Teixeira fez o gol do título e nos impactou muito porque estávamos no estádio neste dia. Acompanhamos muitos jogos daquela campanha presentes. Paulo Victor acompanhou aquele gol do Alex Teixeira e, hoje, vai poder jogar ao lado", disse Seu Carlos Alberto, ao UOL Esporte.
A proposta do Vasco acabou tendo um "peso dois". Além do clube de coração, Paulo Victor também estava em busca de mais oportunidades para atuar. Ele foi para o Internacional no meio do ano passado, mas, em 2022, foi acionado apenas no decorrer do Campeonato Gaúcho.
"Foi um presente de Deus. O Paulo não estava tendo muito espaço no Internacional, e quando surgiu essa oportunidade, não pensamos duas vezes. É um sonho da família, do meu pai [Manoel], que me ensinou a ser vascaíno e hoje está no céu. Quando dei a notícia, Paulo Victor estava dormindo. Perguntei: 'Quer jogar no Vasco?', e ele me olhou e arregalou os olhos com a maior felicidade. Minha esposa já com lágrimas [Deise] nos olhos. Mandei a mensagem para o irmão [Pedro] dele, que é o mais vascaíno de todos, muito fanático. Ele estava na faculdade e nem acreditou. A negociação foi bem rápida e foi tudo resolvido.”
Como muitos cruz-maltinos, PV teve como referência na lateral esquerda Felipe, que cresceu na base do Cruz-Maltino e se tornou um dos maiores vencedores da história do clube. Entre 1997 e 2000, conquistou dois Brasileiros, Libertadores, Mercosul, Rio-São Paulo e Carioca. Em 2011, já como meia, o "Maestro" foi um dos destaques no título da Copa do Brasil.
"Na época em que ele frequentava São Januário, Maracanã e tudo mais, foi na época da Série B, depois Copa do Brasil... Então, ali sentia que, por ele já estar começando em escolinha e jogar de lateral-esquerdo, gostava muito do Felipe. Nesta época, o Felipe já não atuar mais como lateral, mas eu falava para ele que a maior referência na lateral esquerda do Vasco, na história recente, era Felipe. Falava sempre e, às vezes, mostrava vídeo. Mostrei vídeo da final do Mundial de Clubes, em que o Felipe foi muito bem. A referência que ele tem, apesar de gostar bastante do Edmundo, é o Felipe", lembra o pai do jogador.
Edmundo, inclusive, se tornou protagonista de uma das histórias que Carlos Alberto lembra com carinho. Em março de 2012, o Animal teve um jogo de despedida em São Januário, contra o Barcelona de Guayaquil, do Equador, que foi adversário do Vasco na final da Libertadores de 1998. A partida contou com Felipe e Juninho em campo, e alguns outros grandes nomes participaram do evento.
"Temos várias histórias, mas uma que eu me lembro e que foi até um pouco de loucura foi a do jogo de despedida do Edmundo. Eu queria mostrar aos meus filhos quem era aquele ídolo do Vasco. O maior ídolo é o Roberto Dinamite, mas para os mais jovens, tem Edmundo, Juninho, Pedrinho... Nós morávamos em Magé [município da Baixada Fluminense] e o tempo estava feio, para chover. Fomos nós quatro com medo [de chover]", recordou.
"Chegamos a São Januário e não tinha ingresso, só para o Setor Premium, que era um setor que tinha sido lançado há pouco tempo. Compramos esse ingresso e eles viram aquela festa e a reverência da torcida do Vasco, aqueles ídolos jogaram com ele naquele dia. Foi um momento marcante. Cada vez que levava eles a São Januário e Maracanã era essa alegria, e eles foram se identificando", completou.
Vale lembrar que, apesar do adversário neste amistoso, Edmundo não esteve na campanha da Libertadores. Ele havia sido negociado junto à Fiorentina, da Itália, após o título do Brasileiro de 97.
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