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Corinthians ainda negocia dívida de Jô com Nagoya sob risco de transfer ban

Jô deixou o Corinthians há dois meses após caso de indisciplina, mas ainda tem valores a receber do clube - RODRIGO ZIEBELL/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Jô deixou o Corinthians há dois meses após caso de indisciplina, mas ainda tem valores a receber do clube Imagem: RODRIGO ZIEBELL/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

03/08/2022 14h41

O Corinthians ainda negocia com o Nagoya Grampus, do Japão, para evitar que a dívida referente à contratação de Jô vire um impedimento para novas contratações. O Alvinegro e o jogador foram condenado pela Fifa a pagar 2,6 milhões de dólares, e o prazo já até terminou, mas os clubes conversam para uma resolução amigável.

Na cotação atual, a dívida representa R$ 13,7 milhões. No entendimento da Fifa, Jô abandonou o clube japonês de forma unilateral em 2020, e o Corinthians entra na ação como clube solidário por tê-lo contratado meses depois. —uma espécie de fiador. O atacante já até deixou o Alvinegro, mas ambos seguem amarrados nesta obrigação jurídica.

O UOL Esporte apurou que o presidente Duílio Monteiro Alves trata pessoalmente com os japoneses para tentar encontrar alternativas e não precisar pagar o valor inteiro de uma só vez. O Nagoya Grampus tem a decisão da Fifa a seu favor, mas mesmo um transfer ban seria negativo para o clube asiático, porque, aí sim, perderia a perspectiva de receber a dívida no curto ou médio prazo.

Na prática, é Jô quem precisa pagar o Nagoya, mas o Corinthians não pode lavar as mãos porque pode acabar punido se o pagamento não acontecer. Neste nó jurídico ainda há uma dívida de cerca de R$ 10 milhões do Alvinegro com o atacante, por isso todas as partes estão envolvidas nas conversas.

"O regulamento da Fifa diz que há solidariedade financeira e esportiva quando um clube contrata um jogador que vem de rescisão unilateral. A esportiva é subjetiva: se a punição da Fifa ao Jô fosse impedindo-o de jogar, o Corinthians poderia recorrer. Mas a solidariedade financeira é objetiva: como o Jô foi condenado por causa da rescisão, o Corinthians obrigatoriamente é solidário a pagar", explica Rafael Botelho, advogado especializado em direito esportivo.

A condenação na Fifa aconteceu em fevereiro. Corinthians e Jô recorreram ao Tribunal Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), na Suíça, mas a corte suprema do esporte confirmou o ganho de causa ao Nagoya Grampus em 17 de junho. O prazo de pagamento era de 45 dias, ou seja, até a última segunda-feira (1º), e desde ontem (2) o Alvinegro corre risco de transfer ban se os japoneses não se contentarem com as conversas atuais.

"Se o Nagoya achar que o Corinthians não vai pagar, basta mandar um e-mail para a Fifa. Entre 24h e 48h a Fifa manda outro e-mail para CBF e Corinthians avisando que o clube está punido. É imediato e são três janelas de suspensão, então só poderia voltar a contratar algum jogador em janeiro de 2024", explica o advogado Rafael Botelho, que não trabalha nesta ação específica, mas tem experiência em casos do tipo na Fifa.

O Corinthians anunciou a saída de Jô em 9 de junho, mas oficialmente o atacante ainda tem contrato com o clube. A rescisão nunca foi publicada no Boletim Informativo Diário (BID), em parte por causa deste imbróglio com o Nagoya Grampus, em parte pela dívida que o Alvinegro tem com o próprio atleta.

"O que ficou para trás já está acordado e tem que ser pago, mas abri mão do que teria para frente, no caso os 18 meses de salário", confirmou Jô na época de sua saída. Ele segue sem clube e já recusou ao menos duas propostas.

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