México é passo acidental na carreira, mas Dani não vai sumir da seleção
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Daniel Alves já entrou em campo duas vezes com a camisa do Pumas pelo Apertura, o primeiro turno do Campeonato Mexicano. Ele jogou o tempo inteiro nas duas partidas e, além da boa forma física aos 39 anos, ganhou elogios pela parte técnica. O próximo desafio já é no domingo (7). Curiosamente, num torneio amistoso contra o Barcelona, de onde acaba de sair a contragosto.
É com foco justamente em aspectos de campo e na preparação para se manter em alto nível que o lateral direito lida com o fracasso daquilo que via como o "cenário perfeito" até a Copa do Mundo. O plano era chegar ao Qatar não só como jogador do Barcelona, mas ativo nos campeonatos em disputa. Por isso, jogar no México é um passo acidental na carreira. Ele nega, diz que para quem critica sua decisão neste momento "só resta falar".
Lançado há pouco mais de um mês na plataforma de streaming Fifa+, o terceiro episódio da série "Dani Crazy Dream" mostra a contratação do lateral pelo Barça em novembro de 2021. Lá, Dani trata como relação direta a volta ao futebol espanhol e a Copa do Mundo.
"Nem diria que é o melhor cenário, é o cenário perfeito. Por uma razão: os grandes momentos que eu consegui na minha vida foram a maioria passados por aqui. Por ironia do destino estou querendo viver um sonho [Copa] e esse sonho volta a passar por aqui. É alucinante, uma injeção de adrenalina (...) minha ideia de futuro está muito bem clara (...)."
Não deu certo. O Barcelona desistiu do acordo até o fim de 2022 que estava encaminhado e deixou o lateral direito livre no mercado da bola a poucos meses do Mundial. O Pumas foi o destino escolhido, mas, segundo apurou o UOL Esporte, a corda foi esticada até o limite porque Daniel Alves esperava uma proposta da elite do Campeonato Inglês que não chegou.
Outros mercados periféricos também se interessaram pelo jogador, inclusive o brasileiro. O Athletico-PR fez oferta que acabou recusada. Um dos argumentos do jogador foi a marca negativa da passagem pelo São Paulo.
A escolha pelo Pumas foi baseada em alguns pilares. O primeiro deles é o fato de ser uma liga forte dos pontos de vista financeiro e competitivo, onde atuam jogadores conhecidos do futebol europeu, como Gignac, Lisandro López, Eduardo Salvio e Jonathan dos Santos.
Dani também conversou com amigos para ouvir impressões locais: André Jardine, seu treinador nas Olimpíadas de Tóquio e hoje técnico do Atlético de San Luis no país, e Tiago Volpi, ex-companheiro de São Paulo, foram duas das fontes consultadas.
Mas o que teve peso decisivo para o jogador assinar contrato no México até junho de 2023 foi uma espécie de "aval" de Tite. Dani quis entender melhor a opinião do técnico da seleção sobre esse passo na carreira e gostou do que ouviu, achou a conversa produtiva.
Como fica a vida na seleção?
Tite não gosta e nem acha certo dar aconselhamento profissional aos jogadores convocáveis, diz que eticamente existe um limite para isso. Para Dani, desejou luz e sucesso no caminho e disse que ele continuará tendo os passos acompanhado pela comissão técnica porque já fazia parte do radar. Isso mostra que a ida para o México — um país que jamais teve um atleta convocado para a seleção — só significa que ele não será esquecido.
Nos bastidores, os analistas e auxiliares de Tite já começam a se organizar para acompanhar os jogos do Campeonato Mexicano com a presença de Daniel Alves. Também já houve trocas de informações com a comissão técnica de André Jardine sobre o nível da competição. Segundo levantamento do UOL, Tite convocou jogadores de 11 ligas diferentes no ciclo para o Qatar, inclusive China, Rússia e Suíça. Seria o primeiro do México.
Em tom de brincadeira, Tite disse numa entrevista em junho ao podcast Podpah que o comprometimento com a questão física é o ponto mais crucial para que Dani se mantenha em evidência: "Ele tem que cuidar do aspecto físico, de força, para estar na plenitude da sua forma. Digo isso porque conversei com ele e o Fábio [Mahseredjian, preparador físico da seleção] e no final brinquei: 'Dani, tu não vai estar na Copa só por um motivo: se fisicamente não estiver nas condições e num campeonato disputando em nível alto'."
Para o técnico da seleção, a participação de Dani Alves no ciclo da Copa do Mundo do Qatar vai além do ponto de vista técnico. Tite acredita que a carreira vencedora do lateral direito inspira os outros jogadores, além do que considera uma visão otimista e desafiadora e do comportamento fora de campo. Já disse publicamente que ele mostra ser líder no dia a dia.
Não é à toa que o jogador do Pumas foi capitão em quatro dos cinco últimos jogos da seleção, mesmo com os outros capitães de Tite à disposição: Thiago Silva, Marquinhos e Casemiro. O treinador ainda não decidiu, mas há grandes chances de Daniel Alves se firmar como capitão nos jogos em que atuar, caso supere a concorrência de Danilo na lateral direita.
A titularidade na posição está aberta, porque os dois principais candidatos à convocação de outubro têm características diferentes. A tendência é que a definição de quem joga dependa do adversário. Danilo dá mais solidez defensiva, às vezes, ajuda na saída de três alinhados com os zagueiros, e mantém o time mais confortável para atacar, enquanto Dani joga numa faixa mais adiantada do gramado e articula jogadas de ataque vindo de trás, trocando passes e chegando até a área.
Outros jogadores acompanhados pela seleção na posição são Emerson Royal (Tottenham), Fagner (Corinthians) e Vanderson (Monaco), mas correm por fora. Com Daniel Alves, o futebol mexicano deve ter seu primeiro representante na seleção pentacampeã mundial.
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