Ex-namorada grávida acusa jogador do Palmeiras de agressão; ele nega
A estudante de medicina Ariatine Menice acusa seu ex-namorado, o jogador Michel Augusto, de 19 anos, atleta da base do Palmeiras, de agressão. A jovem de 23 anos está grávida de seis meses de um filho do zagueiro e afirma ter sido agredida cinco vezes desde maio deste ano.
O UOL teve acesso a um Boletim de Ocorrência, que indica a existência de um B.O. anterior, e a uma medida protetiva concedida à jovem contra o jogador. A defesa do atleta negou as agressões e alegou que a mulher destruiu o apartamento do zagueiro —ela nega as acusações.
Os representantes do zagueiro entraram com pedido de medida protetiva contra Ariatine e tramitação sob sigilo, mas não informaram se esse pedido foi aceito.
Segundo Ariatine, o namoro começou em maio de 2021. Os dois teriam passado a viver juntos no apartamento do jogador na Água Branca, zona oeste de São Paulo, em novembro. O advogado Welton Roberto, que respondeu pelo jogador, alega que a data em que o casal foi morar junto é março de 2022.
Essa é a data em que a mãe de Ariatine a expulsou de casa por um desentendimento que terminou em agressão mútua. A defesa encaminhou à reportagem um B.O. feito por Cláudia Xavier da Silva contra a filha. A estudante afirma que o conflito com a mãe aconteceu porque ela não aceitava seu relacionamento com o atleta.
Ariatine diz que a origem das agressões de Michel foi a gravidez. "Ele ficou feliz [inicialmente]. Após um mês, mudou totalmente e não aceitava mais [a gravidez]".
Segundo ela, o zagueiro era "descontrolado e abusivo". "Comecei a perceber isso após uns seis meses de relacionamento, mas a situação piorou depois que eu engravidei. Ele se tornou outra pessoa após não aceitar mais o fato de eu estar grávida".
A estudante relatou a primeira agressão no dia 22 de maio -quando fez o primeiro B.O. A segunda denuncia de agressão é do dia 4 de julho. Em ambos, afirma, foi realizado exame de corpo de delito. O UOL não teve acesso aos resultados.
"Sempre ficava toda marcada, com hematomas visíveis. Quase todas as vezes, [eu] ia para o hospital", relatou. "A última vez que conversamos foi no dia 28 de junho, na última discussão e agressão. Fui embora do apartamento no dia 3 de julho".
A medida protetiva solicitada por ela proíbe Michel de se aproximar a menos de 300 metros dela e de seus familiares.
Ariatine diz morar atualmente na casa de uma prima e que ela e a bebê estão bem. "Graças a Deus estamos bem. A Aylla [nome que pretende dar à filha] já é uma menina muito forte por passar tudo isso comigo. Não temos contato nenhum com o Michel, ele nunca nem usou um terceiro para perguntar se a filha está bem ou se precisa de algo, nunca ajudou em absolutamente nada. Não tenho nenhuma ajuda financeira, minha filha nem tem um hospital para nascer".
O advogado de Michel, Welton Roberto, diz que seu cliente "nunca se negou a levar Ariatine ao médico, inclusive a acompanhou em alguns exames de rotina e ultrassom".
No último domingo (31), Michel publicou uma nota no Instagram, negando as acusações. "Após o término, a minha ex-namorada não aceitou e começou um processo de me chantagear, pedindo dinheiro, compra de apartamento e outros itens de valor. Diante da minha negativa, ela começou a me ameaçar de diversas formas, inclusive de levar à imprensa notícias que não condizem com a realidade", escreveu.
"Sempre aceitei esta gravidez e vou tratar ela e minha filha da melhor forma possível. Não me furtarei das minhas responsabilidades de pai. Irei fornecer todo suporte financeiro, educação, presença, amor, carinho e todas as condições que forem necessárias a eles, sem nenhum tipo de problema".
Mensagens por aplicativo
Na nota, Michel questiona as tentativas da ex-namorada de contatá-lo após ter pedido uma medida protetiva contra ele. Ao UOL, Ariatine disse que mandou a mensagem porque "não tinha contato algum de advogado e muito menos uma resposta do empresário. A única forma [de contato] que eu tinha era com ele, minha advogada também tentou contato e não conseguíamos".
Após esse episódio, Michel pediu uma medida protetiva contra Ariatine. O UOL teve acesso ao pedido -não foi informado se esse pedido foi aceito. No documento, a defesa pede "sigilo absoluto" e "que a vítima não entre em contato por ela mesmo ou seus familiares e ou amigos".
"Não existem registros dessas agressões nem tampouco qualquer comprovação dessas fantasiosas lesões. Apenas acusações sem provas. Infelizmente, a Ariatine é uma pessoa que reage com violência a tudo. Infelizmente, ela está fazendo isso para conseguir alguma vantagem financeira", falou Welton Roberto.
De acordo com a solicitação de medida protetiva, o zagueiro e Ariatine terminaram o relacionamento em abril deste ano, mas ela continuou morando na residência por estar grávida. À reportagem, os representantes do zagueiro enviaram fotos e um vídeo para mostrar como a jovem teria deixado o apartamento ao ir embora.
A defesa afirma que Michel saiu do apartamento naquele dia, foi com seu empresário a uma delegacia registrar boletim de ocorrência contra Ariatine e não teria retornado ao imóvel, ficando na casa de um amigo "com objetivo de deixar o apartamento intacto".
O boletim de ocorrência, ao qual o UOL teve acesso, traz relato de Michel sobre danos no apartamento e indica que uma perícia foi realizada dois dias após a saída da ex-namorada. Não foi apresentado à reportagem o resultado dessa perícia.
Ariatine alega que tinha testemunhas de sua saída do apartamento sem depredações e apresentou áudios que seriam de uma subsíndica do condomínio que comprovariam sua versão.
Palmeiras monitora
Por meio de sua assessoria de comunicação, o Palmeiras se pronunciou sobre a situação do atleta. Leia o comunicado na íntegra:
"O Palmeiras tomou conhecimento da acusação contra o atleta Michel e prontamente o questionou a respeito. Ele negou as agressões e, em sua defesa, apresentou um BO registrado no início de julho contra a ex-namorada, além de prints e vídeos. O jogador pediu para não participar da partida deste sábado contra o Bahia, pelo Brasileiro Sub-20, para que a situação possa ser esclarecida. O clube segue acompanhando o caso".
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 -- Central de Atendimento à Mulher -- e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.
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