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Bruno Guimarães aceita projeto arriscado e sobe de patamar na seleção

Bruno Guimarães acena para torcida após sair de campo aplaudido em vitória do Newcastle - Stu Forster/Getty Images
Bruno Guimarães acena para torcida após sair de campo aplaudido em vitória do Newcastle Imagem: Stu Forster/Getty Images

Do UOL, em São Paulo e Santos (SP)

13/08/2022 04h00

A partida já estava nos acréscimos da segunda etapa quando a placa com o número 39 subiu. Aquele pareceu o sinal para que 52 mil pessoas se levantassem para aplaudir o caminhar de Bruno Guimarães até a lateral do gramado. Ovacionado, o meia brasileiro teve a certeza de que tinha feito a escolha certa ao assinar com o Newcastle, que venceu o Nottingham Forest por 2 a 0, na abertura da Premier League.

Oito meses atrás, Bruno Guimarães estava concentrado com a seleção brasileira quando recebeu a notícia: o Newcastle, novo clube mais rico do mundo, tinha entrado em acordo com o Lyon para tirá-lo da França por 52 milhões de euros (cerca de R$ 310 milhões na cotação da época). Mas aquele movimento seria o mais acertado?

Bruno tinha conquistado o ouro olímpico havia cerca de seis meses e o destaque no torneio culminara em convocações para a seleção principal. Um dos principais jogadores do Lyon, Bruno tinha ali a certeza de que seguiria jogando e manteria o ritmo que o colocara no radar de Tite.

Do outro lado, o Newcastle passara boa parte da temporada como lanterna na Premier League e ainda estava na zona do rebaixamento quando Bruno assinou. Recém-adquirido por um fundo saudita, o clube esperava melhorar na tabela, mas o rebaixamento poderia complicar tudo, principalmente a chance de Copa do Mundo de Bruno Guimarães.

A intenção do meia brasileiro não era deixar o Lyon naquele momento, mas talvez na janela seguinte, no início da temporada 2022/23. Bruno comparou sua situação com o projeto que o clube tinha para ele. O Newcastle via no meia a peça-chave para o futuro do clube, focando na permanência na Premier League naquela temporada e, depois disso, na construção de uma equipe competitiva.

O sonho de atuar na Premier League também foi fator preponderante. Bruno decidiu aceitar o desafio. "Era um projeto arriscado, mesmo, mas deu tudo certo", resumiu o agente Alexis Malavolta, em contato com o UOL Esporte.

Depois de um início no banco de reservas, ele assumiu a titularidade e caiu quase instantaneamente nas graças da torcida. Mesmo chegando só na metade da temporada, terminou o ano como vice-artilheiro do time com cinco gols em 17 jogos, além de quatro assistências.

"Assisti muito e gostei muito dele como jogador. Fizemos nossa pesquisa para conhecer a personalidade dele e preciso dizer que a melhor parte de tê-lo contratado não foi sua habilidade, que é incrível, mas também a pessoa que ele é. Nós o amamos imediatamente, eu estou amando a responsabilidade de treiná-lo. Isso sem falar do quão bom ele é. Tem sido uma contratação brilhante até agora. Não colocaria limite no que ele pode ser. Ele tem uma série de qualidades brilhantes que se encaixam muito bem na Premier League. Ele tem a técnica para receber a bola em qualquer situação, tem a visão de jogo para passes curtos e longos, ótimo motor que é necessário na Premier para suportar fisicamente a velocidade do jogo", opinou Eddie Howe, técnico do Newcastle.

Eddie Howe e Bruno Guimarães - Robbie Jay Barratt - AMA/Getty Images - Robbie Jay Barratt - AMA/Getty Images
Imagem: Robbie Jay Barratt - AMA/Getty Images

Patamar acima também na seleção

O salto de exigência da Ligue 1 para a Premier League com manutenção do bom desempenho fez Bruno Guimarães subir de patamar na seleção brasileira. Se antes era um dos jovens que começavam a ganhar espaço e postulante a uma vaga na Copa do Mundo, hoje é nome certo.

Mais que um reserva a apenas compor o elenco de Tite, Bruno Guimarães tem ganhado cada vez mais minutos e se destacado no time a ponto de colocar pressão sobre o titular Fred, do Manchester United, no meio-campo.

Antes de se provar na Premier League, Bruno somava 68 minutos distribuídos em três jogos com Tite (Uruguai, Chile e Peru). Depois da transferência para o Newcastle, Bruno entrou em campo cinco vezes com a amarelinha e atingiu 151 minutos, mais que o dobro da época de Lyon.

A comissão técnica da seleção brasileira nunca interferiu na carreira de Bruno, mas internamente via com bons olhos o salto de competitividade que o meia daria da França para a Inglaterra.