Como a gestão de elenco de Abel faz Palmeiras chegar 'inteiro' a decisões
Líder com folga do Brasileirão e vivo no caminho pelo terceiro título consecutivo de Libertadores, o Palmeiras pouco sofre com lesões na parte mais decisiva da temporada. Atualmente, por exemplo, apenas o volante Jailson é desfalque após romper os ligamentos do joelho direito — ele está fora desde abril.
Isso não é coincidência. Abel Ferreira e sua comissão técnica estão a todo momento em contato com o Núcleo de Saúde e Performance do clube a fim de minimizar os riscos de lesões, além de manter o elenco sob avaliação física e mental para que cheguem "inteiros" nos momentos-chave do ano. O UOL Esporte conversou com o coordenador científico Daniel Gonçalves, que explicou como é o relacionamento do treinador com o setor.
"O Abel tem o João Martins [auxiliar e preparador físico] como o integrante da comissão técnica dentro do Núcleo de Saúde e Performance. É o profissional que faz essa comunicação direta entre nós e o Abel, mas claro que todos os setores têm canal aberto com ele. O Abel, como líder do processo, faz exigências, colocações, natural para que a gente se baseie. Durante o treino o feedback é constante, com monitoramento da carga, GPS. O debate em tempo real é para que consiga intervir dentro das quatro linhas", afirmou Daniel.
"O nosso núcleo é de saúde e performance. Temos de estar atentos não só à condição de recuperação, mas também da performance. O atleta é exigido a esforços máximos, tem de demonstrar resultado. Se calcula o risco, analisa a capacidade da performance, e o Abel define. Não acredito nessa questão de lesão zero. O atleta será submetido a esforços que aumentam o risco de lesão. O que a gente faz são ciclos de preparação, na performance e prevenção. A gente faz ciclos de forma que em períodos considerados chave tenhamos o maior número de atletas à disposição", continuou o coordenador científico do Palmeiras.
A última semana foi a "semana dos sonhos" para o Palmeiras: conseguiu a classificação heroica à semifinal da Libertadores, ao segurar o Atlético-MG com dois a menos e vencer nos pênaltis, e venceu o Dérbi contra o Corinthians na Neo Química Arena, praticamente tirando o rival da disputa pelo título do Brasileirão e aumentando ainda mais a vantagem na ponta.
A dura sequência, porém, não para por aí. Agora, o Verdão tem outros dois jogos com contornos decisivos no Brasileirão, contra Flamengo e Fluminense, antes de começar a eliminatória contra o Athletico-PR na Libertadores. O time terá uma semana livre de treinamentos entre o duelo contra os cariocas.
"A gente crê que esse momento-chave vai se prolongar até a semifinal contra o Athletico-PR. A gente não tem como dizer antecipadamente qual jogo vai definir título. Vamos olhar o Brasileirão com a máxima possibilidade para a gente. Abel usa um termo de usar máxima força com gestão da energia, algo nesse sentido. O que vai nos auxiliar são as semanas sem jogo. Identificar atletas com necessidade de recuperação, individualizar o treino, descanso ou incremento de carga que a gente fará. Avaliamos diariamente os atletas, seja pós lesão ou estímulo", explicou Daniel Gonçalves.
"A semana livre de treinos é essencial. Muito se critica ou criticou a qualidade de jogo do futebol brasileiro e um dos principais aspectos é o calendário. Nossos campos estão muito aquém. Temos estádios que não contribuem para a qualidade do espetáculo, mas sim negativamente para nível de fadiga mais elevado. A gente consegue com outras técnicas diminuir incidência de lesão. Já estão tão habituados às maratonas de jogos que tem que ter cuidado devido, para não mudar muito o estímulo", finalizou.
Agenda do Palmeiras
Flamengo (casa) - Brasileirão
Fluminense (fora) - Brasileirão
Athletico-PR (fora) - ida da semifinal da Libertadores
Red Bull Bragantino (fora) - Brasileirão
Athletico-PR (casa) - volta da semifinal da Libertadores.
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