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Ex-executivo da Globo tenta reeditar Copa Sul-Minas; calendário é empecilho

Projeto é reunir 12 times de RS, SC, PR e MG para disputa de torneio no início da temporada - Pedro H. Tesch/AGIF
Projeto é reunir 12 times de RS, SC, PR e MG para disputa de torneio no início da temporada Imagem: Pedro H. Tesch/AGIF
Igor Siqueira e Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre e no Rio de Janeiro

21/08/2022 04h00

A Copa Sul-Minas voltou ao debate. Marcelo Campos Pinto, ex-executivo da Rede Globo, lidera as tratativas. Atualmente, o plano esbarra em acordos comerciais que viabilizem a ideia e também em uma solução para o calendário. Campos Pinto atuou na Globo entre 2000 e 2016, sendo o principal negociador dos direitos de transmissão pela emissora junto aos clubes. O UOL Esporte entrou em contato com o executivo, que não quis se manifestar oficialmente.

Em 2021, a Sportsview, empresa criada por ele e outros dois sócios, assumiu a comercialização dos direitos do Campeonato Carioca. A relação com a Ferj e os clubes não foi das melhores por causa do desempenho considerado abaixo da expectativa, em termos de geração de receitas, ao longo de duas edições.

Para 2023, a Sportsview não atuará mais em nome do estadual do Rio e está em busca de outro projeto.

A ideia de reativar a Sul-Minas surgiu em 2020, mas ganhou força ao longo do ano seguinte. O debate passa pela ideia de que os estaduais não são mais tão rentáveis. Os clubes foram procurados e ouviram que o projeto prevê cota comercial de até R$ 9 milhões - número semelhante ao previsto no atual contrato do Campeonato Gaúcho, por exemplo. Mas essa estimativa foi passada sem qualquer acordo fechado no mercado.

Em julho, Marcelo Campos Pinto se reuniu com dirigentes e representantes dos principais clubes de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais. Clubes como Grêmio e Atlético-MG foram representados. A CBF deu autorização e as federações locais foram notificadas.

A ideia é fazer com que a Copa Sul-Minas comece em janeiro e seja disputada até a primeira quinzena de abril, com fase de grupos, quartas de final, semifinal e final. O campeão teria premiação de R$ 4 milhões prevista em contrato.

Em termos de calendário, seria preciso acerto com as federações porque os estaduais têm previsão de usar até 16 datas em 2023 —justamente no período em que a Sul-Minas aconteceria. O calendário oficial da CBF ainda não foi divulgado, mas o presidente Ednaldo Rodrigues já disse que o número de datas se mantém o mesmo deste ano.

Uma carta de intenções foi elaborada por Marcelo, que agora busca assinaturas dos clubes. A partir daí o torneio pode ser apresentado aos interessados em financiar o projeto. O UOL apurou que mesmo quem não assinou deu aval para as conversas avançarem, com a ressalva de ser necessário acordo com as federações.

As federações ainda olham com desconfiança o movimento. De início, algumas têm a ideia de negociar um sistema de acesso à competição, mediante desempenho nos estaduais. Além de alinhar datas. O tema ainda enfrenta resistência nos bastidores.

O contrato de transmissão do Campeonato Gaúcho foi finalizado no início de 2022 e vai até a edição do ano que vem, mas tem cláusula para revisão dos termos e eventual desistência de uma das partes — hipótese praticamente descartada atualmente. Em Minas, a Federação também tem contrato em vigor com a Globo para a edição de 2023 - o Cruzeiro se valeu da Lei do Mandante para fechar acordo com o grupo O Tempo.

A Copa Sul-Minas foi disputada entre 2000 e 2002, com América-MG e Cruzeiro, duas vezes, se sagrando campeões. Em 1999, times de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná disputaram a Copa Sul, conquistada pelo Grêmio.