Jamil: Neymar e Mbappé inverteram papéis de 'mimado' e 'dono' do PSG

A guerra entre Kylian Mbappé e Neymar estremeceu os bastidores do Paris Saint-Germain. No podcast Futebol sem Fronteiras #57, o colunista Julio Gomes e o correspondente internacional Jamil Chade conversaram com o jornalista Thiago Arantes sobre o polêmico assunto. Eles analisaram a relação tensa entre dois dos principais astros do clube francês e deram mais detalhes sobre as turbulências no vestiário.

Para Jamil, a fama de 'mimado' de Neymar agora caiu sobre Mbappé por causa do comportamento do atacante francês. "A verdade é que temos uma inversão de papéis. Por anos, o Neymar sempre foi aquele garoto mimado, achando que era dono do time. Ele voltou para esta temporada em silêncio, sem polêmica alguma, e jogando muito. Do outro lado, você tem Mbappé, o 'dono' do time, chegando em uma posição de debilidade em campo. Ele não está no mesmo nível", observou.

A vitória por 5 a 2 do PSG sobre o Montpellier pelo Campeonato Francês teve alguns episódios claros de como a postura de Mbappé afetou o vestiário do PSG. No primeiro, o francês queria bater um pênalti — ele já havia errado uma penalidade na mesma partida. Neymar não o atendeu e fez a cobrança. No segundo, Mbappé se irritou por não terem passado a bola para ele em um contra-ataque e desistiu da jogada.

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Segundo apurou o UOL Esporte, jogadores do PSG se referem a Mbappé como "mimado" e insuportável". Até a mãe do atacante francês, que também é empresária dele, faz parte deste cenário turbulento: ela nunca gostou das brincadeiras que os colegas de time faziam com ele e cobrou do filho uma postura mais firme no vestiário.

Veja o que mais rolou de interessante na opinião dos jornalistas:

Arantes: 'Não me lembro de ver Neymar desistir de um ataque'

Neymar conviveu por muito tempo com a fama de ser um jogador 'mimado', mas Arantes destacou que o brasileiro sempre se dedicou em campo. "Existe uma expectativa muito grande em tudo que circula o Neymar e somos mais críticos com ele por causa da expectativa que ele gera. Não me lembro de ver o Neymar fazer o que o Mbappé fez nesse jogo. Podemos criticar o Neymar por várias coisas, mas não me lembro de vê-lo andando em campo e desistindo de um ataque", afirmou.

Jamil também reforçou que Neymar adotou outra postura no clube para esta temporada. "No meio do ano, ele descobriu pela imprensa que não é insubstituível. Ninguém sabe se foi plantado, mas houve um questionamento sobre se Neymar tinha ou não futuro no PSG", analisou, reforçando que o brasileiro também mudou sua postura. "Em três jogos, o PSG fez 14 gols e levou apenas dois, com o Neymar voltando para recuperar a bola", comentou.

Jamil: 'Tretas atrapalham qualquer projeto maior do PSG'

O clima tenso entre dois dos principais jogadores do PSG não é algo novo no clube, como ressaltou Jamil. "Fica muito claro que vem do mesmo local em que, nos últimos dez anos, conviveu com tretas muito parecidas. Quando esse caso explodiu, a primeira reação da imprensa francesa foi 'claro, é o PSG'. Isso é algo que vem fazendo parte da história desse clube e que tem atrapalhado de uma forma muito importante qualquer tipo de projeto maior", disse o colunista e correspondente internacional.

Apesar das tentativas de apaziguar os ânimos, Jamil projeta mais polêmicas dentro do PSG. "No PSG, parece que as coisas não têm fim. Isso é com eles ganhando e voando em campo. O que vai acontecer se houver algum tropeço na Champions?, questionou.

Arantes: 'PSG quer moldar vestiário e adaptá-lo ao Mbappé'

Arantes frisou que os problemas com Mbappé são bem anteriores à partida contra o Montpellier e passam por uma espécie de 'mudança de poder'. "Eles já existem desde o novo contrato dele e são maiores do que a gente vê. Foram dados a ele poderes de tomar algumas decisões dentro do clube e sugerir algumas coisas. Afinal, ele é o novo cabeça do projeto. Isso inclui a mudança na direção e trazer um treinador francês. O PSG quer moldar o vestiário para ser mais adaptado ao Mbappé", contou.

Para haver uma nova era, é preciso encerrar a anterior - e é exatamente este o processo atual no PSG -, como explicou Arantes. "Antes, o vestiário era moldado para o Neymar se adaptar, cheio de argentinos e brasileiros. Agora, passa a ser feito para o Mbappé se sentir bem. Como se faz isso? Traz um treinador francês, reforça a defesa com Nordi Mukiele, contrata o Ekitike, ambos franceses, e começa a limar jogadores dos outros grupos. Aquela 'república argentina' vai se desfazendo para que se crie uma nova liderança", concluiu.

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