Topo

Fluminense

No 'dinizismo' do Flu, artilheiro do Brasileiro é elogiado por dar carrinho

Fernando Diniz observa jogadores durante Fluminense x Coritiba, jogo do Campeonato Brasileiro - Thiago Ribeiro/AGIF
Fernando Diniz observa jogadores durante Fluminense x Coritiba, jogo do Campeonato Brasileiro Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Do UOL, em Santos (SP)

21/08/2022 04h00

O 'Dinizismo' é o apelido criado durante o trabalho do técnico Fernando Diniz, quando no São Paulo, para ilustrar um jeito peculiar de pensar no futebol. Tem a ver com um time ofensivo, que prioriza a posse de bola e busca o protagonismo a todo tempo. Mas como o conceito é fluído, agora que está no Fluminense, uma defnição alternativa chamou atenção ontem, durante a entrevista coletiva após a vitória do Fluminense por 5 a 2 sobre o Coritiba ontem (20), no Maracanã, pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro.

No 'dinizismo' carioca, o artilheiro do Campeonato Brasileiro ganhou elogios por dar carrinhos — o argentino German Cano tem 13 gols. "Cano é fundamental. Pelos gols, que é o que mais aparece, mas ele é pilar do trabalho. Ajuda em todas as fases do jogo. Ajuda na marcação, contra o Fortaleza deu carrinho atrás no fim do jogo. Além de ser letal e é um privilégio tê-lo, mas é mais privilégio ainda pelo que não aparece tanto ao torcedor".

O termo que as pessoas usam, do Dinizismo, não tenho nada contra... Mas o mais importante é a entrega do time, ser um time solidário. O que pretendemos requer humildade e coletividade, muitos jogadores se mexendo e só um toca na bola. Jogamos com bloco avançado e precisamos de todos. O que marca muito meu trabalho é essa entrega em todas as fases do jogo. Mas os dois primeiros gols foram muito bonitos mesmo".

Os dois primeiros gols do Fluminense diante do Coritiba, aliás, são o puro "Dinizismo" tradicional: o time tocou, tocou, tocou, inverteu, voltou, avançou e achou espaços na defesa do adversário para balançar as redes com Caio Paulista e Arias.

Críticas discretas

Justamente por esses ajustes, de um time que une as características tradicionais de seu estilo (os passes, inversões e posse de bola) com adições que sempre foram pedidas (uma intensidade maior na defesa, simbolizada pelo centroavante dando carrinhos), Fernando Diniz deu alguns recados aos jornalistas. Logo na primeira pergunta, ele foi questionado sobre a oscilação física do time, já que, depois de um primeiro tempo praticamente perfeito, o Flu levou um gol do Coxa em contra-ataque após erro de passe de Caio Paulista e deu susto na torcida.

"Tem oscilação, mas não concordo com essa análise. Contra o São Paulo foi o contrário, segundo tempo foi melhor que o primeiro. Santos também. Contra o Fortaleza melhoramos no segundo. Falta ao time ser mais contundente no jogo todo, não é uma queda física no segundo tempo. Seria uma explicação fácil, mas que não condiz com a realidade. Dos jogos recentes, em vários melhoramos no segundo tempo. Contra o Fortaleza tivemos intensidade alta do início ao fim e fomos protagonistas no segundo tempo. Quando acontece essa queda, é circunstancial, mas não pelo que sugere o senso comum", afirmou.

Em outro momento da entrevista coletiva, Diniz pediu frieza nas análises sobre futebol. "Criamos para fazer, era normal o Coritiba tentar ressurgir no jogo. Mas nós controlamos o jogo, criamos até mesmo depois do 2 a 0. Tivemos um susto, mas precisamos ser frios e eu sou assim para analisar futebol. Gostei da atuação da equipe, a equipe foi segura e madura. Não lembro de outras oportunidades do Coritiba além dos gols. Um contra-ataque e depois uma falta que achei que não foi. E foram muito felizes na cobrança, com mérito dele. Fizemos cinco e poderíamos ter feito mais", relatou.

Fernando Diniz - Thiago Ribeiro/AGIF - Thiago Ribeiro/AGIF
Fernando Diniz
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Obrigado, torcida! Mas...

Fernando Diniz elogiou a torcida do Fluminense pelo apoio, mas pediu mais paciência. Ao ser perguntado sobre as vaias a Felipe Melo, o treinador lembrou de outros atletas que foram criticados recentemente.

Luiz Henrique superou a incerteza do torcedor, se firmou e foi para o Bétis (ESP). Samuel Xavier driblou as críticas e hoje é titular absoluto. Caio Paulista, atacante improvisado como lateral-esquerdo, e Willian ainda não convenceram. Nino, destaque do time, foi questionado por erro individual contra o Fortaleza.

"O torcedor tem comportamento normal, que flutua muito. Quando cheguei aqui, Luiz Henrique não era unanimidade e saiu como unanimidade. Samuel Xavier era contestado, Willian também. E hoje foi celebrado. Torcedor é isso. E posso citar outros, o Caio [Paulista] é assim também. Cometeu erro no gol, é claro, mas fez o gol, participou de outras jogadas e é muito efetivo. Torcida oscila e é muito importante para os jogadores. Quando está junto e consegue apoiar no erro, é muito importante. O Nino está há três anos aqui e foi vaiado na quarta, mas a torcida tem sido fantástica", falou Diniz.

"Se a torcida conseguir ter um pouco mais de paciência, vai ajudar ainda mais. Os jogadores trabalham demais. O Felipe Melo se esforça de maneira ímpar para estar à disposição, ele ajuda o Fluminense dentro e fora de campo. Coloco para jogar pois confio nele. Falo que é de outra prateleira, entra e contribui. Todos erram, ok, mas ele é muito importante e entrou muito bem hoje. Ele entra e contribui, é muito importante. Eu conto com ele, todos nós contamos. Vai ajudar muito até o final", emendou.

Fernando Diniz - NAYRA HALM/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - NAYRA HALM/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Fernando Diniz
Imagem: NAYRA HALM/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Calma...

Fernando Diniz também comentou sobre o uruguaio Michel Araújo. O meia-atacante voltou de empréstimo do Al Wasl, dos Emirados Árabes Unidos, e demorou a ter chance com o técnico.

Pedido pela torcida no Maracanã e nas redes sociais, Michel entrou contra o Coritiba e deu as assistências para os gols de Willian nos minutos finais. Diniz explicou que o jogador não tinha condição de entrar antes.

Sem jogar desde maio, Araujo se reapresentou ao Fluminense com condições diferentes dos demais atletas. Diniz elogiou o jovem de 25 anos e espera que ele seja um reforço caseiro. O treinador pediu para ele não ser cobrado para manter o mesmo desempenho de hoje.

"Michel é uma alegria muito grande, de tê-lo de volta em boas condições. Ele está há cerca de um mês com a gente depois do mundo árabe. Um futebol semiprofissional, e muito tempo parado depois. Voltou com desnível físico, técnico e tático. Tive essa experiência no Catar e voltei defasado. Ele recuperou, estava em condições de entrar no jogo e teve atuação perfeita pelo tempo que jogou. Deu tudo certo, duas assistências, e agora não podemos exigir isso sempre dele. Foi bem porque melhorou nos treinos e vai brigar por posição como o Nathan. Michel, de maneira especial, eu gostava muito no Fluminense. Teve proposta para ser emprestado e eu cederia, mas queria ele e ele ficou. Agrega muito", elogiou.

Fernando Diniz, técnico do Fluminense, conversa com o volante Felipe Melo - Mailson Santana/Fluminense FC - Mailson Santana/Fluminense FC
Fernando Diniz, técnico do Fluminense, conversa com o volante Felipe Melo
Imagem: Mailson Santana/Fluminense FC

Nova decisão

Na vice-liderança do Campeonato Brasileiro, o Fluminense voltará a campo para enfrentar o Corinthians na próxima quarta-feira (24), novamente no Maracanã, pela ida das semifinais da Copa do Brasil.

O técnico Fernando Diniz entende que seu time está mais maduro para disputar esse tipo de jogo.

"O ogo de quarta-feira [contra o Fortaleza] foi mais importante que esse [do Coritiba] em relação de confiança. Fomos maduros em situação adversa. Não nos descontrolamos em nenhum momento. E hoje soma ao que fizemos na quarta e chegaremos em boas condições para a próxima quarta-feira", concluiu.

Diniz só poupou Paulo Henrique Ganso contra o Coritiba. No decorrer do jogo, Arias, Nonato e Cano descansaram. O Fluminense terá força máxima contra o Corinthians.

Fluminense