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Palmeiras aproveita benefícios de semana livre e até Abel fica 'paz e amor'

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, durante partida do clube diante do Inter, válida pelo Campeonato Brasileiro - BRUNO ESCOLASTICO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, durante partida do clube diante do Inter, válida pelo Campeonato Brasileiro Imagem: BRUNO ESCOLASTICO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em Santos (SP)

22/08/2022 04h00

O Palmeiras de Abel Ferreira está acostumado a disputar títulos e dividir seu elenco em várias competições. Nesse cenário, o tempo para treinar é escasso e, às vezes, só se descansa entre um jogo e outro. Mas a última semana foi diferente. A eliminação na Copa do Brasil para o rival São Paulo doeu, mas teve seus benefícios no dia a dia.

Entre a vitória sobre o Corinthians e o empate com o Flamengo, o Palmeiras teve uma semana de preparação. Tempo suficiente não só para Abel se sentir mais preparado antes de receber o Rubro-Negro no Allianz Parque, mas para ficar mais solto. Em uma versão paz e amor que poucas vezes apresentou em São Paulo, o português fez um relato franco sobre competitividade, disse que sua mulher o acha insensível quando ele compete com as filhas e até, surpresa, elogiou a arbitragem.

Tempo para pensar no Fla

No início da semana livre, Abel Ferreira não sabia se o Flamengo atuaria com titulares ou reservas, se viria no seu losango do 4-4-2 ou no 4-3-3. Dessa forma, o português trabalhou o Palmeiras para todas as possibilidades. Numa semana com dois jogos, isso não seria possível.

"O Flamengo é um grande adversário, entrou com um bom time, levezinho. Nos preparamos para duas situações: o losango ou o 4-3-3. Não sabia o que Dorival faria e nos preparamos para os dois cenários. Mais do que o que eu falar, nossa atitude mostra que fizemos de tudo para ganhar hoje. Tenho que reconhecer que o Flamengo teve mais posse e domínio com as trocas, mas as grandes oportunidades foram nossas", disse Abel, em entrevista coletiva.

Jogadores prontos para os jogos

Além de mais tempo para simular situações de jogo, criar alternativas táticas e ensaiar bolas paradas, o Palmeiras de Abel está praticamente com força máxima. O único desfalque é o volante Jailson, com lesão no joelho direito.

A tendência, então, é do Palmeiras repetir seu time titular contra o vice-líder Fluminense no sábado (27), no Maracanã, pelo Brasileirão, antes de visitar o Athletico, na Arena da Baixada, pela ida das semifinais da Libertadores da América. O 11 inicial do empate com o Flamengo está invicto na temporada, com quatro vitórias e dois empates. Dos 55 jogos em 2022, só seis tiveram Weverton, Marcos Rocha, Murilo, Gustavo Gómez e Piquerez; Danilo, Zé Rafael e Raphael Veiga; Gustavo Scarpa, Dudu e Rony.

Temos que primeiro recuperar nossos atletas. A semana será boa para isso, para dar equilíbrio e refrescar o elenco. Temos todo o elenco disponível com a exceção do Jailson. Isso é muito bom. Fazemos trabalho conjunto com núcleo de performance, nutrição... É a gasolina para nosso carro, precisamos de tudo nos detalhes. Temos uma grande estrutura que nos ajuda muito para ter os atletas no limite do rendimento. Vou começar a estudar o Fluminense. Nos resumos dá para ver a qualidade do adversário. Somos nós contra eles, no estádio deles, e a intenção não muda."

Abel Ferreira durante Palmeiras x Flamengo, jogo do Campeonato Brasileiro - Marcello Zambrana/AGIF - Marcello Zambrana/AGIF
Abel Ferreira durante Palmeiras x Flamengo, jogo do Campeonato Brasileiro
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Pés no chão

O Palmeiras é líder do Campeonato Brasileiro, com 49 pontos, e oito a mais que o Fluminense, o segundo colocado. O próximo adversário é justamente o Flu de Fernando Diniz, no Maracanã. Abel Ferreira foi perguntado durante a última entrevista coletiva sobre a "decisão" contra o Flamengo e a expectativa para agora enfrentar o Fluminense. Mesmo com a boa vantagem na tabela, o português acredita num campeonato resolvido no fim.

"O campeonato vai ser definido na última jornada, é assim que penso. Não olho muito para a classificação, quero enfrentar cada jogo para ganhar. Tínhamos uma sequência muito difícil. Atlético-MG, Corinthians, Flamengo e agora o Fluminense. É difícil para nós, mas para eles também. É dar o nosso melhor. Não sairemos do nosso padrão. Nos preparemos para enfrentar um grande time e um grande treinador, com ideia de jogo bem implementada. É a casa deles, mas nossas intenções não mudam. [Fluminense] é um time de boa mescla entre jovens e experientes e com um grande treinador", avaliou.

Acostumado com as cornetas

Abel Ferreira voltou a citar a esposa Ana Xavier como a principal "corneta" de sua vida. O técnico do Palmeiras citou a mulher ao ser perguntado sobre as críticas de parte da torcida a Raphael Veiga. Pouco antes de Veiga empatar o jogo com o Flamengo, Abel ouviu pedidos para tirar o meia de campo. Sem se deixar levar pela pressão, o comandante alviverde só tirou o jogador nos minutos finais.

"Eu tirei o Veiga, o Veiga saiu (risos). Futebol é mágico porque todos temos um pouco de treinador. Todos nós amamos futebol. O maior corneteiro é a minha esposa. Ela é torcedora e pode falar, e eu entendo e aceito a opinião. Mas é muito difícil ser treinador. Não é só a parte da tática, técnica, é gestão de recursos humanos também... Tirei o Veiga depois, o Dudu também. Jogadores são aceleradores e tínhamos que refrescar. O López entrou e teve duas finalizações. O nosso torcedor pode ter certeza absoluta que eu e nossos jogadores fazemos tudo que podemos para servir ao clube da melhor maneira. Mesmo na derrota, tudo será feito para o trabalho ser o melhor possível. Em alguns dias a coisa não sai, mas a gente mantém o foco. E o Veiga saiu mesmo (risos)", concluiu.

Abel Ferreira com a esposa Ana Xavier (d) e as filhas Inês (e) e Mariana, ao centro - Edipo Ramone - Edipo Ramone
Abel Ferreira com a esposa Ana Xavier (d) e as filhas Inês (e) e Mariana, ao centro
Imagem: Edipo Ramone

Abel, o insensível

Com o clima leve na coletiva, Abel também trouxe um pouco da sua vida fora dos campos para pontuar suas duas faces: o cara que "não quer fazer amigos dentro das quatro linhas", mas que, fora delas, "podem ter certeza que sou legal".

"As pessoas falam no restaurante que sou parte de tudo, mas a minha vida fora é outra coisa. Tenho essa responsabilidade e gosto muito. Um dos meus fundos do computador é esse: cultura humanista, com uma foto minha. Mas competindo, eu tenho que atropelar. Quando jogo com minhas filhas, minha esposa fala que eu sou insensível. Eu digo que a vida vai bater muito e temos que nos preparar. Quando estou competindo, quero ganhar. Fora, são outros quinhentos. Não tenho problema com ninguém. Estou em paz comigo e com os outros. É como eu penso. É o Abel homem, Abel treinador tem outro cenário."

E o elogio à arbitragem

Para terminar, algo raro. Abel, um dos técnicos mais chatos com a arbitragem, deixou o jogo contente com o apitador em questão. O responsável pelo empate com o Flamengo foi Ramon Abatti Abel.

"O árbitro foi muito bem. Temos que rejuvenescer, dar chance aos jovens que querem fazer carreira. Muito honestamente, o árbitro esteve muito bem, com critério igual. Reclamei de uma falta do Scarpa, mas não marcou a nosso favor e percebi que era um critério. O jogo teve três grandes equipes."

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