Como é a proposta de calendário e venda de direitos para volta da Sul-Minas
O avanço da articulação para fazer com que a Copa Sul-Minas volte ao calendário depende, no momento, da aceitação das federações estaduais e de uma conversa mais concreta com a Globo. O UOL Esporte apurou qual é o cenário atual a respeito da fórmula da competição e ideias para comercialização dos direitos de transmissão.
O planejamento apresentado aos clubes por Marcelo Campos Pinto, ex-Globo e um dos sócios da Sportsview, empresa que tenta viabilizar a competição, envolve as temporadas 2023, 2024 e 2025. Para o projeto ir adiante, os interessados precisam conjugar objetivos políticos e financeiros. O assunto deve ser discutido hoje à tarde, na CBF, entre os dirigentes dos estados envolvidos. Entre as federações, a Mineira é quem está mais longe de se convencer a respeito do formato. Entre os clubes, o Athletico é quem está mais distante.
Só com aval de parcela significativa dos dirigentes é que contratos podem efetivamente ser fechados. Ter os grandes de Minas e Rio Grande do Sul é crucial.
A fórmula
O que os cartolas têm em mãos é um desenho de Sul-Minas com 11 datas, ao todo. A proposta de fórmula do torneio prevê 12 participantes, três de cada um dos quatro estados (Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina).
Na primeira edição, o critério de entrada seria o Ranking Nacional de Clubes, feito anualmente pela CBF. Os gaúchos seriam Internacional, Grêmio e Juventude. De Minas, viriam Atlético-MG, Cruzeiro e América. Já Chapecoense, Avaí e Criciúma representariam os catarinenses.
No momento, o único entre os principais clubes dos estados envolvidos que se mostra totalmente desinteressado em relação ao projeto é o Athletico. Sem o Furacão, a vaga do terceiro paranaense ficaria com o Operário. Os outros dois seriam Coritiba e Paraná.
A proposta para a Sul-Minas prevê que os times sejam divididos em dois grupos de seis. No formato, os integrantes de um grupo jogariam contra os do outro grupo (em seis datas). Os quatro melhores classificados das respectivas chaves avançariam para o mata-mata. Quartas e semifinais seriam disputadas em ida e volta (mais quatro datas). A competição seria concluída com final única, totalizando 11 datas.
A partir da segunda edição, a manutenção dos times na competição dependeria do desempenho de cada um na própria Sul-Minas — os dois melhores de cada estado teriam classificação assegurada. A terceira vaga seria dada ao melhor time do estadual.
E os estaduais?
O encaixe de mais uma competição no calendário demanda ajustes nas fórmulas dos quatro estaduais em questão. Nesse cenário, os participantes da Sul-Minas não disputariam as fases iniciais dos seus respectivos torneios domésticos e já entrariam no mata-mata. O regional aconteceria em paralelo à primeira fase dos estaduais. A inspiração para esse modelo vem do fim da década de 1990, período mais recente em que os regionais tiveram relevância no calendário nacional.
Pelo planejamento da CBF para 2023, os estaduais serão disputados mais uma vez em até 16 datas. Como a Sul-Minas ocuparia 11 delas, restariam cinco datas para participação dos clubes envolvidos no estadual.
Sendo assim, a proposta é que cinco times venham da primeira fase de cada estado e se unam aos três que disputarem o regional nas quartas de final, com jogos de ida e volta — chance de grandes visitarem pequenos e gerarem receita de bilheteria. Depois, viram as semifinais também em dois jogos. A final única determinaria o campeão estadual.
A redução do período de participação dos grandes é um dos obstáculos para o convencimento das federações. Por outro lado, quem defende a Sul-Minas acha que o cenário pode ser mais rentável se a aposta for pelo regional em detrimento de um torneio que nos últimos anos se enfraqueceu financeiramente.
Como seria a remuneração
Atualmente, a Globo ou alguma afiliada dela tem contrato em vigor para transmitir o Campeonato Gaúcho até 2024 e o Campeonato Mineiro de 2023. Por isso, a transição para a Sul-Minas passa por um entendimento com a emissora.
O projeto comercial desenhado no momento prevê que os direitos de transmissão sejam vendidos em conjunto: Copa Sul-Minas (11 datas) e reta final dos estaduais (5 datas).
O desenho prevê a venda de quatro modalidades de direitos de transmissão. O chamado pacote 1 terá 18 jogos exclusivos e a final. O pacote 2 também terá outros 18 jogos exclusivos e a final. A diferença é que o primeiro tem uma ordem de prioridades sobre o segundo na escolha dos jogos a cada rodada.
No pay-per-view, estarão disponíveis as 49 partidas da competição. Ou seja: na primeira fase, 12 estarão com quem tiver o pacote 1, outros 12 com o pacote 2 e o PPV terá todos os 36 jogos. A quarta propriedade de venda é a de melhores momentos.
Do bolo total de receitas, geradas pela venda de pacotes, serão deduzidos custos de transmissão. O valor líquido que sobrar será fatiado em dois bolos majoritariamente: 80% para os clubes da Sul-Minas e 20% para as federações, com objetivo de custear a primeira fase do estadual, que, em tese, não terá os grandes.
As placas de publicidade e os direitos comerciais da Sul-Minas e dos estaduais não serão conectados. Logo, as federações têm a liberdade de negociar as próprias propriedades, como naming rights e outras ativações.
Dentro da Sul-Minas, haverá três blocos de remuneração, cada um com quatro clubes, separados, na primeira temporada, pelo ranking da CBF. Cada um dos componentes do bloco principal ganhará pelo menos R$ 9 milhões, se a estimativa mínima de receitas para viabilidade do torneio for alcançada. Até o momento, não há contratos fechados. O avanço depende do sinal verde das federações.
A partir da segunda edição, a formação do bloco para divisão de receita viria por um ranking específico de desempenho no próprio torneio regional. Esse seria um modo de evitar que os clubes participantes desvalorizassem a própria Sul-Minas.
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