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Copa do Brasil - 2022

Por que Diniz mudou a cara do Flu mais rápido do que VP no Corinthians

Único confronto entre os dois técnicos até aqui, em julho, teve goleada por 4 a 0 do Flu sobre os reservas do Corinthians - Thiago Ribeiro/AGIF
Único confronto entre os dois técnicos até aqui, em julho, teve goleada por 4 a 0 do Flu sobre os reservas do Corinthians Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF
Arthur Sandes e Alexandre Araújo

Do UOL, em São Paulo

24/08/2022 04h00

A semifinal da Copa do Brasil entre Fluminense e Corinthians tem em campo duas teorias bem semelhantes, mas a prática no trabalho dos dois treinadores tem sido bem diferente. O Tricolor já amadureceu as ideias de Fernando Diniz, mas o Alvinegro só agora começa a refletir o que Vítor Pereira gostaria de ter implantado lá atrás. Os times se enfrentam às 19h30 (de Brasília) de hoje (24), no Maracanã, no jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil.

Vítor Pereira está no cargo há seis meses, mas tem sido atrapalhado por uma montanha de problemas, incluindo a adaptação, as lesões numerosas e titulares que chegam e deixam o clube. Fernando Diniz ainda nem completou quatro meses, mas o Fluminense já parece muito mais pronto, alguns passos à frente do Corinthians.

Diniz teve tempo para mudar o Flu

O técnico voltou às Laranjeiras dizendo que o elenco era "bem montado" e que já tinha "a sua cara". Ele tinha trabalhado no clube em 2019, portanto já conhecia a estrutura, os funcionários e boa parte dos jogadores. Naquele ponto da temporada, o Fluminense disputava Brasileirão, Copa do Brasil e tentava se recuperar na Sul-Americana -o que acabaria não conseguindo.

Logo de cara Diniz se mostrou mais maleável sobre algumas convicções de trabalhos anteriores. O time oscilou, mas conseguiu dar resposta já no curto prazo e conseguiu se adaptar a diferentes jogos -venceu um jogo no Castelão, por exemplo, tendo menos posse de bola do que o Fortaleza.

Aos poucos o treinador foi colocando o "Dinizismo" em prática. Um ponto que é indicado como facilitador para que a equipe engrenasse é a boa relação com o elenco, e o fato de os jogadores terem rapidamente abraçado as ideias. No dia a dia, Diniz busca passar ao grupo a necessidade de se fazer o simples, como um jogo mais próximo, "companheiro", com a ajuda de todos com e sem a bola.

"O mais importante é a entrega que o time tem. É ser solidário. O nosso modelo de jogo requer humildade e coletividade. Os jogadores têm de se mexer ao mesmo tempo para poder pegar a bola um de cada vez. O que marca o meu trabalho é a entrega dos jogadores", disse Fernando Diniz no último sábado, após a goleada por 5 a 2 sobre o Coritiba.

Desde a chegada de Diniz, o Flu fez 27 jogos e teve quatro semanas reservadas só para treinos. Houve frustrações, como a acachapante derrota para o Internacional após uma série de 13 jogos sem perder, mas o time tem um estilo claro: na vitória de domingo sobre o Coritiba, por exemplo, teve 1min25s de posse de bola e 27 passes trocados na jogada de um dos gols.

O Fernando Diniz já tinha trabalhado com vários jogadores que ele hoje dirige no Fluminense. Também teve um calendário menos inchado do que o VP, com mais semanas livres, e isso facilitou muito para desenvolver rapidamente o modelo de jogo dele. É claro que Diniz tem mérito, porque conseguiu muito rapidamente fazer o time jogar, mas ele também teve menos obstáculos do que Vítor Pereira no Corinthians."
Rodrigo Coutinho, colunista do UOL

VP vai do rodízio aos problemas no Corinthians

Vítor Pereira já tem 45 jogos pelo Corinthians, sendo 31 deles desde que Diniz estreou pelo Flu. Na comparação dos dois técnicos, o português teve quatro jogos a mais no período, o que quer dizer que teve quatro semanas a menos reservadas a treinos —a última delas foi no início de abril, quando Diniz ainda estava desempregado.

Para VP, esta sequência de jogos sem respiro explica grande parte da temporada alvinegra: as numerosas lesões, o rodízio de jogadores e como estes dois fatores resultaram na demora para ter entrosamento e o estilo de jogo que o treinador gostaria de ter implantado muito antes. A necessidade "resultadista" falou mais alto, e só agora o Corinthians dá sinais do futebol prometido em fevereiro.

Vítor Pereira argumenta que as lesões seguidas o obrigaram a montar um quebra-cabeça do qual não tinha um terço das peças: nas decisões de julho, o Corinthians chegou a ter dez desfalques em um elenco com pouco mais de 30 jogadores. Ali a urgência se impôs: o técnico mudou tudo e armou uma retranca para seguir na Copa do Brasil e na Libertadores. Ele admitiu que não gostava daquilo e prometeu que a medida tinha prazo de validade, mas quem voltou de contusão demorou para retomar o ritmo, e ainda perdeu três titulares (João Victor, Gustavo Mantuan e Willian).

Nos jogos mais importantes do ano, finalmente o dedo de VP apareceu com mais clareza. O Corinthians ainda não estava pronto contra Flamengo e Palmeiras (e até hoje não está), mas teve períodos de alguma superioridade. Foi insuficiente na Libertadores e no clássico pelo Brasileirão, mas contra o Atlético-GO, na semana passada, o time finalmente deu uma demonstração de sua força. O Flu é mais um teste de fogo, e a missão é sair vivo do Maracanã para poder usar as três semanas seguintes para evoluir até o jogo da volta.

Dá para dividir o trabalho do Vítor Pereira em três estágios: ele chegou ainda conhecendo o elenco, com alguns bons resultados; no segundo momento perdeu muitos jogadores importantes e basicamente sobreviveu nas competições com um estilo que ele não curte, só de contra-ataques. Agora é um terceiro momento, com as principais peças à disposição e começando a colocar em prática o que ele quer."
Rodrigo Coutinho, colunista do UOL

Ficha Técnica

FLUMINENSE x CORINTHIANS

Competição: Copa do Brasil, jogo de ida das semifinais
Data e horário: 24 de agosto de 2022 (quarta-feira), às 19h30 (de Brasília)
Local: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro-RJ
Árbitro: Ramon Abatti Abel (SC)
Auxiliares: Kleber Lucio Gil (FIFA-SC) e Fabricio Vilarinho da Silva (FIFA-GO)
VAR: Wagner Reway (PB)

FLUMINENSE: Fábio; Samuel Xavier, Nino, Manoel e Caio Paulista; André, Nonato e Ganso; Matheus Martins, Arias e Cano. Técnico: Fernando Diniz

CORINTHIANS: Cássio; Fagner, Gil, Balbuena e Fábio Santos; Du Queiroz, Fausto Vera e Renato Augusto; Adson, Róger Guedes e Yuri Alberto. Técnico: Vítor Pereira.