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Como mãe de Mbappé peitou o Chelsea e impediu o filho de jogar pelo clube

Kylian Mbappé ao lado da mãe Fayza Lamari (de azul) em jogo do time de handebol do PSG - John Berry/Getty Images
Kylian Mbappé ao lado da mãe Fayza Lamari (de azul) em jogo do time de handebol do PSG Imagem: John Berry/Getty Images

Thiago Arantes

Colaboração para o UOL, em Barcelona (ESP)

26/08/2022 04h00

A lista de polêmicas e controvérsias de Kylian Mbappé cresceu desde que ele renovou com o PSG em maio, tornando-se o jogador mais bem pago do mundo.

O "chapéu" no Real Madrid, a disputa com Neymar por cobrar um pênalti contra o Montpellier e as tentativas de agir nos bastidores para controlar o vestiário do PSG são alguns dos episódios recentes.

Mas, para conhecer o primeiro episódio polêmico do francês, é preciso voltar alguns anos no tempo. Precisamente, para 2011.

Em maio daquele ano, Serge Daniel Boga, então olheiro do Chelsea, recebeu uma dica preciosa. Um amigo, que trabalhava na Nike, avisou.

"Tem um jogador muito bom no AS Bondy. Você precisa ir lá dar uma olhada". Semanas depois, o olheiro foi ver de perto o jovem Kylian Mbappé-Lottin.

Mbappé era muito bom, mas à primeira vista não achei um fenômeno. Então, me falaram que ele estava jogando contra garotos dois anos mais velhos. Foi aí que a minha avaliação mudou"
Daniel Boga, olheiro do Chelsea, em entrevista ao UOL Esporte

Seguro de que estava diante de um jogador acima da média, Daniel falou com os pais do jovem Kylian para convencê-los a levá-lo para um período de testes em Londres. Em 2012, já com 13 anos, Mbappé viajou para a capital inglesa, acompanhado da mãe, a ex-jogadora de handebol Fayza Lamari.

Kylian Mbappe posa com a camisa do AS Bondy, clube em que começou a atuar como jogador de futebol - Stephane Cardinale - Corbis/Corbis via Getty Images - Stephane Cardinale - Corbis/Corbis via Getty Images
Kylian Mbappe posa com a camisa do AS Bondy, clube em que começou a atuar como jogador de futebol
Imagem: Stephane Cardinale - Corbis/Corbis via Getty Images

Foi o primeiro contato de Kylian com a estrutura de um clube profissional de alto nível. "E ele aproveitou bem, o Chelsea gostou dele", conta o olheiro.

Com a camisa 10 e o nome "Kylian" estampado nas costas, Mbappé participou da vitória por 7 a 0 sobre o Charlton, em um amistoso das categorias de base. Mas o jovem francês não fez gols, e o protagonista acabou sendo o inglês Tammy Abraham, hoje na Roma.

Ao final do período de testes, a equipe técnica do Chelsea decidiu que precisaria de mais tempo para tomar uma decisão.

Com a bola, ele era fantástico, mas sem a bola não se esforçava tanto. Eles queriam mais tempo para focar na parte defensiva e fizeram uma proposta para voltar e fazer mais um período de testes"
Daniel Boga, olheiro do Chelsea

Então, entrou em ação a mãe do jogador. Fayza Lamari ficou indignada com a ideia de Jim Fraser, o responsável pelas categorias de base do clube inglês. "Ela falava as coisas pra ele em francês, e eu traduzia. Houve um momento em que ela falou: "meu filho não vai voltar. Ou vocês ficam com ele agora, ou pagam 50 milhões de euros daqui a cinco anos", relembra Daniel.

Incrédulo, o olheiro-tradutor ainda tentou acalmar os ânimos, e chegou a perguntar "Você quer mesmo que eu traduza isso?" para a mãe do jogador. "Ela disse que era pra traduzir tudo. E assim acabou a história de Mbappé no Chelsea".

Pouco depois da viagem a Londres, Mbappé entrou no programa de treinamento de jovens da Federação Francesa de Futebol, em Clairefontain. O primeiro contrato profissional foi assinado em 2015, três anos depois, com o Monaco, clube que o astro francês defendeu até fechar com o PSG.