Topo

Como fica o inquérito de Renan agora que zagueiro se mudou para time árabe

Entenda como fica a investigação do acidente envolvendo Renan após o zagueiro ser anunciado por time árabe - Reprodução
Entenda como fica a investigação do acidente envolvendo Renan após o zagueiro ser anunciado por time árabe Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

27/08/2022 04h00

O zagueiro Renan foi anunciado pelo Shabab Al Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, depois de chegar a um acordo para arcar com parte do sustento das filhas de Eliezer Pena, motociclista atropelado e morto por ele em 22 de julho deste ano.

O acerto com a família da vítima, que engloba ainda pagamentos por danos morais e materiais, fez a Justiça autorizar o jogador a retomar a carreira no futebol, inclusive fora do Brasil, mas não altera os protocolos da investigação. O caso está em apuração, o delegado responsável aguarda laudos periciais e o zagueiro pode ser denunciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

O UOL Esporte ouviu o promotor do caso e as defesas do jogador e da família da vítima, e explica como fica a situação do zagueiro em relação ao acidente agora que ele vai morar nos Emirados Árabes Unidos.

Renan vai precisar voltar ao Brasil durante o inquérito?

Embora tenha sido liberado para deixar o país, Renan terá de se apresentar à Justiça a cada quatro meses, ou quando for intimado, 'devendo manter o seu endereço atualizado nos autos', conforme aponta o inquérito policial ao qual a reportagem teve acesso.

Segundo o promotor do caso, esses esclarecimentos à Justiça poderão ser feitos à distância.

"O comparecimento [à Justiça], de quatro em quatro meses, pode ser presencial ou online, por uma plataforma. Isso enquanto estiver na fase do inquérito", explicou Rogério Filócomo, promotor do caso.

Renan segue sendo investigado?

O promotor do caso envolvendo Renan disse que o acordo entre o zagueiro e a família do motociclista é um compromisso assinado no âmbito civil. Ou seja, a investigação policial continua e o jogador pode ser denunciado e processado pelo ato.

"O acordo é civil, com reflexo no criminal. O reflexo no criminal foi justamente essa alteração da medida cautelar e autorização para ele poder jogar fora do Brasil", afirmou o promotor.

Desta forma, o inquérito policial que apura o acidente continua, e o delegado aguarda laudos periciais para concluir a investigação. Em seguida, o Ministério Público pode denunciá-lo por homicídio culposo.

Há chance de Renan ainda ser preso?

Como a investigação sobre o acidente continua, Renan ainda pode ser preso. Antes disso, porém, ele teria de ser denunciado e processado, muito provavelmente por homicídio culposo.

No caso do jogador, dois agravantes poderiam aumentar a pena, caso ele seja considerado culpado pelo acidente.

Ele estava com a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) provisória e tinha a permissão para dirigir suspensa quando atropelou o motociclista.

Além disso, segundo depoimento de dois motoristas que passavam pelo local na hora do ocorrido, o zagueiro foi visto chorando, admitindo que estava bêbado. Ele ainda teria vomitado, ingerido dois litros de água trazidos por uma pessoa não identificada e urinado às margens da rodovia, que liga as cidades de Bragança e Itatiba.

Renan vai precisar voltar ao Brasil se for processado?

Durante o inquérito policial, Renan poderá se apresentar à Justiça de forma online, a não ser que seja intimado.

A decisão foi tomada por causa do acordo financeiro firmado entre ele e a família da vítima e porque a Justiça entende que o jogador está disposto a contribuir com as investigações, desde quando se envolveu no acidente com Eliezer Pena. Por isso, aliás, ele conseguiu assinar com o time árabe.

"Não há indícios de que o averiguado [zagueiro Renan] busca se esquivar da Justiça, sendo que está com advogado constituído nos autos, efetuou o pagamento da fiança arbitrada, além de ter firmado acordo a título de danos morais e materiais em prol da família da vítima", diz trecho do inquérito policial.

De acordo com o promotor do caso, Renan terá de voltar ao Brasil caso seja processado.

"Se tiver processo, oitiva de testemunhas, interrogatório, aí a presença é física. Ele vai ter que ir presencialmente ao fórum de Bragança", explicou Rogério Filócomo.

"Esse comparecimento [durante o inquérito] é para ele apresentar uma justificativa, atualização de endereço, essas coisas. Encerrado o inquérito policial, oferecida a denúncia e iniciado o processo, quando tiver audiência ele precisa estar presente", ressaltou.

Relembre o caso

O acidente envolvendo o zagueiro Renan aconteceu na manhã do dia 22 de julho, uma sexta-feira, por volta das 6h40 (de Brasília), na altura do quilômetro 47 da rodovia Alkindar Monteiro Junqueira, em Bragança Paulista.

O defensor dirigia um Honda Civic quando invadiu a contramão e atingiu frontalmente uma motocicleta Honda CG 160. O acidente resultou na morte do motociclista Eliezer Pena, enquanto o jogador saiu ileso e se recusou a fazer o teste do bafômetro.

Renan foi emprestado ao Red Bull Bragantino após surgir no Palmeiras. Ele estava no clube alviverde desde o sub-13 e subiu ao profissional em 2020.

O zagueiro foi preterido pelo técnico Abel Ferreira na lista de inscritos do Palmeiras no Mundial de Clubes de 2021, quando a equipe foi derrotada pelo Chelsea na final.