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Como o Grêmio está em crise, mesmo há 14 rodadas no G4 da Série B

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

27/08/2022 04h00

É uma situação curiosa. Ao mesmo tempo que está há 14 rodadas no G4 da Série B, e tem ao menos a garantia no grupo que está conquistando acesso à elite do Brasileirão, o Grêmio se vê envolvido em uma crise. Após a derrota para o Ituano por 1 a 0, ontem (26), em casa, o técnico Roger Machado foi xingado, o time ouviu vaias e pedidos pelo retorno de Renato Gaúcho. A explicação para tal fenômeno se sustenta nos tropeços recentes e na ânsia por ver um futebol melhor, mas não tem escora nos números.

O retrospecto recente é que preocupa. O Grêmio perdeu para o CRB por 2 a 0, empatou com o Cruzeiro em 2 a 2 e completou a trinca sem vitória na queda em casa para os paulistas.

"Não tenho ilusão de que teremos a tranquilidade que existia em outros momentos, com o clube na Primeira Divisão e em um ciclo vitorioso. O que eu disse para os atletas é que não precisávamos, diante de um jogo ruim, trazer este ambiente de pressão para o nosso trabalho neste momento. Mas se há uma lição, é que os atletas sabem reagir bem a estes momentos", disse o técnico Roger Machado.

Por outro lado, basta olhar um pouco mais para trás para respirar fundo e manter a tranquilidade. O torcedor gremista não viu seu time perder por 17 partidas antes da queda em Maceió.

"Quando começaram a fazer projeções de acesso, planejando o próximo ano, eu disse que era prematuro. Com os atletas visualizando isso, deixam de ter a concentração necessária em todos os momentos", acrescentou Roger.

Mesmo no período de invencibilidade, a torcida reclamava. O pleito dos gremistas se sustenta na falta de grandes atuações. Dos 17 compromissos sem perder, nove foram empates, o que jogou ao treinador a ira dos aficionados.

"Acompanho semanalmente o trabalho e é muito consistente. Há uma absoluta sintonia entre comissão técnica e elenco. O que aconteceu hoje é o que todos estávamos preocupados que poderia acontecer. Todos querem saber em qual rodada vamos chegar na Série A. É a síndrome que todos tínhamos: medo. Achar que vai ser fácil, que vamos chegar logo e voltar para a Série A. Isso serve para todos baixarem a guarda e colocarem a cabeça no lugar", disse o presidente Romildo Bolzan Júnior, que indicou a manutenção da comissão.

Ainda paira sobre a Arena, o fantasma de Renato Gaúcho. Maior ídolo da história do clube pelos feitos como jogador e treinador, Portaluppi está sem clube e ergueu uma série de taças importantes na última série vencedora do Grêmio. Com ele no leme foram títulos da Copa do Brasil, da Libertadores, da Recopa e a retomada da hegemonia estadual. Por isso, a cada infortúnio seu regresso é exigido.

O fator financeiro que abastece as críticas ao Grêmio. Com a maior folha de pagamento da Série B, e investimento superior a muitos clubes da primeira divisão, os tropeços se tornam ainda mais graves na avaliação da torcida.

Por outro lado, o torcedor que conseguir desvincular o rendimento do time dos resultados ficará mais tranquilo. Ainda que gere alguma preocupação o fato de o Grêmio poder perder o terceiro lugar na classificação caso o Vasco vença o Bahia, hoje (28), a chance de regressar à elite segue gigantesca e nem mesmo a queda atual prejudica o recorte maior.

O Tricolor terminou o primeiro turno da Série B em quatro, com 33 pontos. Margem de cinco pontos para o quinto. Considerando apenas o returno, o time ocupa o mesmo quarto lugar, com 11 pontos em sete compromissos.

Olhando para a classificação geral, a margem para o primeiro fora da zona de acesso poderá, na pior das hipóteses, ser de cinco pontos ao fim da rodada, o que garante ao menos mais uma no G4, independente de qualquer placar.

Segundo estatísticas da UFMG, o time gaúcho tem mais de 80% de chances para confirmar o acesso. Ou seja, ainda que viva um período de instabilidade, não há real motivo para pânico.

"Sabemos que o acesso não será um mar de tranquilidades. A segunda divisão é muito difícil", garantiu Roger.

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