Sósias divertem boleiros e ralam para imitar cabelo e tatuagens dos atletas

Os torcedores normalmente são apontados como o 12º jogador de seus respectivos clubes, e alguns deles aproveitaram o bordão para "encarnar" algumas das estrelas do futebol brasileiro. Populares entre jogadores e tietados nas ruas e arquibancadas, os sósias roubaram a cena nos últimos anos.

O apito inicial para esses artistas é sempre o mesmo: algum amigo, parente ou colega de trabalho faz uma comparação inocente. Eles levam o "título" a sério e reproduzem tatuagens, cortes de cabelo, gestos e posturas. Segundo eles, este é o principal desafio na saga para representar os "originais" da forma mais fiel possível.

"O mais complicado como sósia é o visual, sempre trocando para ficar parecido com o jogador. No mesmo dia em que ele mexe no cabelo, a gente já tem que ficar preparado para mudar o visual", contou Renan Freitas, sósia do atacante Pedro, do Flamengo, e jogador do CAACBrasil, clube da Série C carioca, ao UOL Esporte.

"O maior desafio é ser o máximo possível parecido, agir um pouco como o jogador. Eu gosto de colocar a minha essência, mas também de parecer com ele também. O maior desafio é esse", completou o Cássio de Piracicaba, sócia do goleiro e ídolo do Corinthians.

Tem sósia que, inclusive, "herdou" até nome e sobrenome do seu homenageado. É o caso de Gabriel Feitosa, de 25 anos, "xará" do meio-campista do Palmeiras. "Temos o mesmo nome e sobrenome. Ele se chama Gabriel Vinicius Menino, já eu, Gabriel Vinicius de Lima Feitosa", contou.

E claro que o trabalho como sósia rende divertidos episódios, como viralizar após postar um vídeo "entregando" pizza, ser tietado por torcedores rivais e até "invadir" o ônibus da delegação.

Pizza à Palmeiras

Sósias de Gabriel Menino e Gustavo Gómez, Gabriel Feitosa e Guilherme Silva agitaram as redes sociais após o empate em 1 a 1 entre Palmeiras e Flamengo e viraram assunto até entre a delegação alviverde. E, segundo eles, tudo começou de modo "muito aleatório".

"Após o jogo, chamei o sósia do Gabriel Menino para guardarmos um guaraná que ele tinha comprado no baú da minha moto. Me veio a ideia de descer na moto buzinando no meio dos palmeirenses. Nosso amigo Denis deu a ideia de pegarmos a caixa de pizza vazia e fingir estar entregando. Acatamos a ideia e fomos ali nos arredores fazer a brincadeira", explicou Guilherme, sósia do zagueiro alviverde há três meses.

"Saber que isso ocasionou uma resenha entre os jogadores é demais. A sensação mais nítida é de alegria conjunta e realização, pois para todos que vivem acompanhando esses caras o normal é eles serem o assunto, o que eles fazem repercutir, e ver o contrário acontecer é único", completou o sósia de Gabriel Menino, que ocupa o cargo há oito meses.

"Foi o assunto lá no CT. Acho que eles nem treinaram direito, o assunto era os sósias", contou Dido Leita, sósia do atacante Dudu desde 2017, que esteve com Gabriel e Guilherme na porta da Academia de Futebol dias após o vídeo da pizza. Lá, os sósias tiraram fotos com os jogadores e com o técnico Abel Ferreira.

'Invasão' de ônibus e troca de goleiros

Mas não são apenas os sósias do Palmeiras que já passaram por experiências inusitadas. Sósia de Arrascaeta, do Flamengo, desde 2019, Leonardo Garcias da Cruz, de 43 anos, participou de uma "invasão" ao ônibus rubro-negro às vésperas do jogo contra o São Paulo, que rendeu o bicampeonato brasileiro ao clube carioca.

"Reunimos todos os sósias do Flamengo, com o mesmo uniforme, máscara, mochila, mala. Paramos o aeroporto. E na hora de sair do aeroporto, o ônibus do Flamengo estava saindo junto. Eu virei para o sósia do Bruno Henrique e falei 'vamos parar o ônibus para tirar uma foto'. Eu fiz sinal e o cara parou. O sósia do Diego foi na janela do motorista e falou que ele tinha nos deixado no lugar errado. O motorista abriu a porta e nós entramos no ônibus", contou Leonardo.

Já Cássio de Piracicaba, que adotou o nome do goleiro como seu, confundiu o árbitro na vitória por 1 a 0 do Corinthians contra o Botafogo, na Neo Química Arena.

"O juiz parou no meio do jogo e apontando para mim e para o Cássio, como se perguntasse: Vai trocar?", contou o sósia alvinegro.

Os boleiros curtem?

Segundo os sósias, a resposta é 'sim'. Entre presentes, risadas e até "cobranças", eles contam que os jogadores são receptivos, brincam com a situação e até lançam enquetes sobre qual é o mais bonito, o sósia ou o original.

"Já encontrei mais de 15 vezes. Ele me abraçou. Eu sempre levo presente para ele no Ninho do Urubu, levo camisa, cordão de prata, no aniversário dele eu fiz um quadro para ele. Ele já me deu camisas do Flamengo, me colocou dentro do Ninho do Urubu. Me trata com o maior carinho. Minha relação com ele é a melhor possível", contou o sósia do Arrasca.

"Encontrei com o Pedro no estacionamento do Maracanã, um cara super gente boa e me tratou muito bem. Tirei uma foto com ele que está bombando até hoje", completou Renan.

Já Dudu, do Palmeiras, "cobrou" Dido em encontro na frente da Academia de Futebol, isso porque o sósia não tem a nova tatuagem do camisa 7, que cobre boa parte do pescoço. "Ele perguntou logo das tatuagens. Pretendo fazer a do pescoço, que é onde mostra mais".

Leonardo, por outro lado, já tem três tatuagens iguais às de Arrascaeta, duas delas relacionadas ao Flamengo e outra em alusão ao signo do uruguaio, que é geminiano. Curiosamente, o sósia é virginiano.

"Fiz a tatuagem na coxa, da Libertadores, a do 'urubu 14', na batata da perna e a tatuagem de gêmeos, no pescoço, apesar de eu ser virginiano", listou.