Diniz vê Flu 'encorpado' após um turno no comando. O que mudou desde então?
Fernando Diniz completou, diante do Palmeiras, no Maracanã, um turno do Campeonato Brasileiro à frente do Fluminense. Em quase quase quatro meses de trabalho, o cenário tricolor na competição mudou totalmente, e o mesmo resultado teve ressonâncias diferentes. Da preocupação com a zona de rebaixamento à briga pelo título, o treinador avalia que o time "encorpou muito".
Diniz retornou às Laranjeiras no fim de abril, após Abel Braga entregar o cargo em meio a uma queda de rendimento. À época, indicou a intenção de "ganhar muito mais" do que em 2019, quando teve a primeira passagem como treinador do clube.
A estreia dele no Brasileiro foi justamente contra o Palmeiras, fora de casa. O empate em 1 a 1 foi celebrado por alguns aspectos, dentre eles, o fato de ter evitado que o Flu entrasse na zona de rebaixamento. O treinador, inclusive, disse ter sido um "resgate daquele Fluminense que ganhou Estadual".
Tal espírito voltou a ser citado ontem, após o novo empate em 1 a 1, desta vez no Maracanã. Porém, agora, o resultado foi lamentado. Afinal, o Tricolor teve a chance de diminuir a distância para o próprio Verdão e aumentar a pressão na corrida pela ponta da tabela. Em um breve comparativo, Diniz vê a equipe mais criativa e ousada.
"Encorpou muito. Hoje, voltamos a ter um espírito muito parecido com o que teve naquele dia [no empate do primeiro turno], espírito de saber se proteger. Esse time [Palmeiras] é muito forte no contra-ataque, jogadores habilidosos, acostumados a fazer transições ofensivas com qualidade. Atacamos e tentamos o gol desde o início da partida. Infelizmente, não conseguimos o resultado, mas um fator importante, em relação à quarta-feira [contra o Corinthians, pela Copa do Brasil] e outros jogos, é que não tivemos, praticamente, sofrimento algum no sistema defensivo. Teve um ou outra bola, mas a equipe foi solidária e se comportou bem", disse.
"A gente consegue ser um time, em relação ao time da estreia no Brasileiro, mais propositivo, criativo, ousado, e com esse resgate especial nesta partida de saber se um time que se defende bem. Nos defendemos bem na bola parada, nos contra-ataques. A equipe fez uma partida, na parte defensiva, interessante", completou.
Questionado sobre o período no Fluminense, e o que separa um jogo do Palmeiras ao outro, o treinador ponderou que há um equilíbrio entre os envolvidos no dia a dia e fez elogios à dedicação do elenco.
"Existe um trabalho harmônico, que vem da diretoria, passa pela comissão estafe permanente e jogadores. A gente trabalha muito, quase quatro meses de muito trabalho. A gente, provavelmente, é o time que passa mais horas em campo e em sala de vídeo. Os jogadores têm um empenho muito grande",
Ele, porém, citou o que considerou "fator extraordinário", colocando a conexão entre campo e arquibancada como parte do fio condutor que tem ajudado na atual fase da equipe, que está na semifinal da Copa do Brasil e briga pelo topo da tabela no Brasileiro.
"Tenho maior alegria de estar aqui no Fluminense, sei que tem uma conexão diferente da torcida comigo, e de mim para eles. São fatores ordinários, dentro do clube. E os fatores extraordinários é como a torcida está voltando ao estádio, que é uma coisa emocionante, que me dá muita alegria. É muito bom ver o Maracanã lotado de tricolores. Vou fazer de tudo, tenho fé que, juntos, vamos conseguir dar alegria a eles. É muito bom estar aqui e ver o que está acontecendo. Acho que o torcedor do Fluminense, mesmo que não ganhe, sente orgulho pelo que vê em campo. Trabalho muito humilde, solidário, que todo mundo corre, todo mundo pega, Cano volta, Ganso volta, e quando fazemos isso, fica um time competitivo", garantiu.
De fato, em curto prazo, Diniz conseguiu implementar seu estilo de jogo. Logo que chegou, mostrou "desapego" com algumas convicções, e obteve respostas rápidas. A partir daí, e com mais tempo de treino, foi colocando em prática o que ficou comumente conhecido como "dinizismo", aplicando um futebol mais próximo e "companheiro", com todos se movimentando o necessário quando se tem ou não a posse de bola.
Nesta nova passagem pelas Laranjeiras, Diniz, em meio a testes e mudanças, conseguiu "resgatar" alguns jogadores, como o lateral direito Samuel e o zagueiro Manoel, que vivem boa fase e conquistaram espaço no time. Além da admiração que já externou por Ganso, o goleiro Fábio e o atacante Cano foram outros a se tornarem homens de confiança do treinador para o equilíbrio do time.
Há ainda algumas arestas a serem aparadas, como o fato de o time ter levado muitos gols nos últimos jogos, mas o técnico enxerga mais competitividade, algo que pode ser baseado na crescente demonstrada pelo time, até mesmo em "jogos grandes".
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