Paulo Rink elogia Felipão e vê Athletico-PR como potência sul-americana

Semifinalista da Libertadores e no G6 do Brasileirão, o Athletico-PR vive grande fase, muito devido ao técnico Luiz Felipe Scolari, segundo análise do ex-jogador Paulo Rink. Revelado pelo Furacão no início dos anos 1990, o ex-atacante afirmou que o clube paranaense tem totais condições de fazer frente com Palmeiras e Flamengo, times que têm dominado o cenário do futebol nacional e sul-americano. Hoje (3), o Athletico recebe o Fluminense, às 19h (de Brasília), pela 25ª rodada, para seguir no topo do Brasileirão.

"O Athletico segurou o Flamengo na Copa do Brasil, no Maracanã com estádio lotado num 0 a 0 e perdeu aqui em casa, é verdade. O Pedro achou [o gol] numa jogada talentosa, porque você não faz um gol daquele de bicicleta que o Pedro fez. O Felipão traçou um planejamento contra o Flamengo, e o Athletico segurou o Flamengo no Maracanã. O Palmeiras tem uma equipe qualificada, uma equipe mais entrosada que a do Flamengo, apesar do Flamengo ter talentos individuais melhores", analisou o ex-jogador, que atualmente, aos 49 anos, administra a sua fazenda.

Apesar da rejeição inicial por parte dos atleticanos, Felipão caiu nas graças dos torcedores e hoje vive idolatria, como usufrui em outras equipes pode onde foi campeão, apontou Rink.

"O Felipão representa [no Athletico] como no Palmeiras, quando foi campeão da Libertadores, para o Cruzeiro, quando representou a seleção brasileira. Acho que o Felipão tem uma história, ganhou a Copa da Ásia [Japão e Coreia do Sul, em 2002]. Também como treinador, foi para Portugal e mudou o futebol português. Deixou o futebol português acreditando em si mesmo numa Eurocopa. Não foram os 7 a 1 [contra a Alemanha, na Copa de 2014] que a gente lembra, infelizmente, aconteceu. A gente tem várias vitórias dele positivas", analisou.

"Ele tem equipe regular, não é uma equipe superior como o Palmeiras, um elenco muito mais qualificado e muito mais caro, assim como o Flamengo. Ele está jogando de igual para igual com as peças que tem e está usando a habilidade e a experiência dele, dos seus 73 anos. Muita gente desconfiava; Ele não foi meu treinador, mas eu morei na Alemanha [jogou no Bayer Leverkusen, Energie Cottbus, Nuremberg e pela seleção do país] e tive jogadores do Grêmio que jogaram comigo, como o Emerson. Até na seleção brasileira, quando ele foi treinador. Sempre falavam muito bem dele, é um cara que trabalha muito e que gosta de estudar. Pelo jeito, ele vem se atualizando constantemente porque está com 73 anos, mas é um garoto ainda", acrescentou.

Campeão da Série B pelo Furacão em 1995, Rink acredita que o Rubro-Negro paranaense tem totais condições de garantir a classificação à final da Libertadores diante do Palmeiras, visto que venceu o primeiro jogo por 1 a 0, na Arena da Baixada.

"O Palmeiras é mais entrosado, mais perigoso, é muito forte, não perde muitas partidas em casa. Por coincidência, a última que perdeu foi para o próprio Athletico [pelo Brasileirão], os dois com times alternativos, todo mundo com outra competição na cabeça naquele momento. Acho que vai ser um jogo aberto. O Palmeiras ainda é favorito, mas o Athletico vai comendo pelas beiradas e está chegando."

Potência na América do Sul

Nas últimas décadas, o Athletico-PR conquistou o título brasileiro (2001), da Copa do Brasil (2019) e da Copa Sul-Americana (2018 e 2021) e na atual temporada está na semifinal do mata-mata nacional e da Libertadores, além de figurar no G6 do Brasileiro. Para Paulo Rink, são êxitos importantes que colocam o Furacão entre os principais clubes do continente.

"Não sei em que posição está, mas está, com certeza, no top cinco. O Palmeiras foi duas vezes campeão da Libertadores, tem o Flamengo que conquistou em 2019. O Athletico foi campeão da Sul-Americana, foi campeão na Copa do Brasil. Acho que o Athletico está num cenário top cinco nos últimos anos. Nós temos vários clubes brasileiros. O futebol argentino deu uma decaída até pela economia, pelo que vive, o povo argentino, esse momento, essa lástima que acontece com a questão da política para a população afeta também a saúde do futebol. O Brasil hoje está fortalecido, o investimento está vindo, você tem hoje estádios mais cheios do que você tinha anos atrás. Se os times brasileiros estão dominando, tanto na Libertadores quanto na Sul-americana, então eu acho que esse é o reflexo aí", analisou.

"O Athletico acompanhou esse andamento. Hoje já é top quatro na Libertadores. Se empatar com o Palmeiras, vai ficar top dois. É uma coisa que ainda tem que ser jogado semana que vem [na próxima terça-feira, no Allianz Parque]. É um jogo que nunca tem que falar que ganhou porque o Palmeiras é um adversário muito perigoso, já mostrou na Libertadores, sabe jogar, sabe jogar em casa. Vai ser um jogo muito equilibrado", completou.

Outros trechos da entrevista com Paulo Rink

Aposentadoria de Felipão como treinador

"Com a experiência que ele tem, ele escolhe [ser diretor], ele só não pode jogar mais futebol (risos). Essa experiência que ele adquiriu nestes anos todos, acho que é o que eu tenho de vida, o Felipão tem de bola. Estou com 49 anos, ele já tem isso aí currículo dele. O cara é ídolo em várias torcidas do Brasil Esteve no Palmeiras, Cruzeiro, Grêmio... Seleção brasileira nem se fala. Ele ganhou no início da Copa do Brasil com o Criciúma. Ele tem uma história de futebol que pode se adaptar. Eu parei como jogador, fui direto para diretor a convite do [Mario Celso] Petraglia [presidente do Furacão]. Fiquei cinco anos na diretoria do Athletico e aprendi muita coisa, mas eu acabei tomando outro rumo. O Petraglia me botou para questão da política. Acabei me elegendo em 2012, duas vezes como vereador aqui de Curitiba. Agora estou sossegado cuidando da minha fazenda. Estou só torcendo para o Athletico agora."

Confusão no jogo com o Fluminense em 1996, quando o Tricolor carioca foi rebaixado

"A gente estava muito bem nesse campeonato, a gente tinha acabado de ser campeão da Série B em 95. Não era ainda os pontos corrido, mas estávamos entre os oito melhores, nós já estávamos classificados [para as quartas de final] e o Fluminense estava brigando para não cair na última partida. Acabou sendo 3 a 2, a gente acabou fazendo o gol, o terceiro gol, e o Ricardo Pinto [goleiro], que era o ex-atleta do Fluminense, acabou fazendo um gesto infeliz para torcida, tipo chupa, aqui não. Tem todo aquele rancor do ex-atleta, do ex-clube e tal. A torcida invadiu [o gramado], quando viu a gente só se juntou, os atletas do Athletico. A torcida vindo e a gente desviando de pancada, andando em bolinho com segurança, nos trancamos no vestiário. Quando a gente trancou, alguém gritou, o Ricardo levou uma paulada na cabeça, a gente saiu do vestiário, um grupinho, voltou, pegou ele, arredou ele para dentro e daí a gente ficou quase duas horas lá. O Ricardo Pinto saiu de helicóptero aquele dia do estádio, foi uma correria, não tinha essa facilidade como hoje de internet, de informação. Para você ligar naquele Cebolão da Motorola [celular antigo]. As famílias todas preocupadas, todo mundo preocupado, foi realmente um final de jogo muito tenso, pela nossa vitória nas Laranjeiras e a história que acabou depois. Acabou até atrapalhando a sequência do nosso campeonato, porque a gente vinha muito bem. O Ricardo era o nosso goleiro, dava uma estabilidade boa. O Ivan acabou entrando, é uma excelente pessoa, mas teve uma infelicidade no terceiro gol contra o Atlético-MG, mas estava indo. Acabamos ganhando 1 a 0 [no jogo de volta], mas o terceiro gol nos custou a classificação."