Campeão mundial no Inter lembra mágoa com Mano por dispensa no Corinthians
Peça relevante naquele Internacional que ganhou a América e o mundo em 2006, Perdigão tem lembranças e experiências não muito agradáveis quando passou pelo Corinthians dois anos depois. O ex-meia, hoje com 45 anos, foi relegado no Timão por Mano Menezes, atual treinador colorado. Inter e Corinthians fazem neste domingo (4), às 16h (de Brasília), embate direto pelo G4 do Brasileirão.
"Foi uma questão única e exclusiva da comissão técnica, pelo o que eu fiquei sabendo. Antes de começarem as tratativas comigo e com o meu empresário, eles [Corinthians] devem ter ligado para uns cinco, seis volantes antes de falarem comigo [foi contratado em janeiro de 2008]. Eu disse: 'eu vou, a pressão no Corinthians é forte, jogar uma Série B não é fácil, é pressão no Corinthians'. Senti isso ainda mais quando cheguei, a culpa ficou toda na rapaziada [que havia chegado para 2008]", recordou Perdigão, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
"Não é culpa [pelo rebaixamento na temporada anterior], mas transferiram para a turma de 2008, como se a gente estivesse lá. O time foi praticamente reformulado, tivemos os garotos da base, o Dentinho, o Lulinha, o Éverton Ribeiro, o Bruno Otávio... O goleiro Felipe continuou, assim como Fábio Ferreira. O restante, praticamente, era de jogadores que quiseram ser contratados, contratações boas", acrescentou.
De acordo com Perdigão, o fato de não ter o mesmo empresário de Mano Menezes à época - o ex-jogador era agenciado por Ricardo Ruchinsque, enquanto Mano era empresariado por Carlos Leite —, foi crucial para não ter seguido no clube paulista em 2009, quando o Corinthians contou com o reforço de Ronaldo Fenômeno e foi campeão da Copa do Brasil. No ano anterior, ele participou da caminhada que culminou no título alvinegro na Série B.
"Sou um cara do bem, não tem como um treinador não gostar do meu jeito de ser, dentro do elenco também. Além de eu ser vencedor, sou gente boa e tivemos aquele ano de 2008 de reconstrução (...). No final daquele ano [com o título da Série B e a vaga garantida na Primeira Divisão], antes da gente entrar de férias, o Andrés Sanchez falou para mim: 'quero contar com você para o ano que vem e tal, mas o treinador não está querendo muito. Você não é empresariado pelo empresário dele, fala com ele [Mano Menezes]'. Eu falei que não e que isso era com o meu empresário e falei que ele [André] que tinha que querer. Eu não fiquei, foi um ano de conquistas, foi importante. Teria sido legal se eu tivesse continuado, mas tudo bem. A minha parte eu fiz", contou.
O ex-meia curitibano revelou que por um determinado momento guardou mágoas de Mano Menezes, mas o tempo fez o sentimento se dissipar e hoje não tem nada contra o treinador colorado.
"Até hoje nunca tivemos uma conversa do que aconteceu e tal. Joguei com ele no 15 de Novembro de Campo Bom-RS, em 2004, fizemos uma campanha bacana na Copa do Brasil, chegamos à semifinal. Estive com ele também no Caxias. Depois nos enfrentamos, ele pelo Grêmio , eu pelo Internacional, no final de 2007, e ele pediu a minha contratação", lembrou.
"Fiquei chateado com ele sim, até um certo ponto, depois eu entendi que não tinha mais necessidade de ficar mais chateado com ele. Na época, ele não foi parceiro porque quando me chamou eu sempre fui... Deixei de ir para outros clubes para ir com ele em outra situação, faltou ali transparência: 'Perdigão, a minha intenção é trazer outros caras na função, mas eu vou falar que eu quero você e você vai lá e fala com os caras, se você achar que é bom negocia com eles, eu vou contar com você, você não vai ser a primeira opção, mas as coisas podem acontecer como não aconteceu. Talvez poderia ter tido um feedback diferente, comigo faltou uma coisa que o futebol sempre pede que é: 'pai, cadê o teu 'pai?. Aquele treinador é teu pai'. Faltou ele ser paizão. Eu tinha vindo para no sufoco e a gente subiu juntos", completou.
Mano acertou o time do Inter
Prova de que Perdigão não guarda mais rancor, ele disse à reportagem que Mano colocou o time do Inter nos eixos. O Colorado chegou às quartas de final da Copa Sul-Americana (foi eliminado pelo Melgar-PER) e hoje está na parte de cima da tabela do Brasileirão.
"O time está bem. O Mano chegou e mudou totalmente o clima entre torcida, clube e jogadores, conseguiu fazer a galera gostar de torcer, de acreditar. É lógico que teve o episódio da Sul-Americana, estava todo mundo empolgado. O Internacional é um dos mais vencedores, não tem como você não pensar em título e a torcida ficou meio assim [desconfiada]. Mas no Brasileiro tem feito uma baita campanha, está na zona de classificação para a Libertadores", analisou.
Em campo naquele polêmico jogo entre Corinthians e Inter, em 2005, no Pacaembu, quando ainda defendia o lado vermelho do Rio Grande do Sul, Perdigão apontou que a rivalidade com o Timão tem aumentando ao longo dos anos após o episódio que o juiz Márcio Rezende de Freitas não marcou um pênalti a favor dos gaúchos e ainda expulsou Tinga — o jogo terminou empatado em 1 a 1 e os paulistas acabariam ficando com o título brasileiro naquele ano.
"É um jogo sempre difícil, ainda mais que a rivalidade acirrou ainda mais de 2005 para cá. Tem gente achando que é mais clássico Corinthians e Internacional do que contra o próprio Grêmio. O Grêmio é a rivalidade da casa, do bairro, da comunidade do Estado. Contra o Corinthians acabou virando clássico nacional por causa dessa de 2005. Depois aconteceu o rebaixamento do Corinthians, teve o jogo contra o Goiás e o pessoal reclamou que o Internacional fez corpo mole, essas coisas todas. Então, acabou se tornando um clima diferente. Com certeza, vai ser um jogo de muita emoção nesta rodada", comentou.
"O Corinthians voltou a ganhar agora no Brasileirão do Red Bull Bragantino, foi um jogo duro. É sempre complicado jogar em Itaquera. O Internacional vem de três, quatro rodadas firme no Brasileiro, tem crescido bastante. Vai ser um jogo, um duelo de times grandes. Vou arriscar um resultado de empate, é o resultado mais parecido para os dois times", finalizou.
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