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Por que ausências de Dani, Jesus e Coutinho não significam adeus à Copa

Daniel Alves, lateral-direito da seleção brasileira - Lucas Figueiredo/CBF
Daniel Alves, lateral-direito da seleção brasileira Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Do UOL, em São Paulo e Rio de Janeiro

10/09/2022 04h00

Classificação e Jogos

Na lista para os últimos amistosos da seleção brasileira antes da Copa do Mundo, três nomes de confiança de Tite ao longo da passagem do técnico no cargo não apareceram: Dani Alves, Gabriel Jesus e Philippe Coutinho.

Poderia ser um sinal de descarte a menos de dois meses do anúncio da lista final para o Qatar, mas não é o caso. Cada um tem um contexto diferente, mas Tite está longe de considerá-los prescindíveis.

A admiração do técnico da seleção pelo trio é pública e de longa data. Juntos, Dani, Jesus e Coutinho somam 138 partidas pela seleção sob o comando de Tite. Eles foram importantes no primeiro ciclo, pré-Copa 2018. Em diferentes momentos, o treinador fez um trabalho de recuperação da moral e do status de cada um na seleção.

Nessa convocação específica, para os jogos do Brasil contra Gana e Tunísia, é possível separar a situação de cada um para entender o que se passou na cabeça da comissão técnica para preterir os três.

Dani Alves

O caso de Daniel Alves foi explicado de forma mais detalhada na coletiva de ontem (9) na CBF. O ponto central da ausência de um dos capitães da seleção de Tite é a parte física. E isso é relevante, considerando os 39 anos de idade do jogador em questão. Dani não fez pré-temporada. E mesmo assim jogou por inteiro os nove jogos que somou até o momento pelo Pumas, do México. A equipe passou oito partidas sem vencer e só ganhou a última partida, diante do Querétaro, lanterna do Campeonato Mexicano.

Uma gastroenterite poucos dias após chegar ao novo clube também comprometeu as condições físicas de Daniel Alves, que já vinha atuando no meio-campo. Com perda de peso e massa magra, o desempenho ficou aquém do nível esperado pela comissão técnica. Por consequência, a parte técnica foi afetada, segundo a leitura do estafe de Tite.

A alternativa na convocação não foi nem colocar um rival da mesma posição no lugar de Dani Alves e sim experimentar um desenho no qual um dos zagueiros chamados (Militão ou Ibañez) possa ser o reserva de Danilo.

Coutinho

Com Coutinho, a reticência também envolve a parte física. O jogador ainda não fez um jogo completo na atual temporada pelo Aston Villa, por mais que tenha sido titular em quatro dos sete jogos. Além da relativa baixa minutagem em campo, a comissão percebeu que o meia estava saindo de campo com cãibras, o que indica a necessidade de evolução de condicionamento físico.

Detalhe é que Tite apostou em Coutinho no começo do ano, mesmo quando ele ainda estava com futuro incerto no Barcelona. A injeção de confiança dada a ele na seleção gerou boas atuações em jogos das Eliminatórias e uma melhora de desempenho na chegada ao Aston Villa - tanto que o clube inglês comprou definitivamente os direitos econômicos do meia. Nas convocações passadas, Coutinho era o substituto imediato de Neymar.

Olhando a lista atual, Tite deixou Coutinho fora para trazer Everton Ribeiro de volta. A leitura possível, considerando as respostas do treinador na coletiva, é que o técnico também precisava dar mais uma chance ao meia do Flamengo. Ele voltou a jogar bem a partir da chegada de Dorival Júnior, que foi elogiado por Tite.

"Conseguiu em pouco tempo ajustar a equipe de uma forma. Fazer complemento de setores e complemento de equipe, o que é muito difícil. Em cima da retomada de alto desempenho do Everton e do Flamengo, de uma forma geral ele eleva o nível técnico dos atletas", disse o treinador da seleção.

Gabriel Jesus

Com Gabriel Jesus, a estranheza pela ausência na lista atual da seleção é causada pela retomada da boa fase do atacante na Inglaterra. Ele saiu do Manchester City e foi para o Arsenal e é titular do atual líder da Premier League.

O ataque da seleção foi preenchido por Firmino, Matheus Cunha e Pedro. Mas algumas explicações de Tite pode representar que Gabriel está até com mais moral do que os outros e por isso não estará nos amistosos.

"Gabriel Jesus, especificamente, está em um grande momento e concorrendo. Esta convocação serviu para oportunidades a outros", explicou o treinador.

Um outro ponto diz respeito à versatilidade. Gabriel Jesus pode tanto atuar como atacante centralizado quanto aberto pela ponta. Depende do gosto de Tite para o adversário em questão. O técnico, inclusive, tenta juntar elementos para tomar a decisão final com "paz":

"É uma convocação para estes jogos. Fica uma mensagem para todos os atletas: Façam o seu melhor, preparem-se fisicamente, cuidem-se clinicamente, para daqui a 60 dias competir de forma definitiva. Essas também são oportunidades para que ali na frente haja um pouco mais de paz, um senso de justiça, para que a gente possa decidir".