Felipe Melo pede Flu atento em 'decisão' e celebra clima contra Corinthians
Candidato a uma vaga na equipe titular do Fluminense para o duelo com o Corinthians, pela semifinal da Copa do Brasil, o volante Felipe Melo pediu que o elenco tricolor entenda que "para fazer história, depende muito desse jogo", e falou sobre o clima que aguarda a equipe das Laranjeiras na Neo Química Arena. No primeiro confronto, no Maracanã, empate em 2 a 2.
O camisa 52 é um dos cotados para a vaga do suspenso André. O setor, inclusive, é motivo de dor de cabeça para o técnico Fernando Diniz, que também não terá outro titular. Nonato, que estava emprestado pelo Internacional, foi vendido ao Ludogorets, da Bulgária, recentemente.
"Sou um cara que faz de todos os jogos uma decisão. Acho que o Fluminense tem de entrar em campo entendendo que, para fazer história, depende muito desse jogo. O Fluminense foi campeão desta competição uma vez e, eternamente, os atletas que estavam aqui vão ser lembrados. Se quisermos continuar colocando a nossa latinha lá no mural, no Maracanã e aqui no CT, como aconteceu no primeiro semestre, temos de encarar o jogo como decisão. Parece clichê, mas é como temos de encarar. Entender que do começo até o apito final não deixar, em nenhum momento, que a gente se perca, seja na concentração, foco, e sobretudo aos detalhes. Detalhes fazem a diferença em grandes jogos. É encarar com uma decisão", disse.
Questionado sobre a torcida do Timão, Felipe Melo, inicialmente, fez elogios à do Palmeiras, clube onde ele jogou, mas reconheceu a dificuldade de se jogar em Itaquera. Por outro lado, o volante lembrou que o Tricolor já conquistou bons resultados longe de seus domínios nesta temporada.
O camisa 52 salientou ainda que "jogador de time grande gosta de jogo grande" e avisou: "eu me amarro".
"Em São Paulo, a melhor torcida é a torcida do Palmeiras, sem dúvida, mas a torcida do Corinthians faz uma diferença enorme também. É uma torcida diferenciada. Tive a oportunidade de jogar jogos importantes ali contra o Corinthians, e fazem a diferença fora de campo. Em campo, nós jogadores que atuamos. Entender que é uma final, uma decisão, e para o time que quer ser campeão, tem de saber jogar fora de casa. Jogamos contra grandes clubes fora de casa e tivemos grandes resultados, mas é trazer à memória também jogos que não tivemos bons resultados e entender onde erramos, porque não temos margens de erros. É vencer ou vencer, não tem outra opção. Então, é estar em campo focado, entendendo e focando nos mínimos detalhes", afirmou.
"No momento, temos de trabalhar. Entendemos... Na Libertadores, fizemos um resultado bom em casa e perdemos a classificação fora. Já perdemos jogos fora de casa que estão fazendo falta no Brasileiro. É pegar os números, estamos bem, mas lembrar o que erramos. Tentar melhorar. Na Arena Corinthians é o estádio todo gritando, mas isso é bom para o jogador. O atleta gosta disso. Quando estava no Palmeiras, fomos à Bombonera, o estádio tremia e vencemos. Jogador de time grande gosta de jogar jogo grande, por mais que seja contra, gosta. Eu gosto, em amarro, e vamos estar preparados para quinta-feira para trazer o resultado aqui no Rio", completou.
Veja outros pontos da entrevista
Rivalidade Palmeiras x Corinthians
"Rivalidade vai existir sempre, pelos anos que vivi no Palmeiras, pelo sentimento que tenho pelo clube. O corintiano me vê como atleta do Fluminense, mas como ex-jogador do Palmeiras"
Vaias
"É uma minoria que vaia. Eu vi antes do jogo alguns torcedores vaiando alguns atletas nossos que estão até bem. O Fluminense vive um ano, às vésperas de um jogo tão importante contra o Corinthians, que pode passar para a final da Copa do Brasil, estamos brigando nas primeiras colocações do Brasileiro, fomos campeões do Estadual depois de alguns anos... Não sei o que quem vai está querendo, se é criar um tumulto, um problema dentro do ambiente, mas quando vamos a campo não é para jogar por quem vaia, e sim para os que vão ao Maracanã e são tricolores de coração, que sofrem assim como a gente sofre também. E são milhares e milhares. Isso é do ser humano, temos um grande defeito que é focar na minoria. Se tem 60 mil pessoas no Maracanã e cinco mil vaiam, por que vocês vão dar foco a cinco mil e não a 55 mil que aplaudiram? Ou que vaiaram os que vaiaram?
Ao longo da minha vida, tenho entendido e aprendido a não dar foco e nem voz a tipo de pessoas assim, seja no estádio, nas redes sociais... Dou foco a quem vê meu trabalho árduo dia a dia, quem está junto comigo. Os outros, o que eles querem são cinco minutos de fama"
Pensou em desistir?
"O pensar em desistir foi um dia. No dia que saí do treino aqui chorando porque comecei a treinar e senti muita dor. Falei: "Não dá para ficar assim, chorando, treinando com muita dor". Aí tive uma conversa com uma amiga, ela não sabia nada e disse: "Vim falar uma coisa com você: Deus falou para você desistir de desistir". Sou um cara de muita fé e falei: "Se é da vontade de Deus eu continuar, ele vai fazer um milagre na minha vida, as coisas vão começar a melhorar". Claro que se nós queremos vencer na vida, mas não é sentadinho, continuar treinando sem fazer nada. Existe um preço a pagar, mas a cada dia eu tenho melhorado"
Saída de bola no estilo Diniz
"Treinamos muito. São três, quatro horas no campo treinando, fora os vídeos e tudo. Eu já vi entendedores de futebol enxergarem erros de atletas que jogam em grandes clubes europeus como personalidade. O erro nosso aqui não é personalidade. Quantas vezes aqui o Fluminense já saiu jogando? E quantas vezes foram saindo ao lado do goleiro? Quantos pontos já ganhamos construindo jogadas? Acho que foram muito mais do que erros individuais. É como eu falo, vamos focar no que temos feito de melhor. Sabemos o que a gente pode e deve melhorar. É claro que tem erros, como aconteceram contra o Fortaleza, que não devíamos cometê-los, mas a gente trabalha no limite. É um futebol bonito de se ver, mas para fazer um futebol bonito tem que trabalhar muito. Não é fácil, é muita movimentação.
O último jogo foi muito claro para mim: alguns torcedores não vaiavam, mas ficava um burburinho porque a gente poderia virar a bola e continuava no mesmo canto. Isso é trabalho, é treino nosso. Quando estiver certo que do outro lado, tranquilo para virar o jogo, vamos fazer. Quando estamos na paralela cheia que o Diniz faz, é porque a gente trabalha para isso. São detalhes que fazem a diferença. Já saímos jogando várias vezes, fizemos vários gols. O bonito é trabalhar. O que as pessoas não enxergam é que quando os clubes vêm jogar contra o Fluminense, como o Fortaleza, o Galhardo estava marcando. O Corinthians, o Roger Guedes estava na lateral marcando. As pessoas se preparam para jogar contra o Fluminense, porque sabem que senão o Fluminense vem preparado contra eles"
Relação com a torcida
"Acho que a gratidão tem de existir dos dois lados. Se hoje estou nessa situação na qual sofro bastante com as dores, é porque me arrebentei dentro de campo pelo Fluminense. E deu certo, fomos campeões. Independentemente de ser regional, o Fluminense tinha tempo que não ganhava. De quebra, impedimos um dos maiores rivais de se tornar tetracampeões.
Minha família sabe o preço que é pago todos os dias para não trabalhar sem dor, porque isso não vai acontecer jamais, mas que eu possa trabalhar sem nenhum tipo de problema. Às vezes, giro em cima do joelho e ainda sofro um pouco, mas agradeço demais a Deus. De algumas pessoas falarem que seria difícil voltar a jogar, já estou trabalhando, jogando e, a cada dia, as dores têm melhorado bastante. E sigo sonhando e entendendo que o fim vai ser melhor do que o início"
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