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Racha, insubordinação e dispensa: bastidores do time feminino do Palmeiras

Jogadoras e comissão técnica do Palmeiras após goleada para o Corinthians  - FABIO MENOTTI
Jogadoras e comissão técnica do Palmeiras após goleada para o Corinthians Imagem: FABIO MENOTTI

Do UOL, em São Paulo

14/09/2022 04h00

A partida contra o Corinthians, que tinha tudo para ser o maior jogo da ainda curta história do futebol feminino do Palmeiras, no último sábado (10), terminou em uma derrota acachapante. Diante se seu maior público como mandante (11,4 mil pessoas), o Alviverde perdeu por 4 a 0, na volta da semifinal do Campeonato Brasileiro (perdera por 2 a 1 na ida), no Allianz Parque.

O resultado decepcionou a torcida, que se mobilizou ao longo da semana para ver o Alviverde, dono da melhor campanha do torneio. E mais até do que o resultado, alguns detalhes assustaram. Como, por exemplo, o fato de a dupla de zaga titular, formada por Thaís e Agustina, jogadoras de seleção, não ter ido a campo.

A ausência das defensoras gerou especulações por parte da torcida, agravadas pela postura inicial do Palmeiras de esperar pelo término do jogo para fazer um esclarecimento. Mas o que de fato aconteceu? O UOL Esporte conversou com pessoas envolvidas na questão para entender o que há por trás da derrota por 4 a 0.

A faixa de capitã e a insubordinação de Agustina

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A capitã Agustina conduz a bola pela final do Brasileirão 2021 entre Palmeiras e Corinthians
Imagem: JHONY INÁCIO/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

Em agosto de 2021, Bia Zaneratto se transferiu para o futebol chinês. Principal jogadora do Palmeiras, a atacante era também a capitã da equipe. E, com sua saída, a zagueira argentina Agustina Barroso herdou a faixa.

Mas Bia retornou ao clube em fevereiro deste ano, e Agustina passou a ser uma espécie de vice-capitã da equipe.

No último dia 7, Bia não estava na delegação que iria enfrentar o Red Bull Bragantino pelo Campeonato Paulista, por ter atuado em amistoso da seleção brasileira. Mas o técnico Ricardo Belli optou por dar a faixa a Camilinha, em vez de Agustina.

Segundo pessoas ouvidas pela reportagem, Agustina ficou muito contrariada com a decisão e manifestou seu descontentamento com insubordinação. Em condição de anonimato, uma colega da jogadora disse que essa não foi a primeira vez que a argentina não aceitou bem uma ordem direta do comando da equipe.

O pedido de suspensão e a solidariedade de Thaís

A despeito da insubordinação, Agustina foi a campo contra o Bragantino, quarta passada, no Canindé. Mas, depois do jogo, o técnico Ricardo Belli pediu à diretoria para que a defensora fosse suspensa.

O diretor Alberto Simão acatou o pedido de Belli, e a jogadora, desse modo, ficaria fora da partida contra o Corinthians, marcada para o último sábado (10).

Mas ao pedir o afastamento de uma atleta, Belli acabou ficando sem duas. Isso porque Thaís, companheira de zaga e jogadora mais próxima de Agustina no grupo, não treinou na quinta-feira. E, na sexta, comunicou que não iria atuar contra o Corinthians no dia seguinte e que queria deixar o Palmeiras.

Improvisação na defesa e massacre

p  - Rebeca Reis / Staff Images Woman / CBF - Rebeca Reis / Staff Images Woman / CBF
Palmeiras tira a invencibilidade do Corinthians e aumenta vantagem na ponta do Brasileirão Feminino
Imagem: Rebeca Reis / Staff Images Woman / CBF

Após a derrota por 4 a 0, Alberto Simão disse que não acreditava que a saída da dupla de zaga pudesse ter afetado o Palmeiras psicologicamente. Pelo comportamento um tanto apático e desconcentrado, não parece ter sido bem assim.

Mas se cabe discussão quanto à parte psicológica, quanto à técnica, não há o que dizer. Ficou claro que o Palmeiras sofreu com sua defesa desfigurada.

Sem sua dupla titular, Belli decidiu escalar a volante Julia Bianchi ao lado da zagueira Day Silva. A goleada por 4 a 0 saiu até barata, diante da péssima partida alviverde.

Questão está com o jurídico

Agustina, assim como Thaís, também pediu para não seguir no Palmeiras. A atleta da seleção argentina tinha contrato com o Alviverde até o fim deste ano.

No momento, o departamento jurídico do Palmeiras trata as duas rescisões, que devem ser expedidas sem maiores problemas.

Elenco rachado, grupo difícil

ph - ANDERSON ROMÃO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - ANDERSON ROMÃO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Corinthians e Palmeiras se enfrentaram em agosto pela semifinal do Brasileirão feminino
Imagem: ANDERSON ROMÃO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Fontes ouvidas pela reportagem deram conta de que o atual elenco do Palmeiras não é dos mais fáceis de se lidar. Formado por jogadoras de personalidade forte, esse não é um grupo dos mais disciplinados, embora talentoso.

O técnico Hoffman Tulio, por exemplo, deixou o Palmeiras por bater de frente com algumas das líderes deste Palmeiras, segundo fontes ouvidas pela reportagem. Segundo estas mesmas fontes, as jogadoras nem sempre cumpririam direcionamentos táticos.

A reportagem também ouviu que existem algumas panelas no grupo. E que, por essa razão, o desligamento de Agustina e Thaís não está causando grande comoção. Inclusive porque algumas jogadoras avaliam que a dupla deixou o time na mão no momento mais importante da temporada.

O que acontece agora?

O Palmeiras deve terminar a temporada com as jogadoras que permanecem no elenco. Hoje, o time tem apenas Day Silva como zagueira de ofício com mais rodagem. O que significa dizer que improvisações devem continuar acontecendo.

Carolzinha é uma zagueira com menos experiência. Poliana também atua na posição, assim como na lateral-direita, mas por já ter jogado por outra equipe no Brasileiro, não pôde disputar o Derby

O Palmeiras tem mais três compromissos pela primeira fase do Paulista neste mês. Amanhã, o time encara o São José, fora de casa. No dia 21, visita ninguém menos que o Corinthians, no Parque São Jorge. E, no dia 29, recebe a Portuguesa.

Em outubro, o campeonato estadual é interrompido para a disputa da Copa Libertadores, que o Palmeiras vai disputar pela primeira vez, sendo retomado em novembro, quando o clube entrará em campo outras quatro vezes.

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