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Ex-Flamengo e Santos, vereador é acusado de estupro no litoral de SP

Whelliton Silva (PL), vereador e ex-jogador de Flamengo e Santos - Reprodução
Whelliton Silva (PL), vereador e ex-jogador de Flamengo e Santos Imagem: Reprodução

Do UOL, em Santos (SP)

16/09/2022 14h17Atualizada em 16/09/2022 14h46

Whelliton Silva, ex-jogador de Flamengo e Santos e atualmente vereador na cidade de Praia Grande, litoral de São Paulo, foi denunciado por estupro, abuso de autoridade e pelo crime de peculato, mais conhecido como "rachadinha". Ele nega todas as acusações. A informação foi inicialmente publicada pelo G1.

A Câmara de Praia Grande analisa o pedido de cassação do ex-atacante após a denúncia de Letícia Almeida Holanda Albuquerque e tem até 13 de dezembro para um parecer. O suposto estupro teria ocorrido no dia 2 abril e foi relatado por meio de Boletim de Ocorrência de natureza não criminal em 14 de junho. Em julho, houve o pedido de instauração de inquérito policial na 1ª Vara Criminal. O processo também cita Janaina Ballaris, advogada, ex-vereadora de Praia Grande e esposa de Whelliton.

Na denúncia, Leticia de Albuquerque afirma ser portadora da Síndrome de Borderline, um transtorno de personalidade. De acordo com o processo, ela está internada numa clínica de reabilitação em São Paulo após "todo trauma sofrido, com agravamento de sua enfermidade".

Letícia alegou que o vereador Whelliton Silva sabia da impossibilidade de ingerir bebidas alcoólicas por conta de uso de medicamentos, mas, mesmo assim, ofereceu as substâncias e a levou para o apartamento dele, onde teria ocorrido o suposto estupro.

A moradora de Praia Grande também alegou que o vereador prometeu o cargo de assessora parlamentar, mas com salário de apenas R$ 2,4 mil. Os vencimentos para essa função são de R$ 12,2 mil. Leticia alega que a diferença seria devolvida com saques e pagamentos de boletos, na famosa "rachadinha".

Sobre o "abuso de autoridade" do processo, Leticia de Albuquerque relata que foi perseguida por agentes da Guarda Civil Municipal de Praia Grande a pedido de Whelliton Silva.

O vereador crê em "guerra política" como motivadora das acusações, numa "armação política orquestrada por pessoas inescrupulosas que se aliaram a essa irresponsável".

Em contato com o UOL, a esposa e advogada Janaina Ballaris Silva acusou o vereador Marquinho, presidente da Câmara e vereador em exercício, e sua companheira, Roberta Cunha, de envolvimento na denúncia de Letícia. Em imagens divulgadas em suas redes sociais, Whelliton mostra que Letícia de Albuquerque foi acompanhada por Roberta para registrar o Boletim de Ocorrência. A defesa do vereador fez uma petição para separar os processos, com julgamentos distintos para o supostos estupro, abuso de autoridade e rachadinha.

"Já era para estar arquivado o processo. Como a Roberta Cunha fez falso testemunha na delegacia e falou que só deu uma carona... Temos que separar tudo. Fiz um processo de denunciação caluniosa e tentaram nos extorquir, mas obviamente não aceitamos. O promotor sabe que é uma guerra política", disse a advogada.

A defesa de Whelliton Silva

"Infelizmente sou obrigado a essa altura da minha vida passar por essa situação. Estou sendo vítima de uma armação política orquestrada por pessoas inescrupulosas que se aliaram a uma irresponsável, mas não impunível. No dia em que ela alega ter ocorrido o fato, saímos do local às pressas porque ela acabaria sendo agredida, pois se insinuava para os homens que estavam no local. Por pouco não houve agressão física. Logo em seguida, fomos para meu apartamento, e como ficou tarde, ela acabou dormindo, sendo que acordou bem cedo e foi embora. Meus dois filhos e minha esposa estavam no apartamento. Nos dias seguintes, continuou conversando normalmente conosco e só resolveu fazer essa denúncia descabida 72 dias depois e, logo após eu não nomeá-la como assessora por incompetência. Trata-se de pura vingança.

Sobre a "rachadinha", é um outro absurdo. Como pode haver este ilícito se nem mesmo houve nomeação? As acusações de abuso de poder, que, segundo ela, eu utilizei meu cargo para acionar a Guarda Municipal... É até um insulto à nossa valorosa GCM. Acionei no número oficial da instituição para somente registrar o fato. Sigo certo que a justiça será feita e tanto essa irresponsável quanto os que estão por trás dessa armação serão responsabilizados. Por fim, quanto à abertura de comissão de ética para apurar um fato que não tem nenhuma prova, digo nenhuma prova, estou muito tranquilo. Não tenho dúvida que essa acusação falsa e criminosa será arquivada em breve, pois jamais cometeria algo assim. Entretanto, as pessoas envolvidas não poderão ficar impunes".

A defesa de Marquinhos

"Causa consternação ao Prefeito em Exercício de Praia Grande, Vereador Marco Antonio de Souza (Marquinho), a leviana acusação, contra sua esposa e contra si, feita pela ex. Vereadora Janaina Ballaris e seu marido vereador Wellington Silva (PL). O Vereador Marquinho não possui qualquer participação no ocorrido, sendo que não é de sua responsabilidade as razões pelas quais o vereador Wellington Silva pediu para nomear Leticia Almeida Holanda de Albuquerque e, posteriormente, pediu para não mais nomeá-la como sua assessora na Câmara Municipal de Praia Grande. Também não é de sua responsabilidade as relações pessoais, íntimas ou profissionais, que o vereador Wellington Silva mantinha dentro e fora da Câmara Municipal com Letícia, nos termos do que a mesma denunciou. O fato, incontroverso, é que houve uma denúncia protocolada por Leticia Almeida Holanda de Albuquerque na Câmara Municipal, sendo tal denúncia recebida pelo Plenário da Câmara, e não pelo Presidente Marquinho, ou seja, não foi uma decisão pessoal. Após, constituída Comissão Processante de Vereadores para investigar o vereador Wellington nos termos que preceitua a lei. No mesmo sentido, está ocorrendo investigação no âmbito policial e também processo trabalhista envolvendo Letícia e Wellington.
As acusações formalmente protocoladas por Letícia em face de Wellington serão analisadas pelas esferas competentes (judicial e legislativa), com a observância da ampla defesa e do contraditório.

O Vereador Marquinho repudia o destempero de Wellington Silva e de Janaina Ballaris que deveriam estar preocupados em falar nos autos dos procedimentos que respondem. Da parte do vereador Marquinho e de sua esposa, que está sendo diuturnamente e injustamente atacada em redes sociais por Janaína Ballaris, temos a informar que tomaremos as medidas judiciais cabíveis no campo penal e da reparação de danos morais. Não há qualquer perseguição ou armação, o que há é a insatisfação de um vereador acusado com o fato da Câmara Municipal não fechar os olhos para ocorrido. Wellington e Janaína tentam desviar o foco dos fatos criando narrativas fantasiosas para, possivelmente, criar constrangimento aos vereadores que irão analisar o caso com a devida imparcialidade. A internet não é uma terra sem lei ao qual Janaína e o Vereador Wellinton possam ficar maculando a imagem de pessoas de reputação ilibada".

Quem é Whelliton?

Whelliton Augusto Silva foi atacante. Ele estreou como profissional pelo Santos em 1993 e foi vice-campeão brasileiro em 1995. Em 2004, o jogador assinou com o Flamengo, onde atuou 19 vezes. O ex-atleta também passou por Portuguesa, CRB, Vila Nova, Anápolis, Santo André, Corinthians-AL e Boavista.

Na política, ele começou como presidente do diretório do PT (Partido dos Trabalhadores) em Praia Grande. Em 2020, se filiou ao PL e foi eleito vereador com 1540 votos.