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Leão explica recusa ao Santos e lamenta momento do clube: 'decepção'

Emerson Leão - UOL
Emerson Leão Imagem: UOL

Do UOL, em Santos e São Paulo

16/09/2022 16h09

Técnico campeão brasileiro pelo Santos em 2002, Emerson Leão foi convidado para assumir outro desafio no clube, mas recusou a proposta do presidente Andres Rueda para integrar o departamento de futebol como gerente.

O Peixe ouviu um "não" de Leão em julho e, de acordo com ex-goleiro, tentou novamente após a saída do técnico Lisca, na semana passada, quando Leão voltou a recusar. Também não houve acerto com Vanderlei Luxemburgo.

"Já recebi vários convites e não aceitei, só que aprendi no futebol e na vida a não dizer jamais. O Santos me procurou, o presidente me telefonou várias vezes. Tive diálogo telefônico com ele e mostrei que não era possível. Agradeci o convite e a confiança", disse Leão, em entrevista ao UOL Esporte, antes de explicar seus motivos.

"Sinceramente, não [se o convite o balançou]. Não tinha conversado com o Rueda ainda, ele é tranquilo. Gostaria de ajudá-lo, mas estou num momento de vida de reconstrução e não foi possível agora. Tenho carinho especial pelo Santos e isso não vai mudar", completou o treinador de 73 anos.

Sem ser técnico desde 2012, quando passou pelo São Caetano, Leão não descarta trabalhar como dirigente. De treinador, porém, nunca mais.

"A partir do momento que eu disse que deixaria o futebol como treinador, não volto atrás. Faz uns anos que tomei a decisão e estou satisfeito. Vivi dentro do gramado por 50 anos, estava na hora de mais tempo para mim e família. A chance de voltar como treinador é zero", afirmou.

Frustração com o Santos

Emerson Leão está decepcionado com o momento do Peixe. Multicampeão, o clube não conquista um troféu desde 2016 e brigou contra o rebaixamento no último Campeonato Brasileiro e nas duas edições recentes do Paulistão.
Leão valoriza a melhora administrativa do Santos na gestão de Andres Rueda, mas vê erros na condução do futebol e menos revelações de talentos.

"Eu vejo como todo mundo que passou pelo Santos, gosta ou torce... Com decepção. Uma tradição não pode ficar como está. Tive a possibilidade de chegar no Santos mais ou menos como está agora [antes de ser campeão em 2002]. Rueda está acertando muito fora de campo, deixando as contas em dia, mas dentro de campo o Santos precisa de honestidade e capacidade para ajudar. O Santos não pode deixar sua tradição acabar. A tradição do Santos é vitória, título e fazer novos atletas", avaliou.

"Eu acho que muito [perdeu identidade]. Departamento mudou... Não sei agora, não posso falar, mas o Santos teve muita gente tomando conta de fora de Santos e do futebol, apenas investidores. Isso não gerou aquilo que se pretendia do Santos sobre renovação a todo ano. E uma terceira fase dos Meninos da Vila? Parou na segunda. À distância seria assim... Um relapso da minha parte analisar agora. Pelas pessoas que conheço e tenho amizade no Santos, dizem que está muito distante [a terceira fase]", concluiu.

Outros trechos da entrevista com Leão:

Treinadores estrangeiros no Brasil
"Antes dele ser estrangeiro, precisa ser treinador. Primeiro para você convidar alguém tem que ter um currículo, ou algum conhecimento de causa. Eu acho que ser estrangeiro não mata ninguém. Agora, precisa ser um bom estrangeiro, um bom trabalhador e ter regalias iguais a qualquer um aqui dentro do nosso país. Muita gente chega e muita gente sai e, às vezes, não é nem comentado. Porque quando chega um estrangeiro para um grande time que já é uma grande ainda pede contratação, logicamente ele está adquirindo um posto de segurança."

Contra estrangeiro no comando da seleção
"Não tenho restrição nenhuma como ninguém não. Uma coisa eu sempre falei e vou voltar a falar. Eu não admito, não admito, não concordo se um dia puder que acontecer de um estrangeiro dirigir a seleção brasileira. Isso nós não precisamos. Inclusive, os nossos treinadores reconhecimento mundial. Eu acho que é uma questão de capacitá-los. Nada mais do que isso."

Apoio a Tite
"Acho que nós precisamos abraçá-lo nessa última tentativa pela conquista da Copa do Mundo [antes de o treinador deixar o cargo após a disputa do Mundial do Qatar]. Não está na hora de criticar nem nada. Está na hora de abraçá-lo de uma maneira grande. A seleção perdeu um pouco a credibilidade. Nós precisamos buscar essa credibilidade novamente. É ter uma corrente para frente, como aconteceu antigamente."

Substituto de Tite na seleção
"Eu acho que o treinador de seleção brasileira não precisa ser permanente. Ele não pode perder o vínculo do dia a dia com o futebol brasileiro. E, infelizmente, isso aconteceu. Eu não tenho um nome [preferido para assumir a seleção], porque um nome não se destaca por um dia, se destaca por trabalhos. Lógico que se eu fosse o homem que vai escolher teria um, dois, três na minha cabeça. Seriam treinadores mais jovens que poderiam através do próximo ano mostrar a realidade dos fatos. Você faz uma sondagem, faz uma pesquisa e faz a observação."

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