Como Pelé e Neymar fizeram o Real Madrid finalmente enfrentar o racismo
O Real Madrid viveu um dia de turbulência na sexta-feira (16), que terminou com uma mudança histórica de posicionamento no clube, o mais vitorioso do futebol europeu. O "caso Vinícius" — em que o brasileiro foi alvo de um comentário racista — e sua imensa repercussão foram o assunto do dia em Valdebebas, onde ficam o centro de treinamento e os escritórios merengues.
O comentário de Pedro Bravo, no programa "El Chiringuito" aconteceu por volta de 20h15 de quinta-feira, no horário de Brasília (1h15 no horário local). Ao falar sobre o hábito do brasileiro de comemorar seus gols dançando, o Presidente da Associação Espanhola de Empresários de Jogadores disse que Vini Jr. deveria "parar de fazer macaquices".
A estratégia inicial do clube, nas primeiras horas do dia seguinte, era ignorar o fato. "O clube não deve falar nada, e menos ainda por causa de algo dito no Chiringuito", disse ao UOL Esporte uma fonte com trânsito nos corredores do Santiago Bernabéu.
O Real Madrid é conhecido por não entrar em assuntos que digam respeito a seus jogadores; é raro qualquer tipo de manifestação neste sentido. Neste caso, no entanto, a estratégia de simplesmente desprezar o conteúdo do programa não funcionou. E o Brasil teve um peso enorme para fazer o clube mais vencedor da Europa mudar de postura.
Já nas primeiras horas da sexta-feira, uma enxurrada de mensagens de brasileiros nas redes sociais transformou o assunto no tema do dia no país. Enquanto isso, na Espanha, os jornais davam mais importância a outros assuntos, como a convocação do técnico Luis Enrique para os jogos contra Suíça e Portugal, pela Liga das Nações.
Por volta das 6h no horário de Brasília (11h na Espanha), Neymar se manifestou nas redes sociais. O tweet do jogador do PSG com a frase "Baila Vini Jr" chegou a quase meio milhão de likes e aumentou ainda mais a repercussão do caso.
O que se viu na sequência foi uma onda de declarações de personalidades do futebol a favor do brasileiro. Colegas de seleção brasileira como Thiago Silva, Éder Militão e Raphinha, também. Até o técnico do Barcelona, Xavi, apoiou o jogador do maior rival: "Cada um comemora os gols como quiser", disse o catalão.
Quando, às 12h05 (17h05 na Espanha), Pelé fez um tweet sobre o caso, a história finalmente "furou a bolha" e ganhou as páginas de jornais do mundo inteiro. Então, foi tomada a decisão: o Real Madrid divulgaria uma nota oficial a respeito do caso. Nas horas seguintes, o departamento de comunicação do clube redigiu e aprovou o documento, que foi publicado às 16h51 (21h51 no horário espanhol), mais de 20 horas depois do início do caso.
Em sua nota, o clube presta solidariedade ao brasileiro e afirma, ainda, que "instruiu seus serviços jurídicos a tomar medidas legais contra qualquer pessoa que use expressões racistas contra nossos jogadores". O texto dá a entender que o clube passará a tratar o assunto na esfera judicial, algo que até então jamais havia sido dito.
Duas horas depois, Vinícius Júnior publicou um vídeo em suas redes sociais, falando sobre o caso e prometendo não parar de dançar, "seja no Sambódromo, no Bernabéu, ou onde eu quiser". Em mais uma atitude pouco comum, as redes sociais do Real Madrid republicaram o conteúdo.
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