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Joelho sofre mais ao jogar na grama sintética? Especialistas explicam

16 de fevereiro de 2020 - Goleiro do Mirassol, Kewin, toca a bola de lado e levanta a "borrachinha" da grama sintética do Palmeiras - Bruno Ulivieri/AGIF
16 de fevereiro de 2020 - Goleiro do Mirassol, Kewin, toca a bola de lado e levanta a "borrachinha" da grama sintética do Palmeiras Imagem: Bruno Ulivieri/AGIF

Do UOL, em São Paulo (SP)

17/09/2022 04h00

O ex-jogador Edmundo afirmou em seu canal no Youtube (Mundo Ed - Edmundo Souza) que o atacante Diego Costa foi para o Atlético-MG em vez do Palmeiras em 2021 por não querer jogar na grama sintética do Allianz Parque. De acordo com o ídolo do Alviverde e do Vasco, o experiente atacante do Wolves tem problemas no joelho e acreditava que, jogando no gramado artificial, poderia potencializar uma lesão no local.

Mas afinal, o joelho sofre mais ao jogar na grama sintética? O UOL Esporte entrou em contato com dois especialistas, Rubens Sampaio, ex-médico do Palmeiras e especialista em esporte, e Turibio Leite, ex-fisiologista do São Paulo, para explicarem se existe alguma diferença nos dois tipos de gramado.

"Em relação a essa comparação entre incidência de lesões em gramado sintético e natural, não existe diferença. Você não tem o aumento de lesões na grama sintética em relação ao gramado natural. Estatisticamente é semelhante, não faz diferença", explicou Rubens.

"O Diego Costa é um cara experiente. Eu imagino que ele deve ter passado por algum procedimento cirúrgico no joelho que teve algum grau de desgaste, e ele se preocupa com o fato de ele achar que o joelho dele em um gramado sintético, por ele ser mais duro, aumentar o risco de lesão. Mas existem estudos que mostram que isso não faz diferença. Do ponto de vista técnico, o risco que ele tem hoje, onde quer que ele esteja, seria igual se estivesse jogando no Allianz Parque", acrescentou.

Em julho de 2011, o jogador de 33 anos — que acertou seu retorno ao Campeonato Inglês nesta semana — rompeu o ligamento cruzado anterior e do menisco interno do joelho direito, e ficou 189 dias sem jogar.

Turibio Leite trouxe outros dois pontos interessantes na discussão. Segundo ele, na literatura da medicina alguns estudos que indicaram que a grama sintética pode ser mais perigosa para as mulheres.

"Alguns estudos apontam, com evidência constante, que, para a mulher, a grama artificial é mais perigosa na incidência de lesões do que a grama natural. Não só a questão de preocupação com joelho, mas uma análise mostra índice maior nas lesões de tornozelo", disse.

Além disso, o ex-doutor do Tricolor do Morumbi citou outro estudo no qual foi questionado a jogadores de futebol onde eles achavam que corriam mais risco de sofrer lesão: no gramado artificial ou natural. 90% escolheu o sintético.

"Um estudo nos Estados Unidos buscou a opinião dos jogadores da MLS (principal campeonato de futebol do país). Mais e 90% dos jogadores afirmaram que existe um receio maior de lesão na grama sintética do que na natural. Claro que isso é mais subjetivo, mas é a opinião dos jogadores", concluiu.

Os principais estádios com gramado sintético no Brasil são o Allianz Parque, do Palmeiras, e a Arena da Baixada, do Athletico-PR. Estudos mostraram que para manter um campo de futebol com grama sintética custa 23 mil euros por ano (cerca de R$ 121 mil na cotação atual), enquanto o custo de manutenção de um campo de grama natural é 14 mil euros (R$ 73 mil) — fora o custo bem alto para fazer essas mudanças.