Topo

São Paulo

Ceni não garante permanência no São Paulo em 2023: "Preciso ser campeão"

Rogério Ceni, técnico do São Paulo, durante partida contra o Ceará - Lucas Emanuel/AGIF
Rogério Ceni, técnico do São Paulo, durante partida contra o Ceará Imagem: Lucas Emanuel/AGIF

Do UOL, em Santos (SP)

18/09/2022 20h17

Rogério Ceni tem contrato com o São Paulo até o fim de 2023. A diretoria do Tricolor paulista quer o treinador até o fim do vínculo. No entanto, o ídolo do clube não garante que fica no comando do time para a próxima temporada. Em entrevista após a vitória do São Paulo sobre o Ceará por 2 a 0, no Castelão, na tarde de hoje (18), Ceni atrelou sua permanência a ser campeão da Copa Sul-Americana.

Ceni fez questão de ressaltar que a decisão parte dele e de sua comissão, não do clube. Na opinião do treinador, o Tricolor não pode perder a oportunidade de ser campeão após tanto tempo sem ter essa chance de conquistar um título nacional ou internacional. Para ele, "as pessoas só querem saber de quem põe quadro na parede", afirmou em referência a títulos conquistados.

"Eu preciso ser campeão para continuar. Por mim. Não estou falando pelo São Paulo, eu sei do carinho, do jeito que as pessoas me tratam aqui dentro. Mas somos movidos a conquistas. Fomos a Fortaleza para ser campeão, fomos ao Flamengo para ser campeão. E o São Paulo, por mais dificuldades que apareça, a Sul-Americana é a grande oportunidade de ser campeão. Só marca a história quem conquista", afirmou.

Ceni ainda foi mais efusivo sobre a possibilidade de disputar a Copa Libertadores da América com o São Paulo na próxima temporada. O comandante tricolor afirmou que não sabe se o São Paulo está pronto para disputar a competição mais importante do continente.

"Eu preciso da vitória (na Sul-Americana), os jogadores precisam da vitória, o clube precisa desse planejamento para 2023. Não sei se o clube está pronto para voltar a uma Libertadores em 2023 no sentido técnico-financeiro. Mas nós precisamos do momento, do título, da vaga, e nós vamos descobrir se estamos prontos para montar uma equipe. Quando eu falo montar, não digo que ninguém vai embora. Eu preciso de jogadores com outras características que alguns aqui não têm. Independentemente dos que vão renovar, dos que vão ficar, dos que vão abrir mão um pouco de salário, baixar para continuar, isso faz parte. Se a gente conseguir esse feito, que seria muito importante, algumas características nós não temos em alguns jogadores. Por exemplo: hoje, quando estávamos com um a mais e o Ceará veio para cima, se nós tivéssemos dois jogadores com boa velocidade e habilidade nós poderíamos ter puxado vários contra-ataques. É nesse sentido", disse.

O técnico comemorou a folga de calendário nas próximas duas semanas, quando o Tricolor terá apenas o Avaí pela frente antes da final da Copa Sul-Americana contra o Independiente Del Valle (EQU). Enquanto o duelo que vale título não chega, o São Paulo vai somando pontos e chegou a 34 com a vitória na 27ª rodada do Brasileirão, onde ocupa a 13ª colocação.

Veja outras respostas de Rogério Ceni durante a entrevista coletiva:

Time titular e folga de dois dias

Na verdade, nós achamos que hoje era possível repetir boa parte do time, quis trocar as laterais para dar equilíbrio. No restante, mantivemos os mesmos jogadores por ter o quarto dia de intervalo, o que ajuda bastante apesar da viagem longa. Agora posso dar dois dias para eles descansarem porque há quatro meses não temos dois dias livres. Na quarta começamos o planejamento visando o Avaí. Momento praticamente único no ano, essas duas semanas. Graças a Deus não saímos com nenhum lesionado, isso era uma preocupação. No intervalo, pela instabilidade da condução do jogo por parte do árbitro, achei melhorar tirar o Luciano e o Nestor que já estavam com amarelo.

Jogo que precede final

Em tese, a gente está a três pontos do G-8 e pra nós é importante estarmos vivos e pensando nisso. Classificação direta é praticamente impossível, o ano ficou muito longo e não consigo dar atenção a todas as competições. Mas agora, com essa semana, torcedor vai querer estar presente porque antecede uma viagem que muitos não podem ir devido ao alto custo, não ter tanto hotel, dificuldades, distância. Chegando a 37 pontos fica bom para ganhar confiança para o jogo da final e para sair de vez de uma situação incômoda e manter a possibilidade de brigar pela oitava posição.

Início ruim e fator psicológico para crescer no jogo

A expulsão definiu muita coisa. Por isso que temos que valorizar o jogo contra o Cuiabá, com um a menos brigar e conseguir o empate. Não é fácil. Acho que pela primeira vez tinha vento no Castelão, em 150 jogos que estive aqui, pela primeira vez tinha uma brisa. Mas estava bem calor. Dentro do estádio é mais quente. Não acho que fizemos uma partida excepcional, tivemos erros de passe, de decisão, propiciamos ao Ceará durante três minutos uma pressão em cima com bolas cruzadas que poderíamos ter evitado. Mas acho que o homem a mais faz toda a diferença nesse calor. Poderíamos ter decidido o jogo mais cedo. Tivemos muitas finalizações, mas temos que matar mais cedo porque se desgasta menos, desmotiva o time adversário mais rápido. Mas procuramos o gol o tempo todo. Passamos momentos delicados em bola parada, o que é normal pelo adversário. Temos que ganhar mais confiança para construir jogo. Em determinados momentos, quando não temos a superioridade numérica de 11 contra 10, vamos ter que criar no 11 contra 11.

Lucho

Eu fico contente dele ter uma oportunidade em uma equipe tão boa como é o Ceará. Uma oportunidade única para ele. Acho que pela primeira vez hoje eu enfrentei alguém que começou a carreira de treinador depois de mim, que tem menos tempo como técnico do que eu. Os outros adversários sempre têm 10, 15 anos. Hoje enfrentamos alguém que começou agora, mas que já mudou o jeito do Ceará jogar, com construção de jogo, bola no chão. Fizemos análise do Ceará em cima dos 180 minutos, dos dois jogos (com Lucho). Desejo uma boa sorte para ele, como atleta foi fantástico, vencedor.

Continuidade

Eu preciso ser campeão para continuar. Por mim. Não estou falando pelo São Paulo, eu sei do carinho, do jeito que as pessoas me tratam aqui dentro. Já falei em todas as situações do clube em si, das dificuldades. Isso é uma coisa, mas nós somos movidos a conquistas. Fomos a Fortaleza para ser campeão, fomos ao Flamengo para ser campeão. E o São Paulo, por mais dificuldades que apareça, a Sul-Americana é a grande oportunidade de ser campeão. Com todo respeito, é um baita time o Independiente Del Valle, lembra o Fluminense na forma como joga, mas a gente só vive de conquistas. Só marca a história quem conquista. Eu preciso da vitória, os jogadores precisam da vitória, o clube precisa desse planejamento para 2023. Não sei se o clube está pronto para voltar a uma Libertadores em 2023 no sentido técnico-financeiro. Mas nós precisamos do momento, do título, da vaga, e nós vamos descobrir se estamos prontos para montar uma equipe. Quando eu falo montar, não digo que ninguém vai embora. Eu preciso de jogadores com outras características que alguns aqui não têm. Independentemente dos que vão renovar, dos que vão ficar, dos que vão abrir mão um pouco de salário, baixar para continuar, isso faz parte. Se a gente conseguir esse feito, que seria muito importante, algumas características nós não temos em alguns jogadores. Por exemplo: hoje, quando estávamos com um a mais e o Ceará veio para cima, se nós tivéssemos dois jogadores com boa velocidade e habilidade nós poderíamos ter puxado vários contra-ataques. É nesse sentido.

Arbitragem

Eu estou preferindo não falar mais de arbitragem e acho que tem me ajudado bastante. O árbitro que veio hoje precisa ganhar experiência de uma forma ou de outra. Eu como treinador preciso, você como repórter, o atleta que é jovem colocamos para isso. O árbitro também, se quiser ser um grande árbitro vai ter que ser escalado para apitar. Eu só notei muita insegurança nele. No momento do pênalti, se foi, se não foi. Aliás, eu não sei por que chamam. Se tem o VAR, na minha opinião, se ele aponta que é fora da área, é fora da área e o juiz só apita e expulsa. Se é dentro da área, cobra-se o pênalti. Não sei por que o árbitro teve que ir ao monitor para ele tirar essa conclusão se tem um monte de gente no ar-condicionado que pode tomar essa decisão. Chama ele, comunica a decisão e acabou. Com o tanto de gente lá em cima que é paga, não conseguiram chegar a essa conclusão? Mas é minha opinião. Eu senti ele inseguro e tirei o Luciano e Nestor que estavam com amarelo porque não tinha segurança nenhuma que na primeira oportunidade ele não iria se sentir pressionado e compensar para o outro lado. Mas não entro mais em problema de arbitragem.

Vini Jr

Acho que ele está mais que certo. Cara quando é talentoso e faz gol tem que comemorar como quiser. Esse é um preconceito besta, babaca, que não é possível que um dia não acabe. Infelizmente tem uns arcaicos ainda que não conseguem conviver com essa igualdade social que deveria existir. É a característica dele, alegre, de drible, feliz e tem que ser feliz, joga em um dos melhores times do mundo. E as pessoas que tem alguma representatividade contra esse tipo de gente que faz esse tipo de coisa tem que agir mais firme.

Continuidade

Acho que é melhor nós sermos campeões. Campeões. Nascemos para brigar por títulos. Copa do Brasil seria muito difícil. Brasileirão com os times que tem hoje, muito difícil. Mas a Copa Sul-Americana, já que nós chegamos depois de tanta dificuldade. Não podemos deixar escapar a oportunidade. Eu sei que os outros também prensam assim, mas nós temos que pensar e executar. Mentalidade vencedora. As pessoas só querem saber de quem põe quadro na parede. São Paulo, a camisa, a instituição, depois de tanto tempo sem uma oportunidade dessa, tem que agarrar.

O documentário "És o primeiro" está disponível com exclusividade para assinantes do UOL Play.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado no texto, o São Paulo venceu o Ceará por 2 a 0, e não 1 a 0. O erro foi corrigido.

São Paulo