Ex-juvenil do Corinthians, técnico ensina boxe a 8 jogadores do Palmeiras
Um procurador deu ao então juvenil do Corinthians Jackson de Pádua, o Jacó, uma nova vida. Foi por discutir os rumos de sua carreira com o profissional que o representava, e discordar, que o meia decidiu abandonar o futebol e entrar no mundo da luta, em 1992.
Quer dizer, abandonou o futebol, mas nem tanto. Porque, atualmente, Jacó tem contato direto e frequente com oito jogadores do Palmeiras: Zé Rafael, Jailson, Piquerez, Rafael Navarro, Luan, Murilo, Raphael Veiga e Gustavo Gómez. Os oito fazem parte do "Team Jacó", treinando boxe sob sua supervisão.
Jacó acabou se especializando, involuntariamente, em treinar jogadores de futebol para lutar boxe. "Como eu joguei futebol, eu meio que entendo um pouco. Tipo, é lógico, os caras estão em outro nível. Mas eu tenho uma ideia do que se passa na cabeça deles", disse.
Profissional em seis meses
"Eu tinha dois anos de Corinthians. O Régis Pitbull era meu grande amigo no time. Ele até se perdeu na vida, né? Mas era um grande amigo", contou Jacó.
"[Devido à discussão com o procurador] eu fiquei tão nervoso que falei: 'não vou mais jogar'. Tipo, nem olhava para a bola, tinha até raiva. E aí, meu irmão lutava, e ficava insistindo para eu ir. 'Vamos fazer uma aula'. E eu falo: 'você é louco, vou fazer aula de dar soco no outro?'. Daí, fui uma vez, e nunca mais parei", contou.
Em seis meses, Jacó era lutador profissional. "Aqui no Brasil, lutei em todos os eventos mais top. Lutei na Tailândia também. Fui para lá lutar Muay Thai, fiquei um tempo lá, então, acabei fazendo diversos combates também", contou.
"Por meio da luta, tive aquela sensação de novo, da competição. E aí, quem é atleta tem isso dentro de si. Daí cada vez mais eu fui treinando, e me empolgando", disse.
Ganso foi o primeiro aluno
Em 2013, Jacó ainda lutava profissionalmente quando uma aluna perguntou se ele não gostaria de dar aulas de boxe individuais a ela.
Ali, Jacó abriu um nicho. Porque essa aluna tinha uma amiga, que também se interessou pelas aulas, em 2015. E essa aluna era casada com Paulo Henrique Ganso, então jogador do São Paulo.
Jacó explicou que os treinos são feitos sob medida para os boleiros. E, para cada jogador, especificidades acabam aparecendo.
"Os treinos têm adaptações específicas para eles, tem que ser um pouco diferente. Não dá para fazer um treino que eu faço para uma pessoa comum. Você passa um treino para eles que é um treino bem forte, só que tem que ter algumas moderações, né?", explicou.
Em determinados momentos, o que acontece com os jogadores no campo também acaba refletindo nos treinos.
"Às vezes, o treino que eu passo para o Zé, eu não vou passar para o Jailson. Eu preciso entender o que que o cara está precisando no momento. E isso também vai muito do feeling do professor. E aí vou me adaptando conforme o treino deles, vou ajustando", diz.
"Cada um tem um treino de um jeito não tem como eu chegar passar o treino para o Zé e chegar a passar o mesmo treino para Navarro. Não vai rolar. Então, vou me adaptando até uma hora eles vão chegar no mesmo nível", disse.
"E o treino também para eles é meio que para extravasar, para os caras saírem da rotina deles, que é o trabalho deles, que é uma pressão muito forte. Além do físico, vem o condicionamento mental. Não é um negócio que eu forço muito eles, mas também eles não ficam confortáveis. Eles começam a ter a sensação da luta mesmo, sentir o que um lutador sente", disse.
Um método a ser patenteado?
"Eu acho que não tem como inventar um treino específico e patentear. Cada professor tem uma maneira de trabalhar. Eu consegui adaptar uma maneira de trabalhar com eles e está funcionando legal", diz.
'Deixar tudo' no ringue: paralelos
Jacó acredita que boxe pode intensificar nos jogadores o sentimento de entrega. O famoso "deixar tudo em campo". Ou no ringue, no caso.
"Às vezes, você não fez uma luta legal, mas você ganhou. Às vezes, você até perde, mas você entregou tudo dentro da luta ali. É a mesma coisa dentro do campo. Você entregou tudo, você sai tranquilo. Fala: 'Hoje, eu dei o meu melhor, independente do resultado", diz.
"Você sai tipo relaxado. 'Valeu eu entreguei tudo. O que eu tinha que fazer, eu fiz aqui dentro'. E é o que eu falo para os meninos também. Tipo, entrou dentro de campo, dá o máximo. Lógico que sair com a vitória é muito melhor. Mas, às vezes, você não vai sair com a vitória. Mas você se entregou. E isso vai te dar satisfação, né?"
Alunos de Jacó
Atuais (Todos do Palmeiras):
Gustavo Gomez
Murilo
Luan
Rafael Navarro
Jailson
Zé Rafael
Piquerez
Raphael Veiga (Afastado por lesão)
Ex-alunos
Gabriel Menino
Paulo Henrique Ganso
Roger Guedes
Alan Kardec
Jean Raphael
Mayke
Alexandre Pato
Gustavo Scarpa
Alexandre Pato
Tiago Volpi
Lucas Perri
Bruno Alves
Paulinho
Fellipe Jack (Sub-17 do Palmeiras)
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