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Não foi só com Cantillo: as vezes que VP ligou modo sincerão no Corinthians

Técnico Vítor Pereira no comando do Corinthians em jogo do Brasileirão - Marcello Zambrana/AGIF
Técnico Vítor Pereira no comando do Corinthians em jogo do Brasileirão Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Gabriel dos Santos

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/09/2022 04h00

A cobrança pública do técnico Vítor Pereira a Cantillo, ao explicar o motivo de não estar relacionando o volante colombiano no Corinthians, foi apenas mais um dos vários episódios em que o treinador ligou o "modo sincerão".

"O Cantillo sabe por que não veio [para Belo Horizonte]. Já tive uma conversa com ele. Tem que melhorar comportamento de treino, ser mais competitivo, lutar pelo espaço e melhorar os índices físicos. Se fizer isso, terá oportunidade. Tem que voltar a competir", disparou o português, após a derrota por 1 a 0 para o América-MG, no último domingo (18).

Prestes a completar sete meses no comando do Corinthians, VP já comprovou em diversas oportunidades que não tem receio de expor o elenco. Somado a isso, há outras várias declarações, sobre assuntos variados — de conta bancária à ironia sobre o Liverpool —, dadas pelo treinador no estilo sem papas na língua.

É frequente, portanto, ver Vítor Pereira esbanjar sinceridade em entrevistas coletivas, especialmente após derrotas do Timão. Relembre algumas delas abaixo:

Róger Guedes

Artilheiro do Corinthians na temporada, com 11 gols, o atacante sofreu para cair nas graças de Vítor Pereira e viveu situação semelhante à de Cantillo: perdeu espaço na equipe e foi cobrado publicamente por VP. À época, o treinador até chegou a afirmar que não sentia confiança no jogador.

Uma das estrelas do elenco do Timão, Róger Guedes já foi assunto em várias das entrevistas coletivas do português, especialmente antes da chegada de Yuri Alberto, quando havia a discussão se ele deveria atuar centralizado ou de ponta.

O Róger já teve um momento bom, mas agora está com dificuldades de responder, até mesmo em treinos. Isso faz com que eu não sinta confiança para eu poder contar com ele para alterar um jogo ou ser titular. Nem em termos de treinos, nem de jogos, as indicações são essas. Tenho que tomar minhas decisões não com base no nome do Róger Guedes, não por causa daquilo que ele já fez, mas pelo que ele está fazendo neste momento. Essas são as minhas decisões. Quer em jogo, Quer em treino".
Vítor Pereira, em maio, após um empate em 1 a 1 com o São Paulo

'Sabe quanto dinheiro tenho no banco?'

Essa foi talvez a maior polêmica em que Vítor Pereira se envolveu em seus quase sete meses no Corinthians. Depois de perder um Dérbi contra o Palmeiras, na Neo Química Arena, o treinador foi questionado se temia ser demitido do Timão. Na resposta, deu risada e ironizou:

Você deve estar brincando comigo com esta pergunta. Nesta fase da minha vida, da minha carreira, ter medo de perder o emprego? Você sabe quanto dinheiro tenho no banco, meu amigo? Tenho a vida estabilizada. Estou aqui no Corinthians, se não for no Corinthians é em outro clube qualquer. E quando eu quiser. Isso sobre sair passa ao lado".
Vítor Pereira, em agosto, após uma derrota por 1 a 0 para o Palmeiras

Depois da enorme repercussão pela declaração polêmica, VP se desculpou, afirmando que não se expressou bem e que não acertou com o Corinthians por dinheiro, mas sim por paixão.

Liverpool

Enquanto comentava sobre o posicionamento de Róger Guedes e o desejo do atacante atuar pelas pontas, Vítor Pereira fez uma analogia e afirmou que queria treinar o Liverpool.

Se me perguntar, também queria treinar o Liverpool. Ia correr para a Inglaterra e treinar o Liverpool, com todo respeito que tenho ao Corinthians, mas o Liverpool é o Liverpool".
Vítor Pereira, em maio

De novo, após toda a polêmica, o treinador teve de se retificar e se desculpou.

"Quero mudar aquela fala infeliz sobre o Liverpool. Quebrei o raciocínio e ficou esquisito. Quero pedir desculpas. O Corinthians é um grande clube, nunca seria desrespeitoso. No contexto de querer decidir nossas vidas, eu ia dizer que se o Liverpool me chamasse para a final da Liga dos Campeões, eu ia querer. Não quis comparar e nem trocar".

'Cagada' em semana livre

As declarações de VP não têm como alvo apenas os jogadores. Recentemente, o técnico fez um 'mea-culpa' e admitiu que errou na carga de treinos durante a semana livre para lamentar a queda física do Corinthians no empate em 2 a 2 com o Inter, no início deste mês.

Fiz uma cagada muito grande. Não disse isso nem a meus jogadores ainda, mas revendo o jogo percebi claramente. Foi uma semana diferente de todas as anteriores. Com vontade de treinar e melhorar a dinâmica da minha equipe, o que fiz? Treinei muito. Chegamos ao jogo cansados, sem capacidade. Tivemos capacidade no primeiro tempo, mas no segundo [o time] foi a pique. É minha responsabilidade. Reconheço que minha equipe chegou cansada no jogo, e não pôde pressionar como quero".
Vítor Pereira, no início deste mês

Importância de um Dérbi

Com aproveitamento ruim em clássicos até hoje, Vítor Pereira ironizou os comentários de que não sabia o que era um Dérbi. Em maio, dias depois de uma derrota para o Palmeiras, VP relembrou de um episódio que viveu em 2016, quando comandava o Fenerbahçe, da Turquia.

Sabem quantos dérbis já joguei na minha vida? Joguei dérbis atrás de dérbis em países em que eles matam, eles nem nos deixam sair. Já saí de tanque de guerra de um estádio, do estádio até o aeroporto, na Turquia. Vai me dizer que não sei o que é um dérbi? Não brinquem comigo".
Vítor Pereira, em maio

Varinha mágica

Em suas primeiras semanas no Corinthians, Vítor Pereira viu seu time perder dois clássicos, primeiro para o São Paulo e depois para o Palmeiras, ambos fora de casa e válidos pelo Campeonato Paulista.

Foram dois clássicos jogados, um com três dias de trabalho e outro com duas semanas, contra um clube que tem dois anos de trabalho [Palmeiras]. Eles têm dois anos de trabalho. Nós, duas semanas. Não é fácil construir um processo de jogo. Não faço milagres, não tenho varinha mágica, não sou mágico".
Vítor Pereira, em março, após derrota para o Palmeiras

Jô e conduta profissional

Também em março, Vítor Pereira fez cobranças a Jô, que havia faltado a dois treinamentos enquanto a equipe disputava o mata-mata do Paulistão.

O Jô, independentemente do lado pessoal, tem que aprender que é preciso conduta profissional. Jogador experiente, espero que ele tenha aprendido com a situação e não volte a acontecer. Costumamos dizer que na vida podemos errar, mas duas não podem acontecer".
Vítor Pereira, em março

Como se sabe, o ato de indisciplina voltou a acontecer, e o atacante teve contrato rescindido após ser flagrado em uma roda de samba enquanto o Corinthians perdia para o Cuiabá. Hoje, ele defende o Ceará.

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