Torcida faz 'ilustres desconhecidos' virarem heróis em acesso do Cruzeiro
Passadas três temporadas de sofrimento, frustrações e incerteza sobre o futuro de um dos maiores clubes do país, o Cruzeiro está de volta à elite do futebol brasileiro.
Fruto de uma reestruturação financeira e que foi entendida e aceita pela torcida, formando a maior sinergia dos últimos anos entre diretoria, comissão técnica, equipe e quem apoia o clube.
O caminho de volta foi construído por alguém que saiu do Cruzeiro para o mundo. Em dezembro do ano passado, Ronaldo Nazário acertou a compra de 90% das ações da SAF cruzeirense. Começava ali uma nova história: o regresso.
Com uma campanha avassaladora, sob o comando de Paulo Pezzolano, o Cruzeiro não deixou dúvidas, em nenhum momento, de que subiria. O Mineirão lotado foi uma das marcas da campanha. O incentivo fez jogadores desconhecidos se tornaram heróis. Fez do estádio a sua maior fortaleza e o Cruzeiro voltou aos braços do seu único patrimônio nas últimas temporadas e o maior de todos em sua história: a torcida.
Hoje é o dia da glória, de fazer história. De ver quem sorriu, sofrer. Voltei nos braços do meu povo, mais forte e cabuloso para ser campeão de novo".
Canto da torcida do Cruzeiro marcou regresso à Seria A
Ilustres desconhecidos: "time de operários"
Quem é Luvannor? Pergunta que muitos cruzeirenses fizeram em abril, quando o nome do desconhecido atacante surgiu como um provável reforço celeste para a disputa da Série B. Aos 32 anos, o piauiense Luvannor Henrique de Sousa Silva fez toda a carreira fora do Brasil, em lugares com pouca tradição no futebol, caso da Moldávia, a segunda nacionalidade do jogador.
Após mais de uma década ganhando a vida fora do Brasil, Luvannor foi uma das boas contratações do Cruzeiro em 2022 e simboliza perfeitamente o elenco estrelado nesta temporada. Um time formado por muitos desconhecidos, verdadeiros operários da bola, mas que corresponderam dentro de campo.
A reação que muitos cruzeirenses tiveram ao anúncio da contratação de Luvannor foi semelhante a outros jogadores contratados nesta temporada. Quem eram Lucas Oliveira, Willian Oliveira, Neto Moura, Fernando Canesin, Jajá e Bruno Rodrigues e tantos outros?
Talvez esteja na formação do elenco o segredo para o sucesso do trabalho do técnico Paulo Pezzolano, que assim como os atletas também era desconhecido pelo grande público cruzeirense no começo do ano.
O treinador uruguaio montou um grupo de jogadores sem vaidades, que colocaram a busca pela vaga na Série A como a coisa mais importante do mundo, o que ficou claro em cada dividida de bola, desde a 1ª rodada da Série B. Em alguns momentos até faltou inspiração, mas jamais faltou transpiração para esse elenco de operários.
Nasce um ídolo: Edu
A galeria de ídolos do Cruzeiro tem Tostão, Ronaldo, Alex, Dirceu Lopes, Piazza, Marcelo Ramos e muitos outros craques. O novo nome entrou nesta seleta lista em 2022: Edu. Certamente o centroavante atual da Raposa não tem o mesmo nível técnico dos demais, mas é o jogador certo, na hora certa.
Após duas temporadas em que faltaram gols para o time estrelado, Edu fez muitos gols importantes, que resgataram a confiança do cruzeirense após anos difíceis. O dono da camisa 99 será lembrado para sempre como o artilheiro no momento mais difícil da centenária história do Cruzeiro.
Artilheiro da Série B do ano passado, pelo Brusque, com 17 gols, Edu chegou ao Cruzeiro e logo recebeu um ultimato do técnico Paulo Pezzolano: ou perde 10 quilos ou não vai jogar. O atacante não hesitou, cumpriu à risca o que foi determinado pela comissão técnica, emagreceu o que era necessário e assumiu a condição de titular. A motivação? A chance de jogar por um dos maiores clubes do país.
"Além de o Cruzeiro ser a grande chance da minha vida, é mostrar para as pessoas que quando ela trabalha, ela sonha, ela pode ter sucesso", disse Edu ao UOL Esporte, que até o chamado da Raposa, tinha uma carreira como jogador profissional apenas em clubes de pequeno porte.
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