Por que Bremer, hoje na seleção, foi descartado na base do São Paulo
Gleison Bremer Silva Nascimento, 25, vive o melhor momento da carreira. Titular da Juventus, convocado para a seleção brasileira, com chances reais de ir à Copa do Mundo, elogiado por companheiros e adversários. Nem sempre foi assim. Em 2016, quando ainda lutava para subir das categorias de base para o profissional, o baiano de Itapitanga teve aquela que parecia ser a grande chance de sua vida: um empréstimo do Desportivo Brasil para o São Paulo. E não deu certo.
Na época, a concorrência pela posição na defesa era intensa. Além de Bremer, o clube tinha Iago Maidana — então zagueiro da seleção brasileira sub-20 —, Vitor Tormena, Rony, Éder Militão e Lucas Kal. No Brasileiro sub-20, a dupla titular era formada por Maidana e Kal, ambos atualmente no América-MG. Versátil, Éder Militão jogava por vezes como primeiro volante. André Jardine era o técnico.
Bremer não foi relacionado para jogos do Brasileirão Sub-20 e nem da Copa do Brasil da categoria. Entre setembro e outubro, o São Paulo fez seis partidas pela Copa Paulista. Bremer foi relacionado, mas seguiu na reserva em todas elas — entrou em dois jogos, já nos minutos finais. Maidana era um dos titulares, com Militão e Rony revezando-se na outra vaga ao longo dessa competição.
Em 1º de dezembro, data final do empréstimo, o São Paulo optou por não exercer a opção de compra, e o zagueiro voltou ao Desportivo Brasil. Pouco depois, ele foi para o Atlético-MG.
"Acabei não tendo tanta oportunidade no São Paulo e subi para o profissional pelo Atlético", lembra Bremer.
O jogador viera para o mercado paulista por conta da indicação de um olheiro chamado José Tolentino. Além de Bremer, ele indicou ao São Paulo o atacante Gabriel Novaes, por exemplo.
Rodolfo Canavesi, ex-gerente da base do tricolor, diz que, na época, o excesso de opções no setor pesou de forma desfavorável para Bremer. "É uma questão de oportunidade. E não dá também para o São Paulo exercer a opção em todos os atletas que estão lá. Não vejo como uma falha no processo".
"Talvez, na formação tinha vários jogadores à frente dele em termos de perspectiva futura. Mas ele lutou muito. É um bom recado que passa hoje para a nova geração. Ele teve força mental para chegar onde chegou", elogia o dirigente, que tinha trabalhado com Bremer também no Desportivo Brasil.
A transferência para o Atlético-MG se deu no início de 2017, após o pagamento de R$ 380 mil. Posteriormente, com 60% dos direitos econômicos do defensor, o Atlético-MG aceitou a proposta de 5,5 milhões de euros do Torino por Bremer, em 2018 (cerca de R$ 24 milhões na ocasião). O salto de valorização aconteceu na janela mais recente, quando a Juventus pagou 41 milhões de euros pelo brasileiro, eleito melhor defensor da Série A na temporada passada.
Seis anos depois da temporada frustrada no São Paulo e às portas do que pode ser sua primeira Copa do Mundo, Bremer ainda se lembra bem daquela época. Uma das recordações é uma foto publicada no Instagram ao lado de Casemiro, agora companheiro na seleção.
"Mas foi um momento muito bom, a gente na base via jogadores como o Casemiro, que já estava na seleção. Ele tinha acabado de ganhar a primeira ou segunda Champions League, e ele tinha ido fazer uma visita e a gente tirou foto com ele. Só o futebol pode proporcionar isso, hoje estou junto com ele na seleção", relembra o zagueiro.
Na terça-feira, Bremer e Casemiro se encontraram em campo, na primeira atividade com todos os convocados antes dos amistosos contra Gana e Tunísia, nos dias 23 e 27 deste mês. O zagueiro atuou no time reserva, formando dupla com o também novato Ibañez. Já Casemiro foi o único volante do time titular, com Paquetá e Neymar compondo a linha de meio-campo.
O objetivo de ir à Copa coloca Bremer novamente em uma concorrência acirrada. Gabriel Magalhães, do Arsenal, fora convocado anteriormente. E mais: se Tite levar quatro zagueiros ao Qatar, o próprio Ibañes pode "roubar" essa vaga, já que tem a favor o fato de eventualmente poder atuar na lateral. Bremer mostrou evolução no futebol italiano e ganhou dicas de uma referência na posição: Giorgio Chiellini, que saiu da Juve recentemente para o Los Angeles FC, mas é ídolo no clube bianconero.
"Estou muito feliz pela oportunidade na Seleção. Eu sei o peso dessa camisa. É o sonho de toda criança. Faltam apenas 50 dias para a Copa do Mundo e eu venho buscar o meu espaço. Vou dar o meu melhor para mostrar ao professor Tite que sou capaz", afirmou.
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