Neymar vira 'presidente' e conecta gerações diferentes na seleção
A eleição é apenas no dia 2 de outubro, mas a seleção brasileira já tem seu "presidente": Neymar. O camisa 10 assumiu nos últimos anos um papel de liderança que vai muito além da capacidade técnica. Ele se tornou a conexão entre os mais experientes e os mais jovens e foi fundamental no processo de integração dos jogadores da nova geração.
No amistoso contra Gana, hoje (23), às 15h30 (horário de Brasília), o Neymar de 30 anos terá a seu lado colegas que eram crianças quando ele nascia para o futebol no Santos. Em 2010, quando o menino da Vila estreou na seleção, Rodrygo tinha apenas 9 anos, Vini Jr. e Antony tinham 10, e Raphinha era um adolescente de 14.
"Para nós jovens é muito importante, quando você tem um cara líder, um cara que é referência para nós, dando esta confiança. Eu falo por mim mesmo. Desde a minha primeira convocação, ele foi um jogador que chegou em mim, conversou comigo, me deixou super à vontade", afirma Antony, que se tornou um dos pupilos de Neymar no grupo.
O ponta do Manchester United já foi até defendido pelo colega em campo. Em uma das partidas das Eliminatórias, após perder uma bola, Antony ouviu um grito de que deveria tocar mais a bola. Neymar interveio imediatamente. "Deixa o moleque ir pra dentro! Deixa ele tentar a jogada individual", disse.
Para Lucas Paquetá, 25, a liderança do jogador do PSG é algo que foi construído desde 2018. Naquela época, quando o meio-campista do West Ham estreou na seleção, sentiu de forma imediata a influência do companheiro no elenco. "Ele me acolheu super bem. É de extrema importância hoje, com mais experiência, ele colocar mais isso pra fora. Tem nos ajudado muito dentro de campo", disse Paquetá, que virou parceiro nas comemorações com dancinhas, ensaiadas antes dos jogos.
Nos treinos, a postura de Neymar também mudou. Se nas duas Copas anteriores, em 2014 e 2018, ele muitas vezes era visto sozinho, agora está sempre buscando a companhia dos mais jovens. Na semana de atividades em Le Havre (França), foi nítida a proximidade com Vini Jr.
O jogador do Real Madrid vinha de uma semana em que sofreu ofensas racistas na Espanha, e o apoio de Neymar foi muito além de publicações e hashtags em redes sociais. Durante os treinos, o camisa 10 sempre procurava interagir com o colega, ficando a seu lado em trabalhos de aquecimento e até na roda de "bobinho".
Conselhos e "ponte" de gerações
A força de Neymar sobre os jovens é tanta que ele se transformou até em conselheiro de carreira. Em agosto deste ano, Raphinha estava a ponto de fechar com o Chelsea, quando recebeu uma proposta do Barcelona. O ponta, então no Leeds, não teve dúvidas: mandou uma mensagem para Neymar.
"Eu realmente pedi um conselho pra ele, sobre a decisão que eu poderia tomar, e ele só me passou coisas boas do Barcelona, falou que se eu tomasse a decisão de ir pra lá eu não me arrependeria, não só pelo clube, mas também pela cidade". Raphinha ouviu o conselho, seguiu e gostou. "Foi uma decisão que eu não me arrependo nem um pouco".
Neymar chegou até a sugerir que Raphinha pedisse a camisa 11, para "seguir o seu legado" no Barcelona. Mas o número já estava ocupado por Ferram Torres, e o número escolhido acabou sendo o 22.
A influência de Neymar não atinge apenas os mais jovens. Aos 29 anos, o lateral-esquerdo Alex Telles já entra no grupo dos veteranos, mas reconhece que o colega é que dita o ritmo dentro e fora de campo.
O Neymar é o líder da nossa seleção em todos os aspectos: tático, técnico e também da experiência que ele passa, de tudo o que ele já passou na seleção e na carreira dele. A gente segue na batida dele, e é um prazer ter um cara assim"
Alex Telles, lateral-esquerdo do Sevilla e da seleção brasileira
Além de Neymar, a seleção tem como lideranças destacadas Thiago Silva, Marquinhos e Casemiro. Com exceção do zagueiro do Chelsea, que ontem completou 38 anos, os outros dois estão na mesma geração de Neymar -o zagueiro tem 28, e o volante, 30. Mas nenhum deles consegue ter uma conexão tão forte com os mais jovens.
Na história recente da seleção brasileira, o paralelo mais próximo é o de Ronaldo, que era chamado pelos companheiros de "presidente", por ser a figura central do vestiário. Neymar ainda não ganhou o título, mas cada vez mais exerce a função.
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