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Sem Copa, Guerrero tem passagem apagada no Avaí e vê aposentadoria perto

Paolo Guerrero ainda não atingiu o nível esperado em sua contratação no Avaí - Leandro Boeira/Avaí
Paolo Guerrero ainda não atingiu o nível esperado em sua contratação no Avaí Imagem: Leandro Boeira/Avaí

Marinho Saldanha e Lohanna Lima

Do UOL, em Porto Alegre e Belo Horizonte

24/09/2022 04h00

Classificação e Jogos

Paolo Guerrero apoiou-se em uma esperança. A recuperação de uma grave lesão no joelho que incomodou por muito tempo tinha como objetivo estar na Copa do Mundo do Qatar. Mas tudo terminou nos pênaltis. A seleção peruana foi eliminada do Mundial pela Austrália e acabou com o sonho do centroavante. De volta aos gramados pelo Avaí, sua passagem está sendo apagada e até frustrante de alguma forma. Com regresso à seleção incerto e já causando dúvidas até em seus compatriotas, o 'Predador' vê a aposentadoria bater à porta.

Guerrero tem 38 anos e esteve parado entre sua rescisão de contrato com Inter, ocorrida em outubro do ano passado, até o anúncio pelo Avaí, em julho deste ano. Durante este período, viajou à Alemanha para fazer tratamento com a renomada equipe médica do Bayern de Munique e utilizou a estrutura do CT de La Videna, da seleção peruana, para manter a forma.

No clube catarinense, sua chegada foi repleta de expectativa. Direção, torcedores, colegas, todos esperavam que um jogador desse peso no futebol mundial pudesse contribuir com gols e virar titular logo de cara. Mas até então não aconteceu.

Foram apenas oito jogos com a camisa azul e branca, a metade deles começando como titular. Em dois ele completou os 90 minutos. A soma de tempo em campo aponta 370 minutos, sem qualquer gol ou assistência.

Em Santa Catarina já se trata a chegada com certa frustração. Guerrero é ofuscado por Bissoli, autor de 13 gols e que está entre os principais artilheiros do Brasileirão. Houve até um movimento para tentar deslocar o mais jovem para o lado do campo e acomodar o peruano, mas ainda assim sem grandes atuações.

O momento da carreira do autor do gol do título mundial do Corinthians é totalmente diferente de outros tempos. Atualmente ele já não ostenta contratos milionários e vê cada dia mais perto a aposentadoria.

Desconfiança até no Peru

Paolo Guerrero, da seleção do Peru, lamenta em jogo contra a França - JASON CAIRNDUFF/REUTERS - JASON CAIRNDUFF/REUTERS
Imagem: JASON CAIRNDUFF/REUTERS

Hoje (24) a seleção peruana disputa amistoso contra o México. O jogo será disputado às 22h (de Brasília), nos Estados Unidos. Dias depois, o rival será El Salvador, no mesmo país. E não há sinais ou mesmo espaço para imaginar Guerrero novamente integrado ao time.

"Vemos o Guerrero mais distante por causa da sua idade. Mesmo que seja um ícone do futebol peruano e maior goleador histórico da seleção, seu presente é silencioso. Deixou de ser o artilheiro que nos acostumamos a ver. A seleção peruana, por outro lado, de uma ou outra forma está começando uma nova etapa. Se ele vai voltar? O treinador Reynoso deixou as portas abertas. Só o tempo dirá se ocupará seu lugar no Peru, ou se lentamente irá se afastando", comentou Renzo Galiano, do jornal As, ao UOL Esporte.

O técnico Juan Máximo Reynoso, que substituiu Ricardo Gareca no comando da seleção, até deixou as portas abertas para o retorno dele, mas seu estilo de jogo e o crescimento de outros atletas coloca o centroavante bem distante de nova oportunidade.

"Ele não é convocado porque o técnico Reynoso não sente que ele tem o nível que se espera. Apesar de ter jogado 90 minutos recentemente, não está em seu melhor momento e tem jogadores passando por fase melhor, como Lapadula [do Cagliari-ITA], Ruidiaz [do Seattle Sounders-EUA], Ormeño [do Chivas-MEX] e Valera [do Al Fateh-ARA]. É difícil que voltem chamar por enquanto. Ele ainda não fez gols pelo Avaí, isso pesa. Atacante vive de gols", contou Jean Castro, jornalista da Latina Televisión.

"E ainda tem a questão da idade. Os times do Reynoso são muito dinâmicos, defendem bem, fazem pressão. Para isso, é preciso ter um atacante em boas condições fisicamente. O Guerrero não tem a mesma velocidade que tinha antes da lesão. Se respeita muito o Guerrero, o próprio Reynoso disse que ele não tem nada mais para demonstrar, mas ele acredita que não é o momento de convocar porque não está no nível que se espera", completou.

A verdade é que até mesmo entre os peruanos já há dúvidas sobre a sequência da carreira de Paolo Guerrero. Entre os principais jogadores de futebol da história do país, é difícil imaginar sua presença no ciclo da próxima Copa do Mundo. Por isso, aos poucos, até onde ele sempre foi tratado como ídolo, seu brilho vai se apagando.

"Ele é um ídolo da seleção e muito querido pelo povo. Foi fundamental para classificação para a Copa de 2018. Mas agora sabemos que já faz mais de um ano que não marca um gol, passou por um longo processo de recuperação. De alguma maneira isso nos faz pensar se ele não perdeu sua capacidade goleadora. Sabemos que é um atacante importante, muito profissional, um excelente jogador, mas com o passar dos anos deixou de ser goleador. Seria bom o ver alguns jogos ainda na seleção para encerrar sua etapa. Depois do Claudio Pizarro, ele foi o melhor atacante da seleção nos últimos 30 anos", opinou Juan Pablo Rodríguez, jornalista da Rádio Exitosa.

O vínculo de Guerrero com o Avaí vence no fim da temporada. Longe do brilho de tempos atrás, o futuro do peruano é incerto.