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Com festas e boca-livre, situação e oposição disputam votos no São Paulo

Bandeira de escanteio do São Paulo, no Morumbi - Reprodução/Twitter
Bandeira de escanteio do São Paulo, no Morumbi Imagem: Reprodução/Twitter

Ricardo Perrone e Thiago Braga

Do UOL, em São Paulo

24/09/2022 04h00

Enquanto dentro de campo o São Paulo viveu uma das semanas mais tranquilas do ano, sem jogo, e totalmente focada para o jogo contra o Avaí, no domingo (25), fora de campo há movimentação intensa nos bastidores. Neste sábado, os sócios do clube decidirão, em Assembleia Geral, se a proposta de reeleição para presidente executivo e do Conselho Deliberativo será aprovada.

Tanto a situação quanto a oposição se movimentaram durante a semana para conseguir levar suas mensagens para os associados. O "Juntos Pelo São Paulo" — uma coalização de grupos políticos da situação —, tem trabalhado junto aos sócios na tentativa de arregimentar mais votos.

Se aprovada entre os associados, o atual presidente do São Paulo, Júlio Casares, e o presidente do conselho, Olten Ayres de Abreu Júnior, poderão concorrer a um segundo mandato. O atual vai até dezembro de 2023.

Boca-livre

Churrasco, cerveja, pizza e café da manhã. Tudo de graça. A boca-livre é parte importante das estratégias da situação e da oposição para divulgar seus argumentos sobre a reforma estatutária. Nos últimos dias, os dois lados promoveram uma série de eventos no clube com comes e bebes gratuitos para os associados.

Um exemplo de como funciona a campanha está no convite feito a sócios para um churrasco organizado por integrantes da situação na última quarta (21). A versão obtida pela reportagem não tem assinatura. "Gostaria de reforçar o convite do nosso presidente, Julio Casares, e do nosso diretor-geral, Dedé, para um encontro a ser realizado no Pádel, no dia 21/9, às 19h30, para todos os tenistas e padelistas. Será servido churrasco, cerveja e refrigerantes. Compareçam e conheçam a proposta do nosso presidente e diretores sobre a mudança do estatuto".

A oposição também ofereceu pelo menos dois churrascos. Um deles ocorreu na última quinta (22) e foi para sócios envolvidos com o futebol social. Os dois lados também convidaram associados para tomarem café da manhã ou da tarde. O grupo situacionista fez ao menos um convite para os sócios comerem pizza.

Mas quem paga a conta? De acordo com o departamento de comunicação do São Paulo, o clube não banca as despesas dos eventos, mesmo os que contam com a presença de Casares. Os gastos são de responsabilidade do grupo de conselheiros e sócios que organizam os encontros.

A assessoria de imprensa da coalização que defende o "sim" afirmou à reportagem que os integrantes dos grupos políticos envolvidos se cotizam e arcam com os custos.

Membro do GOL (Gestão - Organização - Liderança), movimento de oposição contrário às mudanças, disse que os gastos são divididos entre simpatizantes da causa sem uma cota fixa por pessoa. Cada um ajuda como pode.

A reportagem teve acesso a um relatório do grupo oposicionista sobre gastos de R$ 23.500 com bonés e camisetas, além de uma despesa que não tem os produtos especificados. A lista exibe contribuições de 36 colaboradores, entre sócios e conselheiros. Os valores doados por cada um para essas compras variam entre R$ 250 e R$ 5.001.

A oposição se mobilizou nas redes sociais. Com direito a posts pagos, quem é contra a mudança no estatuto cita o que chama de casuísmo: uma alteração estatutária que beneficia quem está no poder é "golpe".

Eles também passaram a última semana fazendo corpo a corpo com os associados do São Paulo, distribuindo panfletos e bonés, citando o que chamam de falta de transparência da direção atual.

Será a segunda vez que a situação tenta alterar o estatuto do São Paulo neste ano. Em janeiro, os sócios do clube rejeitaram a mudança que veio em um pacote mais amplo, que previa o retorno da reeleição para presidente, a ampliação do mandato dos conselheiros de três para seis anos e a possibilidade de conselheiros ocuparem cargos executivos sem remuneração, entre outros pontos.

Em janeiro deste ano, dos 1.329 votos de associados na assembleia, 506 foram a favor da mudança no estatuto, que incluía 14 propostas, incluindo a reeleição. Mas 818 foram contra. E houve ainda cinco abstenções.

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