Abelmania segue intacta: popstar, técnico do Palmeiras ainda causa comoção
"Minha esposa me perguntava: mas por que você gosta tanto daí??". "E eu respondi: porque aqui, eles sabem receber", disse Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, durante seu discurso de agradecimento na Câmara Municipal. Mas Ana Xavier, esposa do treinador, certamente percebeu que não é só por isso, na última sexta-feira (23).
Quem comparou a adoração do palmeirense por Abel Ferreira com uma seita pode até ter mirado em uma crítica, mas acabou cunhando uma boa definição. Como nenhum outro técnico na História do Palmeiras, Abel é venerado como um popstar. No melhor estilo da Beatlemania nos anos 1960, a "Abelmania" dos anos 2020 provoca uma onda de comoção. E não há resultado em campo que mude isso.
Com o terno de corte ajustado, com o qual costuma ir aos eventos, e seu corte de cabelo alinhado, Abel torna o paralelo com o grupo britânico ainda mais fácil. Foi assim que ele chegou à Câmara Municipal de São Paulo, na sexta-feira (23), quando recebeu o título de cidadão paulistano.
"Olha, olha, ele já chegou", disse uma recepcionista, cutucando a colega ao lado. Três lugares distante delas, um outro funcionário olhava para a tela e sorria. Os recepcionistas da Câmara Municipal assistiam à chegada de Abel Ferreira ao Salão Nobre, onde ele recebeu a homenagem, pelo circuito interno de TV.
Para ver Abel, funcionários deixam seus postos e aparecem com camisas no ombro e caneta para escrever em tecido nas mãos. Foi assim na TV Cultura, em São Paulo, quando ele participou do programa Roda Viva. Foi assim na Bienal do Livro, em junho, quando ele compareceu a um debate para falar de seu livro.
Há quem chore, como uma jornalista da TV Cultura, vista pelo UOL Esporte, que pediu para não ser identificada, em março. Há quem fique sorrindo meio paralisado, feliz de ver o treinador que conseguiu do palmeirense o que nenhum outro amealhou. Felipão era admirado por muitos, bem como Luxemburgo. Mas nenhum deles despertou este tipo de paixão.
Quebra de protocolo
Quando um termo como "sessão solene" é mencionado, a imaginação automaticamente pressupõe uma cerimônia formal. Não foi o que ocorreu na sexta-feira. O local com seus belos e gigantes lustres de cristal recebeu torcedores e fãs barulhentos, a maioria vestidos com a camisa do time. Talvez, a única gravata do recinto tenha sido a de Abel.
O técnico, que na verdade é tímido, parecia acuado com tanta gente ali apenas para vê-lo receber uma homenagem. E ficaria ainda mais sem jeito com o festival de elogios, declarações de amor e quebras de protocolo que seguiria.
"Parabéns, essa palavrinha pequena tem um grande significado por trás, homenageando o ser humano incrível que você é. Muito obrigada por tudo que você fez e faz por nós", finalizou o texto de Ana Virgínia Bento, uma torcedora escolhida para representar seus pares.
O vereador João Jorge, coautor da homenagem junto com o colega Toninho Vespoli, disse que Abel contribui "não só com o esporte, mas com a cultura da cidade de São Paulo, do Estado de São Paulo e do País".
Na sequência, representando o prefeito Ricardo Nunes, a Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência Silvia Greco encerrou sua fala com um "nós amamos você".
Mas foi o Secretário Executivo de Esportes do Estado quem mais incendiou a cerimônia e que talvez melhor traduza como o palmeirense se sente em relação ao treinador.
"Cada chute que você dá num copo d'água, cada vez que você xinga o juiz, é como se cada um de nós estivesse ali. Eu sei que quando ele é expulso, ele chega em casa e toma um puxão de de orelha", disse.
"Eu acho muito justo, mas acredite naquele momento ele representa todos nós palmeirenses", acrescentou, se dirigindo à esposa do técnico, Ana Xavier, presente no local. "Pode ser expulso, Abel", disse ele, para gargalhadas gerais.
Ao fim da cerimônia, Abel saiu pelo corredor central do Salão. E com ele, muitas pessoas, como uma onda, quase que se dependurando nele. Enquanto Abel deixava o local, no canto do salão, discreta com um vestido florido, a esposa do técnico observava a adoração ao marido.
Ana Xavier ficou para trás, a salvo do tumulto, junto com o assessor de imprensa do técnico, Erich Onida. Conforme o salão ia esvaziando, alguns perceberam que ela estava ali e foram cumprimentá-la e agradecer. Afinal, foi sua concordância em se mudar para o Brasil que manteve o técnico no Palmeiras.
De repente, policiais apareceram. "Quem é ela? É essa?", se perguntavam. Um deles pediu para que Ana e o assessor os acompanhassem para um local reservado, onde Abel já estava. Ana caminhava e sorria, admirada e possivelmente feliz com a decisão de se mudar para o Brasil.
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