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Em 1994, seleção em Paris teve último aplauso a Senna e promessa de tetra

Antes do fatídico GP de San Marino, Ayrton Senna foi homenageado em um jogo da seleção brasileira: ele deu o pontapé inicial do amistoso contra o PSG, em Paris - Pisco Del Gaiso/Folhapress
Antes do fatídico GP de San Marino, Ayrton Senna foi homenageado em um jogo da seleção brasileira: ele deu o pontapé inicial do amistoso contra o PSG, em Paris Imagem: Pisco Del Gaiso/Folhapress

Thiago Arantes

Especial para o UOL, em Paris (FRA)

27/09/2022 08h40

Classificação e Jogos

A seleção brasileira enfrenta a Tunísia, nesta terça-feira, no último amistoso antes da estreia na Copa do Mundo do Qatar, em 24 de novembro, contra a Sérvia. Em 1994, o estádio Parque dos Príncipes também foi palco de um amistoso na reta final de preparação para o Mundial e acabou se transformando em um momento histórico: o último aplauso a Ayrton Senna, tricampeão mundial de Fórmula 1.

Era 20 de abril de 1994, e o país ainda estava chocado com a morte do atacante Dener, em um acidente de trânsito no dia anterior. O jogador, então no Vasco, vivia ótima fase e ainda sonhava com uma possível convocação pelo técnico Carlos Alberto Parreira.

O adversário daquele dia seria um combinado PSG-Bordeaux, com um reforço do Sion, da Suíça: Roberto de Assis Moreira, o Assis, irmão de Ronaldinho Gaúcho. O combinado francês tinha nomes como o liberiano George Weah, os franceses David Ginola e Bixente Lizarazu, e o brasileiro Márcio Santos, jogador do Bordeaux, que venceria a Copa do Mundo três meses depois.

Em um jogo de poucas emoções e com placar de 0 a 0, o grande momento aconteceu antes de a bola rolar. Por convite -e insistência- do narrador Galvão Bueno, Ayrton Senna deixou seu apartamento em Mônaco e deu as caras no estádio. "Ele não queria ir porque era o país do Alain Prost, mas foi ovacionado", lembrou Galvão recentemente no podcast "PodFalar, Galvão".

O piloto foi convidado para dar o pontapé inicial da partida e conversou com os jogadores e comissão técnica antes do jogo. "Vocês aceleram de lá, e eu acelero daqui", afirmou. Naquele ano, a seleção buscava o tetracampeonato mundial, e Senna lutava por seu tetra na F1 (havia vencido os campeonatos de 1988, 1990 e 1991).

"No momento acho que a seleção está com mais chances do que a Fórmula 1", disse Senna em entrevista no intervalo da partida. O brasileiro havia começado mal aquela temporada: ainda não havia somado pontos em dois GPs pela Williams, e via o jovem Michael Schumacher, da Benetton, liderar o campeonato com duas vitórias.

Em 1º de maio de 1994, 11 dias depois daquele jogo em Paris, Ayrton Senna morreu vítima de um acidente durante o GP de San Marino, no circuito de Ímola, na Itália. Em 17 de julho, após a conquista do tetracampeonato mundial, a seleção brasileira lembrou da promessa feita em Paris.

Ainda no gramado do Rose Bowl, em Pasadena, na Califórnia, os jogadores mostraram uma faixa com a frase: "Senna, aceleramos juntos, o tetra é nosso!"