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Dinamarca adota camisa desbotada em protesto por direitos humanos no Qatar

Camisa da Dinamarca para a Copa do Mundo de 2022 - Reprodução/Instagram
Camisa da Dinamarca para a Copa do Mundo de 2022 Imagem: Reprodução/Instagram

do UOL, em São Paulo

28/09/2022 17h12Atualizada em 28/09/2022 19h49

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A seleção dinamarquesa está no Grupo D da Copa do Mundo de 2022 e tem estreia marcada para 22 de novembro. Mas disputar o torneio não significa apoio irrestrito à realização do evento no Qatar, e os dinamarqueses vão utilizar o uniforme como uma forma de protesto.

Os modelos de todas as camisas são monocromáticos, inclusive os logotipos da empresa e da Federação Dinamarquesa.

Em publicação nas redes sociais, a Hummel Sport, fornecedora de materiais esportivos da seleção europeia, declarou apoio e explicou o posicionamento.

No texto de divulgação de um dos modelos, a fabricante critica as condições trabalhistas no país árabe. "Nós não queremos propagar nossa imagem durante um torneio que custou milhares de vidas. Nós apoiamos a seleção dinamarquesa até o fim, mas isso não é o mesmo que apoiar o Qatar como país-sede", diz o texto.

O terceiro uniforme da Dinamarca na Copa do Mundo será totalmente preto. A escolha simboliza o luto pelas vítimas das construções de estádios para o torneio.

"Preto: A cor do luto. A cor perfeita para a terceira camisa da Dinamarca para a Copa do Mundo deste ano. Apesar de apoiarmos a seleção dinamarquesa o tempo todo, isso não deve ser confundido com o apoio a um torneio que custou a vida de milhares de pessoas. Desejamos fazer uma declaração sobre o histórico de direitos humanos do Catar e seu tratamento aos trabalhadores migrantes que construíram os estádios da Copa do Mundo no país", diz o texto da fornecedora.

De acordo com relatório da Anistia Internacional divulgado no ano passado, "milhares de trabalhadores migrantes morreram repentina e inesperadamente no Qatar".

A Dinamarca não é a única equipe a protestar por questões de Direitos Humanos no Qatar. Oito seleções europeias anunciaram que seus capitães vão usar braçadeiras "arco-íris", em repúdio à criminalização de pessoas LGBTQIA+ no país sede da Copa.

Com a divulgação da camisa da equipe dinamarquesa, o Comitê Supremo para Entrega e Legado, entidade que organiza a Copa do Mundo do Qatar, divulgou um comunicado. Confira a nota na íntegra:

"Desde que conquistou o direito de sediar a Copa do Mundo da FIFA, o Supremo Comitê trabalhou cuidadosamente ao lado do governo do Qatar para garantir que o torneio ofereça um legado social duradouro.

Nosso compromisso com esse legado contribuiu para reformas significativas no sistema trabalhista, promulgando leis que protegem os direitos dos trabalhadores e garantem melhores condições de vida para eles.

Através da nossa colaboração com o Grupo de Trabalho da UEFA e várias outras plataformas lideradas pela FIFA e outros grupos independentes, estabelecemos um diálogo robusto e transparente com a DBU [Federação Dinamarquesa de Futebol]. Esse diálogo resultou em uma melhor compreensão do progresso alcançado, dos desafios enfrentados e do legado que entregaremos além de 2022.

Por essa razão, contestamos a afirmação da Hummel de que este torneio custou a vida de milhares de pessoas. Além disso, rejeitamos de todo o coração a banalização de nosso compromisso genuíno de proteger a saúde e a segurança dos 30.000 trabalhadores que construíram estádios da Copa do Mundo da FIFA e outros projetos relativos ao torneio. Esse mesmo compromisso agora se estende a 150.000 trabalhadores em vários serviços relativos ao torneio e 40.000 trabalhadores no setor de recepção de pessoas.

O ônus deve sempre recair sobre os países para fazer mais para proteger os direitos dos povos em todo o mundo, inclusive na Dinamarca. O trabalho do SC é reconhecido por inúmeras entidades da comunidade internacional de direitos humanos como um modelo que acelerou o progresso e melhorou vidas. As reformas do Qatar são reconhecidas pela OIT e pela CSI como referência na região. Como todo país, o progresso nessas questões é uma jornada sem linha de chegada, e o Qatar está comprometido com essa jornada.

Pedimos à DBU para transmitir com precisão o resultado de sua extensa comunicação e trabalho com o SC, e garantir que isso seja comunicado com precisão a seus parceiros da Hummel."