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Libertadores: Violência explode em Guayaquil, mas Conmebol descarta mudança

Estádio Monumental, em Guayaquil (EQU), foi escolhido pela Conmebol para receber a final da Libertadores - Reprodução/Facebook
Estádio Monumental, em Guayaquil (EQU), foi escolhido pela Conmebol para receber a final da Libertadores Imagem: Reprodução/Facebook
Bruno Braz e Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

28/09/2022 04h00

Faltando um mês para receber a final da Libertadores entre Athletico-PR e Flamengo, Guayaquil vive uma onda de violência que levou o Governo do Equador a decretar um estado de exceção até, pelo menos, o dia 14 de outubro. Porém, apesar de toda a preocupação que isso tem gerado aos torcedores e aos clubes, a Conmebol descarta a mudança do local da sede e já iniciou a venda de ingressos para a decisão.

O caos social teve uma grande disparada por causa do narcotráfico, com assassinatos, guerras de gangues, atentados com explosivos, assaltos, entre outros crimes que estão tendo um aumento gradativo ano a ano. Segundo as autoridades, entre janeiro e agosto de 2022 já foram 861 pessoas assassinadas e a cidade concentra 32,5% dos homicídios do país.

Mesmo cientes de todos os problemas que Guayaquil têm enfrentado, Athletico-PR e Flamengo seguem seus planejamentos para a final na cidade equatoriana e já possuem toda a logística montada, incluindo voos, hospedagem e local de treinamentos. Entre as diretorias há um consenso de que muito dificilmente uma mudança acontecerá e que o jogo deverá mesmo acontecer por lá no dia 29 de outubro, no estádio Monumental Isidro Romero Carbo, que pertence ao Barcelona (EQU).

Entre o governo do Equador há toda uma preocupação para que se passe tranquilidade à Conmebol. Uma força-tarefa, inclusive, foi feita também para melhorar a estrutura do local da decisão, incluindo obras e outros reparos, uma exigência feita pela entidade.

A decisão da Libertadores é vista como importante economicamente para o país. A prefeita de Guayaquil, Cynthia Viteri, por exemplo, calcula que a cidade receberá cerca de 50 mil turistas e arrecadará cerca de US$ 50 milhões (R$ 268 milhões) com o evento.

Preços e estrutura assustam os torcedores

Agência de turismo oferece pacote completo: esgotou para Guayaquil e agora disponibiliza para cidade vizinha - Divulgação - Divulgação
Agência de turismo oferece pacote completo: esgotou para Guayaquil e agora disponibiliza para cidade vizinha
Imagem: Divulgação

Com finais em Lima (PER), em 2019, e Montevidéu (URU), em 2021, muitos torcedores do Flamengo ganharam "experiência" recentemente com decisões de Libertadores em outros países. No entanto, os preços estratosféricos das passagens e a opções escassas de hospedagem têm assustado e afastado uma grande quantidade de pessoas.

Os bilhetes aéreos, por exemplo, já ultrapassam os R$ 10 mil, sendo que não há voos diretos do Brasil para Guayaquil, e as únicas opções possíveis são com escalas, à exceção de eventuais viagens fretadas.

Já no caso da hospedagem, há poucas opções em Guayaquil, e o que ainda resta é muito caro. Até mesmo veículos de imprensa têm encontrado dificuldade na logística para a cobertura da final. Muitos têm optado por regiões vizinhas, na costa da província de Guayas e a cerca de 1h30 do local da final.

Algumas agências de turismo têm oferecido pacotes incluindo aéreo, hospedagem, ingresso e transfer por preços que variam entre R$ 14 mil e R$ 17 mil. Já organizadas dos dois clubes oferecem caravanas de ônibus para a final. A "Os Fanáticos", do Athletico-PR, anuncia um pacote a R$ 1.400, sem ingresso, saindo de Curitiba (PR) no dia 22 de outubro. Já a "Raça Rubro-Negra", do Flamengo, sinaliza com uma a R$ 2.490, sem ingresso, saindo no dia 21 de outubro do Rio de Janeiro e de São Paulo.

De acordo com a atualização do Censo Econômico do Equador, Guayaquil possui hoje 12.602 vagas de hospedagem, em 7.760 quartos e 9.147 leitos nos 122 hotéis da cidade — camas de casal contam duas vagas. O estádio Monumental Isidro Romero Carbo tem capacidade para 57 mil pessoas.

O que é estado de exceção?

Região que sofreu explosão em Guayaquil, no Equador, no dia 14 de agosto - VICENTE GAIBOR DEL PINO/REUTERS - VICENTE GAIBOR DEL PINO/REUTERS
Região que sofreu atentado com explosivos em Guayaquil, no Equador, no dia 14 de agosto
Imagem: VICENTE GAIBOR DEL PINO/REUTERS

O estado de exceção decretado pelo presidente equatoriano, Guillermo Lasso, caracteriza-se pela suspensão temporária de direitos e garantias constitucionais, que proporcionam a necessária eficiência na tomada de decisões para casos de proteção do Estado, já que a rapidez no processo de decidir as medidas a serem tomadas é essencial em situações emergenciais.

Tal medida já havia sido tomada inicialmente em 14 de agosto, e depois foi prorrogada no último dia 13 por mais 30 dias para "buscar intensificar as tarefas de segurança, para proteger o bem-estar da cidadania", segundo a Secretaria de Comunicação do país.

Vendas para a torcida do Fla se iniciam hoje; do Athletico, amanhã

Desde o último dia 23 a Conmebol iniciou as vendas de ingressos exclusivamente para o espectador equatoriano. Elas são destinadas ao setor misto, na Tribuna Leste do Monumental Isidro Romero Carbo, e custam US$ 245 (cerca de R$ 1.317).

Já o Flamengo inicia as vendas para seus sócios-torcedores às 10h de hoje (28). Os ingressos são para o Setor Sul, destinado exclusivamente aos flamenguistas, e custam US$ 142 (cerca de R$ 745). Caso sobrem entradas, a comercialização para o público em geral ocorrerá a partir do dia 30 de setembro.

O Athletico, por sua vez, inicia as vendas para os sócios-torcedores na próxima quinta-feira (29) às 14h. Os ingressos são para o Setor Norte, destinado exclusivamente aos athleticanos, e também custam US$ 142 (cerca de R$ 745). Caso sobrem entradas, a comercialização para o público em geral ocorrerá a partir do dia 1º de setembro.