Pancadaria sobre Neymar assusta e remete a 'fantasmas' de Copas passadas

"Um jogo de Copa". A definição de Neymar para o amistoso entre Brasil e Tunísia, ontem (27), em Paris, ilustra em muitos níveis o que foi a goleada por 5 a 1, no último teste da seleção brasileira antes da estreia na Copa do Mundo. Só que a definição de "jogo de Copa", no caso de Neymar, nem sempre é acompanhada de boas lembranças. Nos dois Mundiais que disputou até hoje, o camisa 10 da seleção brasileira sofreu com a violência dos rivais, mesmo que de formas muito diferentes. O fantasma das lesões sempre esteve presente.

Contra a Tunísia, Neymar voltou a ser alvo como há muito não se via. Ele sofreu três das sete faltas marcadas a favor do Brasil. Mais do que isso, foi provocado pelos adversários, levou um cartão amarelo e chegou a revidar uma agressão do zagueiro Ghaléne Chaaleli, quando o jogo ainda estava 0 a 0.

A dinâmica de um jogo tão ríspido e de um Neymar caçado em campo não é novidade. Em 2014, ele era o astro da seleção brasileira e candidato a destaque da Copa até as quartas de final. Mas no caminho havia Camilo Zuñiga, e uma lesão na terceira vértebra, na reta final da vitória sobre a Colômbia tirou Neymar do torneio. Sem a sua maior referência, o Brasil uma semifinal que foi histórica da pior forma possível: a maior derrota do país em Copas, no 7 a 1 para a Alemanha.

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Quatro anos depois, Neymar chegou à Copa na Rússia recuperando-se de outra lesão. Em fevereiro de 2018, ele sofreu uma fissura no quinto metatarso do pé direito e ficou três meses afastado. No Mundial, chegou sem ritmo de jogo pelo PSG e continuou sendo alvo dos adversários. Desde o primeiro jogo, contra a Suíça, foi acusado de se jogar e simular faltas, tornando-se — de forma pejorativa — um dos principais assuntos da competição.

Apesar das críticas e memes, Neymar foi quem mais sofreu faltas na Copa de 2018: foram 26 em cinco partidas. Só contra os suíços, ele sofreu 10 faltas, maior número em Copas desde 1998.

Melhor início e sem lesões

Agora, a 57 dias da estreia no Brasil no Qatar, Neymar vive o melhor início de temporada na Europa. Entre o PSG e a seleção, são 12 gols e 10 assistências em 13 partidas desde agosto. Na média, ele participa de 1,7 gol por jogo. Ninguém no mundo tem números parecidos no período.

As lesões também deram um tempo. A última vez que Neymar ficou fora de combate foi entre novembro do ano passado e fevereiro deste ano, quando uma lesão no tornozelo esquerdo o afastou por 73 dias e 12 jogos do PSG. Desde o retorno, ele não se machucou mais.

O período sem lesões é o maior desde a Copa de 2018. Desde o último mundial, Neymar perdeu partidas do PSG em 12 momentos diferentes, por problemas como uma segunda lesão no quinto metatarso, rompimento dos ligamentos do tornozelo, incômodo no músculo adutor, uma lesão na costela e um teste positivo para o coronavírus.

Em Le Havre, após a vitória por 3 a 0 sobre Gana, Neymar falou sobre a importância de estar bem fisicamente e de chegar assim ao Qatar. "Meu problema nunca foi dentro de campo, e sim algumas lesões que acabaram atrapalhando. Mas quando estou 100%, inteiro, jogando futebol e feliz, acho que é difícil para os adversários", disse.

Após a goleada contra a Tunísia, ele voltou ao assunto. Claro que chegar na Copa bem fisicamente e jogando bem é o que todo mundo quer", disse, antes de citar "pancadas desleais" dos tunisianos. "Eles deram a vida, mas nosso time teve cabeça boa, apesar das irritações", acrescentou.

Ao ser questionado como não se irritar com essa perseguição dos rivais, Neymar criticou o critério dos árbitros. "Eu fiz uma falta e já tomei amarelo na primeira falta. Não sei... É difícil, porque acabo sofrendo quatro, cinco, seis faltas por jogo e comigo é sempre totalmente diferente".

A seleção brasileira estreia na Copa do Mundo contra a Sérvia, em 24 de novembro. Suíça e Camarões completam o grupo.