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Pierre lembra parceria com R10 e diz que só desastre tira taça do Palmeiras

Pierre ergue a Taça Libertadores conquistada pelo Atlético-MG em 2013 - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Pierre ergue a Taça Libertadores conquistada pelo Atlético-MG em 2013 Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Vanderlei Lima e Augusto Zaupa

Do UOL, em São Paulo

28/09/2022 04h00

São poucos os jogadores que podem bater no peito e afirmar que estão na memória dos torcedores de um grande clube brasileiro por conquistar uma Copa Libertadores. A amostra fica ainda mais rara quando envolve os que fizeram isso jogando ao lado da lenda Ronaldinho Gaúcho. Hoje aos 40 anos, o ex-volante Pierre fez isso pelo Atlético-MG. O Galo, inclusive, recebe o Palmeiras — outro clube onde Pierre teve longa passagem — na noite de hoje (28), às 21h45 (de Brasília), pela 28ª rodada do Brasileirão.

"Foi um sonho realizado. A gente só via o Ronaldinho atuando na Europa e seleção brasileira. Quando eu tive a oportunidade de estar atuando junto com ele foi uma realização de um sonho para mim. Pude ver também a simplicidade e o carisma que ele tinha com todos os atletas. Foi uma experiência mágica que eu vivi, que foi sem dúvida algo tremendo na minha carreira, jogar com um jogador do nível do quilate do Ronaldinho Gaúcho", recordou o ex-jogador, que se aposentou dos gramados no início de 2019.

"Eu costumo dizer que o Ronaldinho foi a cereja do bolo do Atlético-MG. Ele chegou no bom momento que a gente estava vivendo, liderando o Campeonato Brasileiro de 2012 e, assim, caiu como uma luva. Sem dúvida foi um dos protagonistas [na conquista da Libertadores de 2013]. Tiveram muitos, mas ele, sem dúvida, foi o principal protagonista dessa conquista da Libertadores, na Recopa [Sul-Americana de 2014] também. Acredito que ele teve uma grande parcela de contribuição pela conquista destes títulos", acrescentou.

Além da Libertadores e da Recopa, Pierre também conquistou pelo Galo dois títulos estaduais (2012 e 2013) e uma vez a Copa do Brasil (2014) durante os quatro anos em que vestiu a camisa alvinegra, com 170 jogos. Inclusive, foi Cuca quem pediu a sua contratação — eles já tinham trabalhado juntos uma década antes, no Paraná Clube. Para o ex-volante, é nome ideal para substituir Tite no comando da seleção brasileira após a Copa do Mundo do Qatar.

Ronaldinho Gaúcho abraça Pierre ao se despedir do Atlético-MG, em julho de 2014 - BRUNO CANTINI / Atlético-MG - BRUNO CANTINI / Atlético-MG
Ronaldinho Gaúcho abraça Pierre ao se despedir do Atlético-MG, em julho de 2014
Imagem: BRUNO CANTINI / Atlético-MG

"Se a gente analisar por questão de conquistas, por questão de amadurecimento, pois o Cuca já tem um tempo nessa caminhada dirigindo grandes clubes do futebol brasileiro, sendo campeão no Palmeiras e no Atlético-MG, ele por ter contribuído pelo futebol brasileiro, eu acredito que ele é um dos nomes fortes para assumir o comando da seleção brasileira", analisou.

"O Cuca é um bom gestor de grupo, consegue montar elencos muito coesos e competitivos, ele é um exímio formador de elenco. Você pega o São Paulo daquela época [2004]. Por mais que ele não tenha ganhado título com o São Paulo, ele formou praticamente aqueles jogadores. Depois montou aquele time do Botafogo, do Atlético-MG, foi para o Palmeiras. Além dessa parte de formação de elenco, ele é um treinador que consegue encaixar a equipe de forma que você não entre em campo perdido", acrescentou.

Atual fase do Palmeiras lembra queda do Galo

Antes de se transferir para o Atlético-MG, Pierre jogou pelo Palmeiras por quatro temporadas. De acordo com o ex-jogador, o clube paulista passa por uma fase de reorganização após as quedas na Copa do Brasil e na Libertadores, assim como o Galo, que busca voltar aos eixos depois de ganhar o Brasileirão e o principal torneio de mata-mata nacional no ano passado.

"Também admiro muito o trabalho do Abel Ferreira. O que ele tem conseguido realizar no Palmeiras é algo extraordinário. Para ganhar o que o Palmeiras ganhou já é difícil, e conseguir manter isso por anos subsequentes é um feito extraordinário. É difícil você pegar um time ganhador que já vem ganhando vários títulos ao longo dos anos e continuar a extrair motivação desses atletas. É algo muito complicado. É isso que o Cuca está tentando fazer no Atlético-MG, que vem de uma sequência de títulos e depois caiu nesse... Eu não vou dizer comodismo, mas nesse relaxamento natural que o próprio Flamengo enfrentou pós-conquistas que agora o Dorival conseguiu resgatar. O Abel Ferreira está fazendo mesmo com essas duas eliminações que teve. Ele segue muito vivo para conquistar este título do campeonato brasileiro", analisou.

Pierre, em treino do Palmeiras - Folha Imagem - Folha Imagem
Pierre durante treino do Palmeiras
Imagem: Folha Imagem

"O Palmeiras agora só tem uma competição, está 100% focado, não vem oscilando. No último jogo ganhou o clássico contra o Santos, com um a menos. O Palmeiras só perde este Brasileiro se acontecer um desastre."

Outros trechos da entrevista com Pierre:

Forte identificação com o Atlético-MG

"Meus Deus, sem sombra de dúvida, foi o clube que entrou e marcou a minha vida. Eu cheguei no Atlético numa situação muito difícil. Foi em 2011, o Atlético tinha 78% de chance de ser rebaixado e na penúltima rodada do Brasileiro nós conseguimos livrar o Atlético da queda. Em 2012, fomos campeões mineiros, classificamos o Atlético para Libertadores depois de 12 anos e, no ano seguinte, nós conseguimos o feito de ser campeão da Libertadores. Em 2014, fomos campeões da Copa do Brasil em cima do Cruzeiro, título que o Atlético-MG também não tinha. Depois veio a Recopa Sul-Americana. Foi algo surreal algo, está marcado na minha vida."

Torcida do Atlético-MG levou bandeira com imagem do volante Pierre, agora no Fluminense - Victor Martins/UOL Esporte - Victor Martins/UOL Esporte
Torcida do Atlético-MG homenageou Pierre, em 2015, quando o volante estava no Fluminense
Imagem: Victor Martins/UOL Esporte

Contratação de Turco Mohamed foi equivocada

"É difícil falar porque eu não conheci o trabalho do Turco. Com certeza a própria diretoria, o departamento de análise e desempenho devem ter feito uma busca apurada pra trazer o Turco. Mas, na minha opinião, eu apostaria em treinadores que já estavam aqui no Brasil, que tinham um certo conhecimento, já sabiam como funciona. Acredito que a aposta naquele momento teria que ser um treinador brasileiro, que já vinha acompanhando a tempo os campeonatos que o Atlético-MG vinha disputando e ganhando."

Atlético-MG vai conseguir vaga na Libertadores 2023

"Penso que é o desafio. O Atlético precisa esquecer esta questão de título [ocupa a sétima colocação, com 17 pontos atrás do líder Palmeiras]. Acredito que o Atlético não tem mais essa condição (título brasileiro), mas segue vivo. Enquanto tiver chances matemáticas, o Atlético vai até o final da competição disputando uma vaga para a Libertadores."

Vida de empresário

"Tem uma empresa em São Paulo que se chama Dodici Sports, que significa 12 em italiano, número da camisa do Marcão [ex-goleiro do Palmeiras]. Eu trabalho com o Marcão. Ele também está inserido dentro da empresa, buscamos formar novos atletas no cenário mundial. Temos captadores, uma equipe que faz toda a triagem. O trabalho é totalmente focado na base e a questão profissional fica mais a encargo meu, do Juan Rafael Brito e do Fernando Brito — eles são irmãos. O Juan cuida mais da parte do marketing esportivo e eu e o Fernando cuidamos da questão profissional. O escritório hoje tem um número grande de atletas. O atleta de maior projeção é o Marcos Leonardo, o atacante do Santos. É um moleque de 19 anos que a gente enxerga, está sendo preparando para ser o camisa 9 da próxima Copa do Mundo [em 2026]."