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Atlético-MG e Cruzeiro tentam superar passado de homofobia com camisa rosa

Cruzeiro disputou diversos jogos da Série B com a bandeira do mvimento LGBTQIA+ - Staff Images
Cruzeiro disputou diversos jogos da Série B com a bandeira do mvimento LGBTQIA+ Imagem: Staff Images

Lohanna Lima e Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte (MG)

29/09/2022 12h00

Cruzeiro e Atlético-MG preparam para amanhã (30) uma ação conjunta para o Outubro Rosa — mês de conscientização e combate ao câncer de mama. Atualmente, os dois clubes têm contrato com a Adidas para fornecimento de material esportivo e vão fazer juntos o lançamento da camisa cor de rosa em alusão à campanha. Momento em que os dois maiores clubes de Belo Horizonte vão aproveitar para tentar superar um passado não muito distante marcado pela homofobia.

Para o Atlético a camisa rosa não chega a ser uma novidade: o Galo terá a peça nessa cor pela segunda vez em sua história. Já o Cruzeiro vai estrear a paleta após não ter participado da campanha da fornecedora em anos anteriores, quando Flamengo, Internacional e São Paulo lançaram a camisa.

Quando o Atlético apresentou o uniforme cor de rosa em 2010, a peça logo virou motivo de diversas manifestações homofóbicas por uma significativa parte da torcida celeste. Muitos torcedores atleticanos também foram contra a utilização e comercialização da peça pelo mesmo motivo. Na ocasião, a camisa fazia parte do material de treino do time do Galo naquela temporada.

Ainda em 2010 estava previsto o lançamento da terceira camisa de jogo do Atlético, que seria preta com detalhes em rosa. Mas o receio da reação de parte da torcida, que já havia reprovado a camisa de treino rosa, justamente por tratar os cruzeirenses com apelidos homofóbicos, fez com que a diretoria alvinegra recuasse e a camisa 3 virou um segundo uniforme de treino.

Meia Ricardinho, em 2010, pelo Atlético-MG, com a camisa rosa  - Bruno Cantini/Atlético-MG - Bruno Cantini/Atlético-MG
Meia Ricardinho, em 2010, pelo Atlético-MG, com a camisa rosa
Imagem: Bruno Cantini/Atlético-MG

Algo semelhante aconteceu com o Cruzeiro em 2020 e 2021. Já parceiro da Adidas, o clube celeste rejeitou a camisa rosa por duas temporadas consecutivas. Segundo apurou o UOL Esporte, a gestão anterior do Cruzeiro se sentiu pressionada por alguns conselheiros e organizadas que eram contra a utilização da cor. Oficialmente, a recusa foi justificada por alguns detalhes de confecção e de produção relacionados à Adidas.

Em contato com o UOL Esporte, o diretor de negócios do Cruzeiro confirmou a ação em conjunto com o Atlético, que será feita pelas redes sociais dos dois clubes e reforçou a nova mentalidade do clube, guiada por Ronaldo Nazário, na qual o posicionamento é de inclusão.

"Vamos ter a ação da camisa pelas redes sociais dos dois clubes. A gente sabe que em outros momentos o Cruzeiro optou por não fazer, não sei os motivos, pois não estava aqui ainda. Mas pela mentalidade que nós da diretoria temos aqui, faz todo sentido tê-la e apoiar essa causa tão importante como o Outubro Rosa. Não temos porque carregar preconceitos. Todo torcedor tem direito de amar seu clube e ser correspondido", disse o diretor.

"Torcedor homofóbico não é bem-vindo", diz Ronaldo

Cruzeiro e Grêmio foram parar no STJD, no primeiro turno da Série B, por cânticos homofóbicos entoados pelas duas torcidas no Independência. Ao clube celeste, o órgão aplicou uma multa de R$ 30 mil e homologou um acordo no qual o Cruzeiro teve de cumprir diversas ações de conscientização contra a homofobia. O Grêmio assinou o mesmo acordo e teve de pagar multa de R$ 20 mil.

Após o episódio da denúncia feita pelo STJD, Ronaldo se posicionou sobre a questão em uma de suas lives fazendo duras críticas ao comportamento da torcida celeste. O dirigente chegou a dizer que torcedores com esse pensamento não eram bem-vindos aos jogos da Raposa.

"Quero lembrar a vocês que é um problema muito sério, é crime. O torcedor homofóbico não é bem-vindo aos jogos do Cruzeiro. Além de cometer um crime, vai estar prejudicando seu time. Recado para o cruzeirense e para todos. Não podemos mais tolerar esse tipo de comportamento. Vamos cumprir nossa obrigação, conscientizar o torcedor, isso não é bem-vindo nos nossos estádios", disse.