Influencer que inspirou Neymar realiza sonho e vira jogador na Europa

Você se lembra do Edi Júnior? Se você está por dentro do mundo do TikTok, provavelmente a resposta é sim. Ele tem mais de 4 milhões de seguidores com vídeos cômicos e serviu de inspiração para Neymar no TikTok —em um áudio de uma cantada furada. Os dois, inclusive, se aproximaram e o garoto ganhou vários presentes do craque do PSG.

Pois bem: depois de tanto insistir, Edi Júnior, hoje com 22 anos de idade, enfim pode dizer que realizou o grande sonho de sua vida e virou um jogador de futebol profissional. Ele deixou o Brasil rumo à Europa para jogar pelo KF Devolli, uma equipe da terceira divisão da Albânia, e faz hoje (2) a sua estreia oficial.

O menino que cresceu em Vila Cruzeiro, mesma comunidade do Rio de Janeiro que se popularizou com Adriano Imperador, sonhava em jogar futebol profissionalmente desde que se conhece por gente. "Na verdade, eu nunca sonhei em ser influenciado digital, sempre sonhei em ser jogador de futebol, desde pequeno. Só que influenciador foi uma coisa que eu descobri, que aconteceu naturalmente", contou Edi ao UOL, que jogou nas escolinhas do Vasco (dos 5 aos 9) e do Flamengo (dos 9 aos 16) e só deixou o futebol em segundo plano por conta do sucesso no TikTok.

Mas o sonho de jogar futebol sempre esteve ali, muito bem guardado. Quase foi realizado alguns anos atrás, para jogar em Portugal, mas não deu certo. "Aconteceu muita coisa. O cara era meio que errado e ia me colocar no país ilegalmente. E prometeu um monte de coisa que não cumpriu... Aí eu fiquei triste pra caramba. Não é possível que nunca vou conseguir", recorda Edi.

"Mas continuei fazendo meus vídeos, postando coisas de futebol... Aí, do nada, o Lorenzo, da KL Sports & Business, da Futures Sport, me mandou mensagem: 'Vi teu perfil aqui, tem uma proposta pra você'. 'Caraca, aí já é meio gol'. Aí ele me chamou para esse projeto com ele, vir aqui para a Albânia jogar futebol profissionalmente... Eu fiquei muito feliz! Ele conversou comigo, mostrou o projeto, eu acreditei e vim com tudo. Larguei tudo, porque era meu maior sonho. É uma coisa dentro de mim que não tem como explicar. É um amor incomum", contou.

"E hoje eu tô aqui, pela primeira vez jogando futebol profissionalmente, treinando e sonhando cada vez mais. E se Deus quiser chegar longe. Só de eu estar aqui, tentando, já é uma coisa que vale muito pra mim. Nunca pensei que iria conseguir chegar aqui. Sempre acreditei, mas nunca tinha certeza de que iria conseguir. Não tem como falar com palavras, só com sentimentos".

"O Neymar saber que eu existo!"

Edi Júnior começou a produzir conteúdo sobre jogos de videogame em 2017. Sempre muito divertidos, os vídeos começaram a fazer sucesso na rede a ponto de o menino receber uma proposta do próprio TikTok: 200 dólares por 25 vídeos. Ele topou e, em 30 dias, o seu número de seguidores disparou, alcançando 100 mil —com mais de um milhão de visualizações.

O alcance de Edi se tornou enorme, e até alguns famosos começaram a compartilhar vídeos baseados em dublagens do influencer. Um deles, com uma daquelas cantadas de tiozão, viralizou: 'Oi, eu sou o Gui. Que Gui? O guiado por Deus para te fazer feliz'. E sabe quem postou a sua própria versão? Neymar, para a alegria de Edi, que foi avisado por um amigo e na hora nem acreditou.

"Um moleque me chamou e falou: 'Ed, corre no TikTok que o Neymar te dublou'. Na hora eu falei: 'não é possível, isso é mentira, não tô acreditando'. Aí eu abri e vi, e surtei demais, foi um dos melhores dias da minha vida!", conta.

"Aí fui mandar mensagem pra ele e vi que ele me seguia... Pelo amor de Deus! Aí já abri o perfil dele, mandei mensagem pedindo uma camisa autografada... Ele demorou pra responder e falou: 'manda teu endereço'. Ele mandou chuteira, bola, mochila e tudo mais! Eu só pedi uma camisa autografada [risos]. Desde então ele me segue, no Instagram também, nossa senhora! Até hoje não acredito que o Neymar me segue, que ele sabe que eu existo", brinca.

Agora, o próximo passo é conhecer Neymar pessoalmente. "Ainda está numa lista de sonhos, mas quem sabe um dia a gente se encontra por aí", brincou.

Mais sobre o papo com o Edi:

Eu não sabia nada da Albânia, nem que país era esse. Nunca tinha visto no mapa. Aí eu comecei a pesquisar várias coisas...

O futebol aqui é muito físico, tático, só não tem muita qualidade. Mas taticamente e fisicamente é um futebol do caramba, exige muita força. E é muito diferente do Brasil. Dois toques na bola, os caras quase não ficam com a bola no pé, é difícil [risos].

Minha mãe e meu pai super me apoiaram [jogar na Albânia]. São meus maiores fãs. Se um dia eu conseguir realizar todos meus sonhos, 90% desse mérito é total deles, só 10% meu. O quanto eles me apoiam, me ajudam, torcem, mandam mensagens de apoio, todos os dias. Eles são tudo pra mim, meu combustível.

Infelizmente meu relacionamento de 3 anos terminou, mas acontece, né [risos]? Mas meu ex-sogro e minha ex-sogra, com quem eu morava, praticamente são como pais pra mim também. São dois também que, por exemplo... Se eu tivesse uma vitória, era 10% deles, 90% dos meus pais e nada meu [risos]. O mérito é total dos quatro. São um combustível de eu estar aqui, me motivaram muito, e sempre torceram por mim.

Ainda não passei nenhum perrengue. Estou com companheiros de quarto que são de outros times, e eles são muito maneiros, o clima é muito bom.

Estou sentindo falta de açaí, de churrasco, de feijão [risos]... Sentindo falta de muita coisa que aqui não tem. Foi meio diferente para se adaptar, mas foi de boa. Teve um período complicado de adaptação, com o término, algumas críticas, mas graças a Deus hoje e agora está de boa.

Estou morando com um brasileiro e um japonês, é mó engraçada a comunicação. É uma mistura de país do caramba nessa Albânia [risos]. A gente sempre fica se zoando... A gente vai se enfrentar no campeonato e fica se zoando [risos].