Final única é irreversível e Conmebol banca modelo para próximas edições
O torcedor são paulino que viajou até Córdoba, na Argentina, para ver a final da Copa Sul-Americana entre São Paulo e Independiente del Valle, teve de lidar com muitos problemas. Desde a distância de mais de 2 mil km entre a capital paulista e a cidade argentina, passando pela pouca oferta de voos, até a falta de vagas em hotéis, ocupados em grande parte por conta dos eventos que aconteceram em Córdoba nos últimos dias — incluindo a Feira do Livro e shows de rock.
Torcedores do Flamengo e do Athletico-PR, finalistas da Libertadores, também estão sofrendo para conseguir acompanhar a decisão em Guayaquil, no Equador, dia 29 de outubro. Mesmo com todos esses problemas, segundo apurou o UOL Esporte, a Conmebol, entidade que rege o futebol na América do Sul, não pensa em rever a política de fazer as finais dos seus dois principais torneios em jogo único.
Basicamente, ter a partida decisiva sendo disputada em uma única cidade permite à Conmebol ter total controle da gestão da final, incluindo venda de ingressos, ativação de marcas dos patrocinadores da entidade e lucros provenientes da operação.
Em finais em jogos ida e volta, a organização das partidas fica com os clubes. E a entidade usa o exemplo de um jogo que teve o Tricolor como protagonista como argumento contra disputar a decisão em dois jogos. Para a Conmebol, a final da Sul-Americana de 2012, vencida pelo São Paulo após o Tigre-ARG se envolver em uma briga generalizada com seguranças do clube paulista e não voltar para o segundo tempo, é um exemplo de que o melhor é ter uma única partida decisiva.
Para agradar os clubes, a Conmebol testou um novo modelo de repartição dos lucros da decisão da Sul-Americana deste ano. São Paulo e Independiente del Valle ficaram com 50% dos ingressos vendidos por cada um dos clubes. Além disso, São Paulo e Del Valle vão ficar com 25% da renda líquida da bilheteria. Este modelo valeu para a Sul-americana, e está sendo estudado pelo Conselho da Conmebol para a Libertadores deste ano.
Os contratos de direitos de transmissão e de patrocínio recém fechados para as competições de clubes também amarram a Conmebol às finais em jogos únicos. Todos os contratos levam em conta uma só partida para decidir o campeão. Nos acordos comerciais, as empresas parceiras fecham para realizar ativações nos três dias que antecedem aos confrontos, quando os finalistas já têm que estar na cidade sede.
Os ciclos dos contratos são diferentes: os de patrocínio são dois anos, 2023 e 2024, mas o de direitos de imagem são quatro anos, até 2026. Mesmo se resolvesse mudar e retornar a uma final em dois jogos, a Conmebol teria que mudar o teor desses acordos, o que não é simples.
O presidente da confederação, Alejandro Dominguez, é o maior entusiasta das finais únicas. No fim de agosto, quando esteve em Guayaquil assinando acordo com o governo equatoriano para a final da Libertadores, que será em 29 de outubro, ele disse que a ideia de mudar também ocorreu para tentar equilibrar as decisões, já que nos dez anos anteriores a 2019 o time mandante do segundo jogo foi o campeão. Campo neutro, para ele, ajudaria nessa questão.
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