Da ansiedade à emoção: a esperada estreia da joia Endrick pelo Palmeiras

O Palmeiras vencia por 3 a 0 o Coritiba quando as arquibancadas do Allianz Parque explodiram de alegria. As atenções, naquele momento, se voltaram para a linha lateral. À beira do gramado, Endrick se preparava para fazer história pelo clube e emocionar a família. Foram pouco mais de 20 minutos em campo na estreia como profissional, o suficiente para iniciar um novo capítulo na curta, mas meteórica carreira. Ao apito final, a joia lembrou o avô e não escondeu as lágrimas.

Apontado como uma das grandes revelações do Palmeiras, Endrick chegou ao profissional recheado de expectativa após o sucesso nas categorias de base. Há alguns dias, foi o herói da conquista do Brasileiro sub-20, com gol na final contra o rival Corinthians.

Após ser relacionado para os jogos contra Santos, Atlético-MG e Botafogo, enfim, estreou. E, ao pisar no gramado do Allianz Arena, se tornou o mais jovem a atuar pelo Verdão, com 16 anos, dois meses e 16 dias — o posto era do também atacante Vinícius, que atuou em 2010, mas tinha 16 anos e sete meses.

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Pedidos da torcida e os primeiros lances

Durante o segundo tempo, os presentes gritavam o nome de Endrick e demonstravam que o queriam ver em ação. Ele foi chamado pelo auxiliar João Martins — Abel Ferreira estava suspenso — aos 22 minutos do segundo tempo. Enquanto a torcida celebrava, o pai, Douglas, chorava e filmava o momento em que o filho entrava no gramado, recebendo o carinho de alguns torcedores que estavam por perto.

Na primeira participação como jogador profissional, o camisa 16 fez falta em Boschilia. No minuto seguinte, recebeu a bola na área, mas Chancellor conseguiu a antecipação e fez o corte.

Aos 27 minutos, Dudu e Endrick se embolaram entre dois jogadores do Coxa e o Palmeiras acabou perdendo a posse de bola. Pouco depois, um lance que fez a torcida levantar: o jovem recebeu passe de Bruno Tabata e ficou cara a cara, mas parou no goleiro Gabriel, que fez a defesa em dois tempo após sair no "abafa".

De dentro do campo, ele viu Breno Lopes fazer o quarto do Palmeiras, aos 31. Cerca de 10 minutos depois, Endrick foi lançado em velocidade, mas goleiro do Coritiba afastou.

Nos acréscimos, foi 'fominha' ao receber a bola no meio em velocidade, avançou, passou pelos marcadores do Coritiba e, ao invés de tocar para um companheiro livre e bem posicionado, tentou tocar na saída de Gabriel, que fez a defesa e mandou para escanteio. Logo depois, houve o apito final.

De acordo com o Footstats, foram 25 minutos em campo, duas finalizações ao gol, três passes certos, um drible e duas perdas de posse.

Lágrimas ao lembrar o avô

Na entrevista após o jogo, a joia de 16 anos falou sobre a oportunidade e chorou ao lembrar do avô paterno, que faleceu recentemente.

"Agradecer a Deus. O Abel é um excelente treinador. Ele estava fazendo certo. Estava me adaptando ao grupo e foi muito bom estrear com a torcida. Ele falou que ia ter o momento certo, e eu acredito nele. Foram semanas muito difíceis, eu perdi meu avô antes da final contra o Corinthians [sub-20], foi muito ruim para mim", iniciou.

"Joguei com aquilo na cabeça. Estava com a cabeça no meu avô, que queria me ver no profissional. Queria fazer essa estreia pelo meu avô, que eu possa fazer a felicidade dele", prosseguiu Endrick, que se mostrou bastante emocionado.

Nas redes sociais, o jogador publicou uma foto com a legenda: 'Vô, essa estreia e pro senhor'.

Endrick ainda foi à arquibancada, procurou, procurou e encontrou o pai entre os demais torcedores palmeirenses para o presentear com a camisa de seu primeiro jogo como profissional, como mostra registro publicado pelo próprio Palmeiras nas redes sociais.

Posteriormente, em entrevista coletiva, João Martins explicou que não havia nada programado para que a estreia acontecesse ontem, mas que as circunstâncias do jogo favoreceram a opção.

"No dia do jogo, ou na véspera, fazemos os planos de jogo. Temos centroavantes com várias características, hoje sentimos que o jogo estava propício às características do Endrick. Não foi porque o jogo já estava resolvido, porque em outros jogos o plano de jogo, caso estivesse precisando, era o Endrick que entrava, mas a história do jogo não definiu isso. E hoje a história do jogo definiu. O jogo estava a 3 a 0, como estava o jogo, comportamento do adversário, comportamento da nossa equipe, que era o momento do Endrick entrar. Não porque tinha de entrar", afirmou.