'Bilionário de arquibancada', dono da Cimed não quer seguir Leila e Nobre
João Adibe aparenta menos que os 50 anos comemorados em fevereiro, em um palácio no Porto, em Portugal. O presidente da farmacêutica Cimed, parceira da CBF, do Palmeiras e do Cruzeiro, começou neste ano a se tornar um empresário de grande influência no futebol nacional.
Algo que tende a crescer quando o grupo assinar com mais dois times, de acordo com seus planos, e aumentar os R$ 20 milhões que ele já coloca na categoria anualmente. "Quanto mais eu vender, maior vai ser o investimento", disse ele em entrevista ao UOL Esporte.
Mas diferentemente de outros bilionários, como os palmeirenses Paulo Nobre e Leila Pereira, os quatro "R" mecenas do Atlético-MG, Celso Barros da Unimed e do Fluminense, entre outros, Adibe afirma não querer uma cadeira no conselho ou na diretoria dos clubes que patrocina. Ao mesmo tempo, ele afirma, porém, que não quer ser apenas mais um patrocinador.
Adibe acredita que pode contribuir mais com o futebol pelo lado de fora. Assim como fez com a empresa que herdou do pai, que levou ao top 3 do setor com um marketing e desenvolvimento de produtos agressivos.
João não é novato no esporte. Além de ter patrocinado a Confederação Brasileira de Vôlei e de proprietário do Cimed Florianópolis, da mesma modalidade, ele foi dono de escuderia e piloto na Stock Car.
Uma vida social intensa
Em contraponto ao seu posicionamento à margem dos centros decisórios nos clubes de futebol que patrocina e vai patrocinar, na vida extracampo, João não gosta de se esconder. Seu perfil no Instagram tem 1,7 milhão de seguidores. Que somados aos 205 mil da sua esposa Cinthya Marques dão ao casal quase 2 milhões de espectadores cativos.
Era de se esperar que alguém que passou por um sequestro no ano 2000 e ficou 12 dias em um cativeiro fosse adotar um perfil mais discreto. Mas não. João Adibe é um influenciador com um feed sortido e ativo. Com fotos que vão de páginas da Bíblia aos valiosos carros e aviões de sua coleção.
De lições empresariais a fotos em trajes de banho em praias paradisíacas, acompanhado da esposa. De conquistas profissionais, como fotos de prêmios e capas de revistas, a fotos de família, tanto novas quanto antigas. Enfim, ali está a vida de João. E, desse modo, ali também está o Palmeiras, seu clube de coração.
Um torcedor de arquibancada
"Eu me lembro muito de quando eu ia no futebol, quando eu era criança, com meu pai, fanático, no Parque Antártica, levado pela minha mãe, pelo meu avô", diz. "Meu primeiro jogo, não lembro contra quem foi, mas foi meu bisavô quem me levou", conta.
Quando a Cimed foi anunciada como parceira do Palmeiras, circulou pelas redes uma cena de João dançando nas arquibancadas do estádio Centenário, de Montevidéu, depois de o Palmeiras conquistar sua terceira Libertadores, em novembro do ano passado.
"Eu sou torcedor de arquibancada. Eu gosto da arquibancada, daquele grito de torcida, de estar na torcida. Eu gosto daquela coisa quente", diz.
Como alguém que acompanha o Palmeiras há tempos, e esteve em duas das finais de Mundial disputadas pelo clube -1999, em Yokohama, e 2022, em Abu Dhabi - ele não vacila quando tem que escolher seu momento mais marcante como palmeirense.
"Ah, foi essa última final [de Libertadores] agora, né? Foi uma sensação diferente, porque naquele momento, o Palmeiras não era o favorito e a torcida era menor. E de repente, você ganhar ali no campo e ganhar na arquibancada?", relembra-se.
"Eu achei que ele ia perder", revelou Adibe, quando indagado sobre o que sentiu quando Deyverson desarmou Andreas Pereira e correu com a bola na direção do gol do Flamengo.
O caminho do futebol é pelo marketing
Embora não tenha concluído a educação formal e apenas cursado um técnico em contabilidade, João é um entusiasta do marketing. E acredita que é por meio dele que o futebol brasileiro vai aumentar a necessária movimentação de receitas para conquistar as gerações vindouras.
Assim como fez com a sua empresa, ele crê que tem como ajudar nesse processo. E essa ajuda pode vir, por exemplo, no desenvolvimento de propriedades de marketing.
No Palmeiras e Cruzeiro, além do nome nas camisas do time feminino e algumas outras modalidades, a marca da sua empresa vai patrocinar as faixas de capitão do time masculino. Uma ideia simples que não havia sido feita nos clubes daqui até hoje.
"Quem diria que uma faixa de Capitão ia ser uma um ativo? Quem diria que um carrinho de maca ia ser um ativo? Quem diria que uma sacolinha ia ser um ativo? Fica todo mundo lá, focado na camisa, e de repente você vê a camisa do time e você não sabe nem o que você está vendo, porque tem um monte de marca", disse ele.
"Acho que a gente tá mostrando para o Brasil e para o mundo que há ainda aspectos do futebol brasileiro que não foram explorados. Eu acho que esse é o [meu] grande propósito", completou.
Outra bandeira defendida por João Adibe é a da exploração dos meios digitais pelos clubes e jogadores como forma de ampliar o valor das marcas e conseguir cooptar as gerações mais jovens, que hoje se interessam menos pelo futebol do que por outras categorias de entretenimento. E isso é algo que Adibe conhece na pele.
São cinco, os herdeiros de João Adibe. Mas nem todos gostam de futebol. "Você pega os meus primeiros filhos, e eles já não viraram torcedores, porque o futebol estava muito violento, muita briga de torcida [nos anos 1990]", diz ele, um palmeirense educado nas arquibancadas do velho estádio Palestra Itália.
"Por que não usar os jogadores como estimuladores, principalmente porque os fãs adoram ver eles como exemplos, entendeu? Acho que aí está o grande potencial. Não só a imagem do cara, mas o que que ele come, o que que ele bebe e o que que ele faz", ensina.
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