Como Corinthians derrubou proibição para ter torcida no jogo deste sábado
A torcida do Corinthians quase foi vetada de acompanhar o jogo no estádio da Serrinha, amanhã (15), contra o Goiás, pela 32ª rodada do Brasileirão. O Ministério Público local recomendou torcida única nesta partida, o que proibiria os corintianos de comparecer, mas o clube conseguiu ontem (13) uma liminar favorável no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).
A disputa começou na semana passada, quando o MPGO (Ministério Público do Estado de Goiás) argumentou que as torcidas de Goiás e Corinthians "possuem histórico de grande rivalidade" e recomendou a proibição dos visitantes para "evitar atos de violência". A Secretaria de Segurança Pública local reforçou o pedido, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) acatou a recomendação, e na última terça-feira (11) o clube goiano abriu a venda de ingressos apenas para seus torcedores.
O Corinthians então acionou o STJD para tentar contar com sua torcida no estádio goiano, ainda que a decisão saísse de última hora. E foi o que aconteceu ontem, por volta das 21h (de Brasília), menos de 48 horas antes de a bola rolar em Goiânia, às 19h de amanhã.
A liminar fez o Corinthians celebrar que "a Fiel está liberada" na partida. Intimado pelo STJD a "liberar a carga de ingressos reivindicada pelo clube visitante", hoje o Goiás informou que os ingressos dos visitantes estarão à venda amanhã mesmo, na bilheteria do estádio do jogo.
"Entramos no STJD porque entendemos não ser justo. O Corinthians jogou aqui [em São Paulo] com a torcida do Goiás presente", argumentou o presidente alvinegro, Duílio Monteiro Alves, horas antes do parecer favorável. "Nesta semana, o Palmeiras jogou contra o Atlético-GO [segunda-feira, dia 10] na mesma Goiânia e permitiram a torcida do Palmeiras, então não tem nenhum sentido proibir a torcida do Corinthians. Os torcedores que vivem na região esperam o ano inteiro para poder ver o time."
Em campo, o Corinthians vai tentar aproveitar a má fase do Goiás, que não vence há seis rodadas. O Alvinegro é o terceiro colocado e pode dar um passo importante para garantir vaga na próxima Libertadores, mas não esconde que a prioridade da semana é a final da Copa do Brasil contra o Flamengo, quarta-feira (19), e por isso deve usar time praticamente reserva em Goiânia.
A decisão do STJD
A liminar expedida pelo presidente do STJD, Otávio Noronha, responsabiliza o Goiás pela garantia da segurança aos torcedores, por ser o mandante da partida. A decisão evita o que chama de "desiquilíbrio à competição", afinal a partida do primeiro turno teve as duas torcidas.
"O que não se pode permitir é que se ultime, a esta altura, dano irreparável ao equilíbrio do torneio e ao desempenho do clube visitante [Corinthians], pelo fato de o clube mandante [Goiás] não ter adotado providências necessárias, para, se fosse o caso, transferir a partida para um estádio que lhe parecesse mais adequados", entende Noronha na decisão.
Por que o MP queria torcida única
O Ministério Público goiano baseou sua recomendação principalmente na briga que aconteceu em 19 de junho, no meio da Marginal Tietê (zona oeste de São Paulo), quando integrantes de torcidas organizadas dos dois clubes entraram em confronto no dia do jogo do primeiro turno deste Brasileirão (veja no vídeo abaixo).
Um dos braços do MPGO, o Grupo de Atuação Especial em Grandes Eventos do Futebol (GFUT), argumenta que a briga "aumentou a animosidade entre os torcedores" e que uma investigação policial nas redes sociais identificou ameaças de revide aos corintianos. O GFUT ainda diz que, em 27 de julho, em um jogo entre Atlético-GO e Corinthians, em Goiânia, os ônibus dos torcedores paulistas sofreram emboscadas na ida e na volta do estádio.
Além do histórico, o MPGO também argumentava que os arredores da Serrinha dificultam uma segurança eficaz que mantenha as torcidas de Goiás e Corinthians separadas. A explicação é que a região do estádio não permitiria um acesso exclusivo aos visitantes.
Uma recomendação do Ministério Público não tem a força de uma determinação judicial, sendo apenas uma orientação para que outros órgãos cumpram determinados dispositivos legais -neste caso, o Estatuto do Torcedor. No entanto, ainda que não tenha obrigação de acatar a sugestão do MP, todas as partes envolvidas podem ser acionada judicialmente mais facilmente caso haja, de fato, algum episódio de violência entre as torcidas na partida.
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