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Homem manda vídeos se masturbando a ao menos 4 jornalistas de Globo e TNT

Do UOL, em São Paulo

19/10/2022 19h26Atualizada em 31/10/2022 16h18

Ao menos quatro jornalistas mulheres têm recebido fotos e vídeos que mostram um homem se masturbando sobre a imagem delas em transmissões de TV. Bárbara Coelho e Lívia Torres, da Globo, Narayanna Borges, da Globonews, e Aline Nastari, da TNT Sports, afirmam acreditar que o mesmo homem cria diversos perfis falsos para assediá-las no Twitter e no Instagram.

A reportagem teve acesso aos vídeos e às fotos publicadas nas plataformas. Nelas, o órgão sexual aparece ereto sobre a imagem das mulheres. As duas redes bloquearam os perfis e apagaram as postagens depois de seguidas denúncias das vítimas, mas o assédio se repete por meio de outras contas.

O caso veio à tona hoje, quando Bárbara, apresentadora do Esporte Espetacular, denunciou mensagens que vem recebendo do assediador. Em uma delas, o usuário afirma que não será preso porque "até quem molesta mulheres nas ruas ou estupram não vão presos. Imagina eu por causa de um vídeo dentro da minha própria casa."

Em contato com o UOL Esporte, a repórter esportiva Aline Nastari, que está trabalhando na final da Copa do Brasil, também confirmou ter sido vítima do homem. "O cara tirou uns prints de foto minha malhando com roupa de academia no Instagram, deu zoom e postou com frases absurdas. No Instagram, eu recebo [essas fotos] com muita frequência, direto. A minha foto e a foto do cara se masturbando. Eu bloqueio e recebo em outro perfil. No Twitter foi o mesmo cara."

Aline - Divulgação - Divulgação
Aline Nastari, repórter do TNT Sports, também foi marcada em conteúdo explícito nas redes sociais
Imagem: Divulgação

As profissionais afirmam que vão se unir para denunciar o assediador à polícia. Depois da repercussão do caso, a Globo diz que investiga as denúncias de suas profissionais.

Em uma das postagens, o homem assistia a uma reportagem na qual Lívia Torres relatava a falta de abastecimento de água em um bairro do Rio de Janeiro. Com uma legenda dizendo que "aqui não falta água", o homem se filmou se masturbando no banheiro.

Bárbara Coelho se disse indignada com o assédio e foi à polícia fazer uma denúncia formal. As outras repórteres dizem que farão o mesmo. "Só tem uma maneira da gente virar esse jogo: denunciando. Não foi a primeira vez que passei por isso, e sei que não vai ser a última. Apenas decidi não me calar mais", escreveu ela.

Prática pode ser enquadrada como crime

Enviar e publicar conteúdo pornográfico sem a permissão da pessoa retratada pode ser enquadrado como crime de importunação sexual, de acordo com a lei 13.718, de 2018. Segundo ela, a ação é definida como a prática de um ato sexual ou libidinoso sem permissão da vítima, "com o objetivo de satisfazer sua lascívia ou a de terceiro". A pena prevista é de 1 a 5 anos de prisão.

Procurado pela reportagem, o Twitter afirma que apagou o conteúdo publicado contra Bárbara Coelho assim que soube do ocorrido. E que uma possível identificação do autor das postagens só poderia acontecer caso a Justiça assim determine. "Em relação à identificação de usuários, casos dessa natureza são matéria do Judiciário e o Twitter coopera com as autoridades competentes, seguindo os devidos processos legais."

O Instagram também desativou o perfil do autor."Trabalhamos para que o Instagram seja um espaço seguro e positivo para todos, por isso não toleramos assédio na plataforma. A conta denunciada foi desativada".

Veja nota do Twitter sobre as denúncias

O Twitter já havia tomado medidas por violação às regras em alguns dos Tweets e contas mencionados pela reportagem, mesmo antes de ser procurado para tal. A empresa segue aberta a receber links de conteúdos e contas ainda não acionados, para análise interna, conforme solicitou à reportagem.

A plataforma tem regras para determinar os conteúdos permitidos no serviço, como a política contra comportamento abusivo, que proíbe Tweets que contenham avanços sexuais indesejados e conteúdo que objetifique sexualmente um indivíduo sem o seu consentimento. Também não é permitida a criação de novas contas para "driblar" suspensões permanentes, conforme prevê a política de evasão de banimento. Violações às regras estão sujeitas às medidas cabíveis.

Temos sido cada vez mais proativos em detectar potenciais violações às nossas políticas, mas também contamos com a denúncia das pessoas. Denúncias de potenciais violações podem ser feitas no aplicativo do Twitter ou por meio do formulário dedicado, seguindo as instruções da Central de Ajuda.

Em relação à identificação de usuários, casos dessa natureza são matéria do Judiciário e o Twitter coopera com as autoridades competentes, seguindo os devidos processos legais.